tag:blogger.com,1999:blog-87639086049563275862024-03-21T14:18:15.074-07:00Pensar escrevendoAle Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.comBlogger113125tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-20406022910208055752023-07-19T09:55:00.004-07:002023-07-19T17:19:36.116-07:00Metas e fruição: refletindo sobre o papel da leitura em nós<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvSzuaPQxTQsuxGxQACDNxgLWh0FhHUdpljqVaXI8mdHXvsZa3JOk44KA0hilEcGsEotAhC7pCDOYMCXNQzJ0Pv6OPHDOUzcbxTSMXQnO490o9OBfHI3muW6TrBiR6CSGNNqwjVEIqDJyPZjJEcljiWgCfw4feOum1DaAdKburwreW1QZNWwM9b0WTvTs/s960/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20sem%20t%C3%ADtulo%20(9).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="960" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvSzuaPQxTQsuxGxQACDNxgLWh0FhHUdpljqVaXI8mdHXvsZa3JOk44KA0hilEcGsEotAhC7pCDOYMCXNQzJ0Pv6OPHDOUzcbxTSMXQnO490o9OBfHI3muW6TrBiR6CSGNNqwjVEIqDJyPZjJEcljiWgCfw4feOum1DaAdKburwreW1QZNWwM9b0WTvTs/w640-h360/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20sem%20t%C3%ADtulo%20(9).jpg" width="640"></a></div><br><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Estou lendo "Poesia Reunida", de Sylvia Plath, recém lançado no Brasil, de forma parcimoniosa, lentamente, para que dure mais. Leio, releio, paro, deixo as horas e os dias passarem, retomo. O significado de um título finalmente ganha corpo. As metáforas se aprofundam em minha compreensão. Pesquiso palavras novas, busco conexões</span>. Não quero que o livro acabe.</p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">A leitura, em minha experiência, sempre se deu dentro de uma dimensão afetiva. Tenho uma relação de amor com a palavra, por isso me parecem totalmente descabidas as metas de leitura. Há aplicativos para isso, você estabelece um determinado número de livros para ler mensal ou anualmente, e terá grande satisfação em compartilhar nas redes sociais o sucesso ao cumprir ou superar tais metas. Dentro do contexto educativo, temos plataformas que contabilizam quantos livros e o total de horas que os estudantes acumulam, além de premiações para os que alcançam os maiores números. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Não posso deixar de considerar que o estabelecimento de metas e de premiações baseadas na quantidade de livros que se lê, e não na qualidade ou no envolvimento com a leitura, desconsidera totalmente dois aspectos primordiais na criação do hábito de ler.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">O primeiro deles é a fruição, é ter prazer com o ato em si. O que se torna praticamente impossível quando estamos focados em terminar logo um livro para "engrossar o score". O mesmo ocorre quando não gostamos do assunto tratado em determinada obra. Ou do estilo do autor, ou ainda, do gênero textual. Leitura imposta, quase sempre, mais repele do que conquista. É só recordar daquela listagem de obras de literatura nacional, da leitura obrigatória durante o Ensino Médio, invariavelmente seguida de um fatídico registro ou resumo. Muitos não-leitores se formaram aí. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">O segundo aspecto primordial para gostar de ler é a subjetividade. Ninguém lê o mesmo livro de maneira igual; cada um constrói significados para o texto, de acordo com a sua experiência. É por isso que a escolha é importante: não há diálogo com aquilo que você detesta, ou com assuntos completamente desinteressantes. Se você gosta de praticar exercícios físicos, é mais provável que aprecie um livro que fale sobre os benefícios do esporte para a saúde, e que não tenha curiosidade por outro que trate de astronomia, por exemplo. Algumas pessoas amam ler poesia, outras preferem quadrinhos. A leitura só vai ser um prazer quando fizer sentido para o leitor, e quando ele perceber que consegue dialogar, internamente, com as palavras no papel ou tela. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Quando a leitura nos dá prazer, lemos o mesmo livro muitas e muitas vezes, porque aí temos a união da fruição com a subjetividade: a sensação é tão gostosa, que queremos repeti-la. E, neste movimento, a história aparece diferente a cada releitura, detalhes dos personagens, antes não percebidos, afloram. Novas compreensões se estabelecem.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">No contexto escolar, quando se privilegiam metas de leitura baseadas em quantidade de livros lidos, a subjetividade e a fruição ficam em segundo plano. É ainda pior quando se adicionam premiações para os "mais leitores", visto que a competitividade inserida desvirtua todo o processo, em detrimento do prazer de ler.