sexta-feira, 31 de julho de 2015

A Grande Certeza





        Provavelmente você já tenha escutado, falado ou lido a seguinte afirmativa: “A única certeza que temos nessa vida é a morte.”
        Sim, ela, a morte, para alguns com letra maiúscula, onisciente, onipresente, aquela imagem de um vulto magro, esquelético e sombrio, com dedos compridos que alcançam qualquer um, empunhando a impiedosa foice.
       A morte inevitavelmente representa o fim. Mas poderia ela ser um recomeço, não no sentido espiritual e religioso, mas no aspecto existencial daqueles que dizem adeus aos entes queridos, aos amigos ou conhecidos? Pensem nas situações que vivemos ao participar de um velório. Ontem aconteceu comigo. Você vê, conversa, abraça e interage com pessoas conhecidas, algumas muito próximas, com as quais há muito tempo não tinha contato. Não por desinteresse ou indiferença, mas pelas circunstâncias dessas vidas loucas que vivemos. Aí pensa: puxa vida, precisa alguém morrer para esse abraço, essa reaproximação acontecer? Parece que temos vocação de esperar pelas situações extremas (ou muito marcantes), felizes ou tristes, para esses reencontros. Mortes e nascimentos, casamentos, divórcios, acidentes, formaturas...
      Dessa forma, a morte pode servir para reaproximar, mas também para refletir.
      Ela pode ser o fim de uma vida, mas o recomeço de outras histórias.
   Ela sempre traz dor, principalmente quando inesperada, precoce, quando interrompe destinos promissores. Ma não somente: mesmo anunciada, após longos períodos de enfermidade e sofrimento... Mesmo quando constitui um alívio para quem vai, quem está preparado para a Grande Certeza?
      Na verdade, se todo o dia, ao acordar, você pensasse: “Posso morrer hoje...” Talvez se preocupasse com o que realmente importa – ou quem realmente importa - na sua vida. Porque a morte virá, é a única certeza, dela ninguém escapa. No entanto, a vida, bem vivida ou não, depende de cada um de nós.


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