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Além disso, estimular ou adotar metas de leitura baseadas em quantidade é um enorme desrespeito com autores, ilustradores e outros profissionais envolvidos na criação literária. Acredito que nenhum escritor gosta de trabalhar por anos e depois ver a sua obra se reduzir a um pontinho em rankings de leitura. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Enfim, livro é pra ser lido, compreendido, relido, degustado, aproveitado; ele precisa dialogar com a nossa existência e nos tocar em nossa essência. A leitura de verdade depende do vínculo, da dimensão afetiva; não pode ser solapada pelos rankings e metas. Só assim a leitura chega, se acomoda e permanece. Desnecessário contar quantos livros você leu durante o ano, mas sim quantos livros foram capazes de ler você.</span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcYOdkwnS3RT1iWz-zpkRW65dUqv1HDARISni1NcTytUIINfnFpummoZmJRZEvAExam6UeFzJPVYEvdRvXQzcj9lJrG1SapI-6Zt3i1bpEIIF-rtpr2jVl0SYu77I0z0aAZDWnr6OEihPZff1RsIIxgnfzE1x_cslLSvB5ncsleEsljtyyxSJMZ7g0wQw/s960/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20sem%20t%C3%ADtulo%20(10).jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="960" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcYOdkwnS3RT1iWz-zpkRW65dUqv1HDARISni1NcTytUIINfnFpummoZmJRZEvAExam6UeFzJPVYEvdRvXQzcj9lJrG1SapI-6Zt3i1bpEIIF-rtpr2jVl0SYu77I0z0aAZDWnr6OEihPZff1RsIIxgnfzE1x_cslLSvB5ncsleEsljtyyxSJMZ7g0wQw/w640-h360/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20sem%20t%C3%ADtulo%20(10).jpg" width="640"></a></div><br><span style="font-size: medium;"><br></span><p></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-36675262463527286752023-05-16T04:17:00.002-07:002023-05-16T04:20:21.325-07:00As deusas hindus e a escola pública<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A escola precisa de gente. O processo educativo ocorre além da sala de aula. Uma biblioteca precisa de um profissional para cuidar do acervo, organizar visitas e administrar empréstimos de livros. Uma sala de recursos digitais necessita de pessoas com o mínimo de conhecimento sobre os equipamentos e a internet, alguém que conecte cabos e verifique se há mouses e fones de ouvidos suficientes. Um recreio necessita de monitores que acompanhem as crianças, evitem brigas, estimulem a recreação e a convivência. Quando um estudante não aprende o que é previsto para aquele ano letivo e para sua idade, ele precisa de pessoas que o acolham e trabalhem essas dificuldades. Professor de reforço pedagógico, profissionais da saúde para avaliar e, se for o caso, diagnosticar transtornos de aprendizagem ou deficiências. </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img alt="" data-original-height="1000" data-original-width="1000" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgHQMvxYrlIrMwgzjx-SI9Z3ajqcIVuz61lGJhd7MQHzpB8mf35J7laQj-2RROjUe9uTkbLlKYL-UYtcM3R8ncHT1cRX6Gsbrl_t0pnUFGzo55HRAbuQQLBnxImw0zyjSg7Zgt4izcA9lAp3gwv-YIWNBcdw4qnkMlk84gIRAe60etEPsmbiGmaV964=w400-h400" width="400" /></div></div><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgHQMvxYrlIrMwgzjx-SI9Z3ajqcIVuz61lGJhd7MQHzpB8mf35J7laQj-2RROjUe9uTkbLlKYL-UYtcM3R8ncHT1cRX6Gsbrl_t0pnUFGzo55HRAbuQQLBnxImw0zyjSg7Zgt4izcA9lAp3gwv-YIWNBcdw4qnkMlk84gIRAe60etEPsmbiGmaV964" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: verdana;"></span></a></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;">Além de uma estrutura adequada, a escola precisa de recursos humanos para funcionar bem. E há tanta gente precisando trabalhar! Gente formada. Gente capacitada. Então, por que estas pessoas não estão assumindo postos de trabalho no lugar que tanto precisa delas? Porque, apesar do discurso recorrente, especialmente em época de campanha eleitoral, de que a educação é a solução, há governos que acreditam que o espaço educativo se resume à sala de aula. Assim, o professor basta. E uma exígua equipe gestora. Todos se desdobrarão para cumprir tarefas que ultrapassam suas atribuições. Irão se transmutar em deusas hindus com múltiplos braços, mas de carne e osso, com limitações e salários insuficientes. Aí fica mais fácil compreender por que esses mesmos governos gostam tanto de promover o trabalho voluntário nas escolas. A participação de empresas privadas, tão bem-intencionadas, das ONGs especialistas em dizer o que está errado. E em propor soluções que passam, de novo, pelo esforço descomunal dos professores e gestores, com seus muitos braços invisíveis - mas com tarefas reais e bem pesadas.</div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">E assim seguimos: conectando cabos, escolhendo livros na biblioteca nos segundos do intervalo, apartando brigas nos recreios, remediando dificuldades de aprendizagem que se avolumam, nos angustiando com deficiências e transtornos não diagnosticados, nos embaralhando com os múltiplos braços inexistentes de deusas que não somos.</span></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-52873519035266562342023-02-17T08:46:00.001-08:002023-02-17T08:46:57.948-08:00Aulas para "criancinhas"<p><span style="font-size: 12pt; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">Aqueles alheios ao que se passa entre as paredes de uma sala de aula são propensos a acreditar que lecionar para crianças pequenas é algo simples, tarefa que qualquer adulto alfabetizado é capaz de fazer. Tal pensamento é recorrente quando se fala das turmas de anos iniciais, onde o foco é a aprendizagem da leitura e da escrita: “para estas crianças é mole dar aula”, basta explicar o alfabeto e mostrar como "juntar sílabas". </span></p><span id="docs-internal-guid-fc6de346-7fff-9c70-61ea-df4a815d5418"><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O que não sabem os que olham de fora da escola é que as criancinhas são cheias de dúvidas e questionamentos. Em apenas uma tarde, o professor lida com perguntas inesperadas para as quais, invariavelmente, não tem uma resposta satisfatória. Por que a lua está aparecendo no céu, se ainda é dia? Se é a cegonha que traz os bebês, por que meu irmão está dentro da barriga da minha mãe?</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPJzvaNYoYmmP1HNIiXpT82b91WiQdk2UL5mtyZRjKV27O-ovWMEVBxjTCXmywj-cE1FZNXbkRJQn26N-DS3hRKEo0JN8ZEfXVJXMfRhYKvMyP8eAZ2foGjQGoUz6TXTSWpBT8OyYD8Ew6-pJVlJxSUBYM9RrzzOxwLDmxKFLS633SHCQTmr6Xrtmd/s1024/crian%C3%A7as-na-escola-1024x683.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPJzvaNYoYmmP1HNIiXpT82b91WiQdk2UL5mtyZRjKV27O-ovWMEVBxjTCXmywj-cE1FZNXbkRJQn26N-DS3hRKEo0JN8ZEfXVJXMfRhYKvMyP8eAZ2foGjQGoUz6TXTSWpBT8OyYD8Ew6-pJVlJxSUBYM9RrzzOxwLDmxKFLS633SHCQTmr6Xrtmd/w400-h266/crian%C3%A7as-na-escola-1024x683.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Às vezes, uma pergunta desencadeia diálogos assim: estava eu falando, para estudantes de sete anos de idade, sobre o dia dos povos indígenas, com todo o cuidado para não cometer erros nem repetir estereótipos. Então conto, de forma simplista e superficial- porque adulto pensa, erroneamente, que “criancinha” não consegue assimilar questões complexas- sobre como os portugueses chegaram ao Brasil e encontraram uma terra com dono. Wiliam pergunta :</span><p></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">-</span><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Mas nós falamos português, não é? </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">-</span><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Sim, é a nossa língua- confirmo.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">-</span><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Então é por causa deles que falamos português.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">-</span><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Sim, foi o país que colonizou o Brasil</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">-</span><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Então, nós somos portugueses, professora?</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Explico de alguma forma rápida a questão da miscigenação entre brancos, indígenas e africanos, sem convencer. Wiliam questiona:</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">-Mas então </span><span style="font-size: 12pt; font-style: italic; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">nós</span><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"> (eu evito de explicar que, se ele fosse investigar seu DNA, provavelmente encontraria raízes indígenas em sua ancestralidade, mas apenas escuto) ficamos no lugar dos indígenas? O Brasil era deles, professora?</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Faço um gesto afirmativo com a cabeça e rezo para que a criancinha não pergunte mais nada. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Além dos questionamentos inteligentes e pertinentes, outra situação que desafia o professor de anos iniciais é o “aluno que não aprende”. Acontece sempre. Com Daniel foi assim: enquanto toda a classe se divertia na hora da leitura, lendo histórias de dragões, bruxas, fadas e animais da floresta, o menino, que não se alfabetizava de forma alguma, recorria à imaginação para transformar a borracha em carrinho e passear sobre a capa do livro que escolheu. O mistério das palavras, indecifrável para ele, já não o desafiava. Por um instante, ele quer saber o título da obra sobre a mesa. Eu leio a capa, abro a primeira página e prossigo. O enredo é muito bom, com bastante humor. Os demais colegas abandonam seus livros e passam a escutar a história que se desenrola. A turma ri, gargalha e se diverte. O carrinho de borracha fica estacionado ao lado do caderno de Daniel. Ao final, briga generalizada para ler com seus próprios olhos aquela história tão divertida. Inesperadamente, o menino que não lê pede para levar para casa o livro. Guarda-o na mochila, satisfeito. O sinal bate e encerra o dia letivo. Vou andando até o carro estacionado em frente à escola com a alma estufada, aquela sensação conhecida de que sim, aquela tarde foi importante. Aulas para criancinhas, eles pensam. Eles não sabem de nada.</span></p><div><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div></span>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-80913772042255857852022-11-01T17:11:00.001-07:002022-11-01T17:11:22.765-07:00Resgate<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYKvvP0so8w3LKHP7Z8u78lgEPm2DZ0DEQciy0SFrbLUqUTMKAjYtXIKwdJH2MNwxOwblntYU6R7JQW7xXbvYJkyPrimDlflreI2cl_oyl9Y90Ay03IR96mcoB2Ee2zKRXZtGYz39tTyzH_z0H_yIlPyIJIsMPQUIlwjs33q_ZoslEcpFlhGolnaaM/s736/7c3e43afdc8d812d30413649ae1559e6-450136034.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="552" data-original-width="736" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYKvvP0so8w3LKHP7Z8u78lgEPm2DZ0DEQciy0SFrbLUqUTMKAjYtXIKwdJH2MNwxOwblntYU6R7JQW7xXbvYJkyPrimDlflreI2cl_oyl9Y90Ay03IR96mcoB2Ee2zKRXZtGYz39tTyzH_z0H_yIlPyIJIsMPQUIlwjs33q_ZoslEcpFlhGolnaaM/w640-h480/7c3e43afdc8d812d30413649ae1559e6-450136034.jpeg" width="640" /></a></div><br /><p></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-64cce7d4-7fff-0683-b25b-4022884692f7" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sequestraram o símbolo auri-verde</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E usaram para cobrir</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aqueles que mentem e distorcem.</span></span></span></p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Furtaram o símbolo maior</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Maculando-o com ódio e mentira</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Amarrotando a democracia.</span></span></span></p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Surrupiaram o verde e amarelo</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Estendendo-o entre pneus e fumaça</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sob o pretexto de defender a liberdade.</span></span></span></p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Roubaram a flâmula</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que agora estremece, </span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Revelando a ignorância e idiotia</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">De quem não reconhece a derrota. </span></span></span></p><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">As cores que são nossas resistirão,</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Assim como sobrevivemos</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ao caos e à escuridão.</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">No horizonte, elas surgirão,</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Realçadas pela verdade.</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E então vestiremos essas cores, </span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Orgulhosos e felizes,</span></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><span style="background-color: transparent; color: black; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Integrando novamente uma nação.</span></span></span></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-5358116187003161212022-10-02T18:19:00.004-07:002022-10-02T18:22:02.320-07:00Eu deveria estar do outro lado<div class="separator"><p style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img alt="Radicalismo político no Brasil supera média global | VEJA" class="detail__media__img-highres js-detail-img js-detail-img-high" height="267" src="https://external-content.duckduckgo.com/iu/?u=https%3A%2F%2Fveja.abril.com.br%2Fwp-content%2Fuploads%2F2019%2F04%2Fmanifestacoes-direita-esquerda.jpg%3Fquality%3D70%26strip%3Dinfo%26w%3D680%26h%3D453%26crop%3D1&f=1&nofb=1&ipt=217f32a0a2929afa432de6c0fbe7dd19e95a42a39ee9f0156cb7d29f3ee8001e&ipo=images" style="display: block; height: 262px; width: 393.289px;" width="400" /> <br /></p></div><p style="text-align: justify;"> O título deste texto deveria terminar com interrogação?</p><p style="text-align: justify;">Porque a frase é uma dúvida que tenho, ao final da apuração de votos da eleição.</p><p style="text-align: justify;">Explico.</p><p style="text-align: justify;">Nunca recebi nenhum auxílio do governo. Gasto meu salário com coisas dispensáveis: roupas, calçados, produtos cosméticos. Não dependo da minha renda para comer. Para fazer rancho. O preço da gasolina não faz muita diferença na minha vida: o marido enche o tanque do meu carro, e também paga o IPVA. Não dependo do SUS, caso fique doente. O plano de saúde cobre quase tudo, e, se não cobrisse, certamente teria dinheiro para pagar por uma cirurgia de emergência ou procedimento eletivo. Não pago aluguel. Programas de moradia popular são indiferentes para mim. Meus filhos estudam em escola particular, nunca me preocupei com vagas em escola pública, nem com falta de professores ou merenda. Sou branca. Jamais me senti intimidada em locais como restaurantes ou shoppings. Sou uma mulher branca privilegiada, que não depende do salário de professora para pagar as contas. Por que eu deveria defender as pautas de esquerda e votar no Lula?</p><p style="text-align: justify;">Porque tenho consciência da minha realidade. Sei que sou privilegiada. Mas, como professora de escola pública há mais de vinte anos, outra realidade se revela no cotidiano. Sei a importância que tem uma merenda de qualidade no meio da tarde. Conheço a diferença que faz, na criança desamparada e pobre, o turno integral. Vejo meu aluno pobre e negro tendo oportunidade de cursar o ensino superior somente através do programa de cotas, ao contrário do meu filho de dezoito anos, branco de olhos azuis, que cresceu dentro da escola privada, que prepara para o vestibular e tem condições de se inscrever em qualquer universidade do Brasil. Sei da mãe do meu outro aluno, vítima de violência doméstica, que só terá amparo de um governo que combate o feminicídio e o machismo. E tem a avó do outro estudante, que criou seis netos e só poderá viver com alguma tranquilidade se conseguir se aposentar. </p><p style="text-align: justify;">Eu sei disso tudo, porque não penso apenas em mim. Bolsonaro ou Lula, pouco importa quem vencerá a eleição, para mim e para minha família. Não passaremos fome. Continuaremos a abastecer o carro, a viajar e a comer picanha. Mas meu aluno não. Nem sua família. E saber que muitos deles não têm esta clareza de pensamento me dói. Saber que se deixam convencer pelas mensagens do zap, que são manipulados e enganados. É por eles que continuarei lutando e chorando e sofrendo. Até que a esperança vença. Até que os ventos mudem e soprem que é possível reconstruir um país. </p><p style="text-align: justify;">Eu preciso acreditar. Nós precisamos. </p><p style="text-align: justify;">Por favor, digam que estou do lado certo!<br /></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-21991590774885649252022-07-11T03:36:00.004-07:002022-07-11T05:41:13.548-07:00As ruas não são para mulheres<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Eu estava indignada com o caso da menina de 11 anos, de Santa Catarina, induzida pela juíza responsável a não realizar um aborto totalmente legal. A magistrada, com uma conduta questionável, tentou impedir a interrupção de uma gravidez decorrente de estupro. A história tomou conta das manchetes e das redes sociais durante o mês de junho. Ao mesmo tempo, se desenrolou uma discussão, em grupo de whatsapp, sobre um projeto de lei municipal que equipara os nomes das ruas da cidade entre homenageados homens e mulheres. Confesso que, na ocasião, o assunto me irritou. Por que cargas d'água estavam falando sobre isso, quando temos em nosso município tantos casos de mulheres em situação de violência doméstica, sem oportunidades de emprego e estudo? Será que o debate sobre nomeação de ruas era realmente necessário? É óbvio que a representatividade importa, mas me pareceu que havia outros problemas mais urgentes. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhomEqMvppAzEIEnff1ZrWXxMInDBWFvVpvqeq_HqOy9jhym3PoBL3pBP2S7L_yCNhYz78KdJnJbyXKE2WVGtH_3URaj46UgXYejcvQfhc_suOutm3u_PXqJ-RSFb05bsxYWr7WiID0XxXDzYrxz5L8XglVKVC8HL3QU2nAgQ5JM-99BVYjfFnkKyPi" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" data-original-height="315" data-original-width="600" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhomEqMvppAzEIEnff1ZrWXxMInDBWFvVpvqeq_HqOy9jhym3PoBL3pBP2S7L_yCNhYz78KdJnJbyXKE2WVGtH_3URaj46UgXYejcvQfhc_suOutm3u_PXqJ-RSFb05bsxYWr7WiID0XxXDzYrxz5L8XglVKVC8HL3QU2nAgQ5JM-99BVYjfFnkKyPi=w400-h210" width="400" /></a><span style="font-family: verdana;"></span></div><span id="docs-internal-guid-d54bad8f-7fff-38e6-4b46-c33f8d35898f"><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">No entanto, fiquei pensando a respeito. E cheguei à uma conclusão. A questão do direito ao aborto legal está intimamente ligada ao debate sobre nominação de ruas, de forma equiparada, entre personalidades masculinas e femininas. Em diferentes níveis. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">Explico. Um pensamento atrasado e rudimentar, quando se fala em direitos das mulheres, predomina em parcela considerável da sociedade brasileira- e especialmente em comunidades pequenas, como a lagoense. Esposas e namoradas são mortas pelos companheiros (ou ex), que as consideram uma propriedade. Lemos as estatísticas de feminicídio e seguimos a vida, como se tais números fossem naturais ou inevitáveis. Negamos o direito feminino ao próprio corpo e saúde, dificultando a interrupção da gravidez, evocando o direito de nascer do feto. Justificamos estupro e abuso, analisando as vestes e comportamento das vítimas. Aliás, a maior autoridade política do país afirma que só não estuprou uma colega porque ela era muito feia. A mesma figura considera sua única filha uma fraquejada.Estamos, pois, neste nível. E, ao propor uma lei em que mulheres e homens tenham paridade na nomeação de ruas, vamos para o nível mais elevado. Passamos para a etapa na qual as mulheres não são apenas valorizadas, reconhecidas e respeitadas. É o nível no qual são exaltadas e eternizadas, nível este em que apenas as sociedades realmente livres e igualitárias estão incluídas. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjVOfh-IvzdTut4mVB7R8HJZa_WAZhWoUvt95EMvW2A8Yo2gMGjmMrzhZfhEc-rruV9ERqu0VFdJNCuqtDNYaAAJS0BCXDKXBB_xFU00zMN7iAzF98ghyTZ9oVXi_4bQpkTTaZVgOy5e-pUWCqFEOxDPc_orOaDopLdB0zi62xIrC5qaWh5Pm7f1vfl" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="152" data-original-width="324" height="188" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjVOfh-IvzdTut4mVB7R8HJZa_WAZhWoUvt95EMvW2A8Yo2gMGjmMrzhZfhEc-rruV9ERqu0VFdJNCuqtDNYaAAJS0BCXDKXBB_xFU00zMN7iAzF98ghyTZ9oVXi_4bQpkTTaZVgOy5e-pUWCqFEOxDPc_orOaDopLdB0zi62xIrC5qaWh5Pm7f1vfl=w400-h188" width="400" /></a></span></div><span style="font-family: verdana; font-size: 11pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11pt;">Hora, não me surpreende que seja revogada, pela Câmara de Vereadores de Lagoa Vermelha, uma lei que prevê paridade de nomeação de ruas. A referida câmara é majoritariamente masculina, com representantes que, em sua maioria, estão lá no nível rudimentar de pensamento, naquele nível no qual se acredita que nem mesmo os direitos mais básicos das mulheres devam ser reconhecidos e assegurados. Nenhuma surpresa. Somos o país de Marielle Franco. Lugar onde uma vereadora é assassinada e em seguida tem sua memória desrespeitada por homens que sobem ao palanque e rasgam sua placa. Uma placa que nomeava uma rua. Violência física, violência simbólica. Aqui, nessa pequena cidade, e em muitas outras espalhadas pelo país, as ruas não são para mulheres.</span></div></span></span><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-8601283132410427662022-06-19T05:18:00.000-07:002022-06-19T05:18:07.847-07:00Por que as mães choram?<p style="text-align: justify;"> <span style="font-family: arial;">Mãe, por que você está chorando?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Foi essa a pergunta que fiz quando a minha mãe, no dia em que Tancredo Neves morreu, chorava ao colocar a mesa para o almoço. Ela apenas disse: estou triste.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjAUmi4DZAUorDOd--CxEenLbX1aO-bXcKb3S5ieQCBqQ5a3C2_YWvSktRmuYE3hOLe0Q1r91dtK178v3BN1EuzddspF1O6940GniQQ0DRgT6K4JKrTQFqNAwRxdPP1nHPzalM9TTXt0Lq6gn33gKXNCapXi_7FXm1QU2DehsnQeBG6LkXpg3ECKWwy" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" data-original-height="342" data-original-width="657" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjAUmi4DZAUorDOd--CxEenLbX1aO-bXcKb3S5ieQCBqQ5a3C2_YWvSktRmuYE3hOLe0Q1r91dtK178v3BN1EuzddspF1O6940GniQQ0DRgT6K4JKrTQFqNAwRxdPP1nHPzalM9TTXt0Lq6gn33gKXNCapXi_7FXm1QU2DehsnQeBG6LkXpg3ECKWwy=w400-h209" width="400" /></a></span></div><span style="font-family: arial;">Foi o mesmo que respondi ao meu filho mais novo, semana passada, ao lavar louça e ouvir a voz de Bruno Pereira, indigenista brutalmente assassinado, entoando o cântico do povo Kanamari</span><span style="background-color: white; font-family: arial;">. Por que está triste, mãe?- insistiu o guri. </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white;"><span style="font-family: arial;">Como explicar para o seu filho que este é o sentimento constante nos últimos quatro anos, que começa assim que você abre os olhos pela manhã e lembra: Brasil, né. Moro no Brasil. E então recordo quando essa tristeza passou a pesar, cortando os dias com a faca da realidade, no exato dia em que Jair Bolsonaro passou para o segundo turno das eleições, como candidato mais votado. Até ali, embalada pela esperança do Ele Não, da mobilização das mulheres nas ruas do país (maioria eleitoral), eu acreditava que era possível acordar do pesadelo. Mas não. Naquela tarde, após o resultado das urnas, meio que anestesiada pelo impacto, pelo fato de que grande parte do povo ansiava por um líder despreparado e cruel, escolhi para assistir um filme na Netflix, extremamente doído, que contava sobre um caso real: o estupro de mulheres africanas como arma de guerra (desculpem, não lembro do título e não consegui encontrar). Lá pelo meio da história, as lágrimas vieram, se avolumaram e converteram-se num choro incontrolável. Eu queria acreditar que a tristeza era pelo filme, mas no meu íntimo sabia que o desespero era pelo que viria. Porque era claro o que estava por vir, e todo mundo minimamente consciente sabe do que estou falando. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white;"><span style="font-family: arial;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjxzAB05h4w412fWTPYpZmRPL13MKH6OAXxjnnHG3_va84K5liROneS8FMpA71L7zuXiw2NjdEZsjclc5RLTKUN5bIVMWzeyIGlrICE1gh2Sg_0eDdtW9Dw3WfwTrJHQYo7yXyYQ6impvQouHTBOVmP3p09raYu1ab5FQ6WcEE8rvNPLV0ZjynGI6A6" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" data-original-height="229" data-original-width="172" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjxzAB05h4w412fWTPYpZmRPL13MKH6OAXxjnnHG3_va84K5liROneS8FMpA71L7zuXiw2NjdEZsjclc5RLTKUN5bIVMWzeyIGlrICE1gh2Sg_0eDdtW9Dw3WfwTrJHQYo7yXyYQ6impvQouHTBOVmP3p09raYu1ab5FQ6WcEE8rvNPLV0ZjynGI6A6=w480-h640" width="480" /></a></span></div><span style="background-color: white; font-family: arial;">No entanto, jamais imaginaria que estaria chorando, quatro anos depois, por um homem de quem nunca ouvira falar (que vergonha!), que cantava, despojado de qualquer conforto, acomodado no chão da selva, um homem que era rodeado por indígenas enquanto pesquisava algo em seu notebook, seu ombro servindo de apoio para uma pequena indígena, numa demonstração de intimidade e confiança. Chorava e choro porque esse mesmo homem está morto. Morto porque pelos seus ideais totalmente contrários ao que defende o inominável da república. Morto porque acreditava que os indígenas merecem respeito e cuidado, assim como a floresta, que é a casa desses povos. Os corpos mortos e esquartejados de Dom e Bruno são a materialização cruel do ideário que tomou conta do Brasil, na onda que se diz conservadora mas não passa de fascismo embalado pelo lema "Deus Pátria Família". Quase quarenta anos depois de fazer a pergunta para minha mãe, compreendo que ela chorava porque a esperança de um país melhor morria naquela manhã. Assim como minha esperança morreu no primeiro turno de 2018, tentou ressuscitar muitas vezes nos anos que se seguiram, e quase conseguiu. Mas aí matam a voz que ecoava no coração da floresta, sepultam os sonhos, destroem as sementes de um país melhor. E as mães choram, em suas cozinhas e pias e quartos, e os filhos perguntam: por quê?</span><p></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-23264608741992863032022-06-05T10:17:00.001-07:002022-06-05T10:24:48.320-07:00A cultura coach chega à escola pública<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">O universo coach domina as redes sociais e faz parte da vida de muitas pessoas. Tem coach que ensina a ser magro, saudável, feliz, realizado profissionalmente... Que promete transformar a vida afetiva e sexual, renovar a autoestima e transformar a vida dos seguidores. Era evidente que, mais cedo ou mais tarde, a cultura coach, com seu discurso afinado com empreendedorismo, força de vontade e engajamento, chegaria à escola pública. O que surpreende é que tenha acontecido por vias institucionais- através de um projeto abraçado pela Secretaria de Educação do RS.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Na quarta edição do evento "Crie o impossível", cerca de 300 escolas gaúchas e mais de 10 mil alunos conheceram trajetórias inspiradoras, como por exemplo, a história da cientista Jaqueline Goés, responsável por liderar o sequenciamento do DNA do vírus da Covid 19, no Brasil. No entanto, tal exemplo, mais voltado para uma formação "tradicional" e acadêmica, ficou diluído num universo bastante diverso (diria, controverso) de "sucessos" profissionais. Influenciadores digitais, tiktokers e empreendedores foram presença maciça no evento. Bianca Rosa, mais conhecida como Boca Rosa, ex-BBB, foi exaltada como exemplo de empreendedorismo e abordou a importância do marketing para angariar seguidores. Aliás, quase que no mesmo dia circulou pelo Twitter uma imagem com uma "receita" da influencer para fazer sucesso. Um roteiro básico de como vender sua imagem no Instagram:</span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKAktCcl2mA1IotNQSc1gJW6MnnfQeqqeIpxf_tMDuLFipxsGDiLpNO7UOoOxqv1FsMvNwjN6jac_KLHcCzWrtki6GkS09oQxeDmKDlBeLV1QV15Ss0AR--ZNd93qo_tpJDFGmvBjh5VUArfHGQHLnrWdQYaRbzJ7HBAT_7H5jBAuCO14R8r7lSxSb/s1205/coach.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: arial;"><img border="0" data-original-height="1205" data-original-width="720" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKAktCcl2mA1IotNQSc1gJW6MnnfQeqqeIpxf_tMDuLFipxsGDiLpNO7UOoOxqv1FsMvNwjN6jac_KLHcCzWrtki6GkS09oQxeDmKDlBeLV1QV15Ss0AR--ZNd93qo_tpJDFGmvBjh5VUArfHGQHLnrWdQYaRbzJ7HBAT_7H5jBAuCO14R8r7lSxSb/w382-h640/coach.jpg" width="382" /></span></a></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-family: arial;"><div style="text-align: justify;">É curioso que a Seduc promova tal evento. Remete ao conceito da sociedade do espetáculo, criado por Guy Debord, definido como o conjunto de relações sociais mediadas pelas imagens. E é isso que os Influenciadores digitais, empreendedores e coachs fazem. Eles pululam nas redes sociais, vendendo cursos, prometendo sucesso instantâneo e a resolução de problemas financeiros, emocionais e amorosos com fórmulas prontas- e, no mínimo, duvidosas. Talvez o maior mérito de tais profissionais esteja, justamente, em saber vender sua imagem, criar uma ilusão desejada e consumida pelo público. São mestres da aparência. No próprio portal da Seduc é possível ler: "o<span style="background-color: white;">portunizar aos jovens o acesso a uma educação empreendedora, protagonista e empoderada." Frase tão vaga e vazia quanto os ensinamentos da cultura coach.</span></div></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white;">Enfim, depois das aprendizagens e oportunidades proporcionadas por eventos nesse formato, talvez possamos nos deparar com currículos que ensinem:</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white;">-Como aumentar suas chances de ser selecionado para o próximo BBB.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white;">-As melhores dancinhas do TikTok para ganhar seguidores.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white;">-Como ser um cientista sem laboratório.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white;">- Manual para selfies engajadas e empoderadas.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white;">-Conquiste seu primeiro milhão vendendo bolo de pote.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white;">-Física quântica e inteligência emocional: um guia.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white;"> Baita revolução na educação.</span></span></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-87511626145804936102022-05-18T16:00:00.006-07:002022-05-18T16:14:21.249-07:00Aprendemos alguma coisa?<p style="text-align: justify;"> São mais de dois anos de convivência com um vírus até então novo entre humanos. Era mais que esperado que a humanidade tivesse aprendido um pouco sobre biologia e saúde em geral. Informação não faltou (e uma avalanche de informações falsas; infelizmente, suspeito que perdemos uma oportunidade para nos vacinarmos contra o vírus da mentira ). A promessa de que sairíamos melhores da pandemia não se concretizou e grande parte das pessoas prefere retomar seu lugar na caverna da ignorância.</p><p style="text-align: justify;">Explico. Há uma semana são relatados os casos crescentes de Covid em escolas de Porto Alegre. Algumas tiveram aulas suspensas. As reportagens explicam que os ambientes passaram por uma "desinfecção". Desinfecção. Um vírus que se transmite pelo ar. Depois de todos os estudos, reportagens, entrevistas com especialistas e cientistas, após todo o conhecimento produzido e compartilhado, ainda se adota como estratégia, para evitar o contágio, besuntar tudo com álcool em gel. Talvez borrifem no ar, inspirados pelo político que, ano passado, queria pulverizar a substância sobre as cidades, usando um avião.</p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjSggpmBYcKDSHEq1pWnBpnZHSb5WuHN_Tbwkh5NTJVHFBFo2F8pBYino22jITkRjk-DoNxApRfibUxKfcrD_6NanKRSUCjsF5RmT39GtSA7TZ_snHaQ0DvP_iTpCsqE_sn4LPMPKf6RBkp1B1byf-c5DJH44u9cCyvUOaNiKF9Wj4zdJj2Cv0qHZLM" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" data-original-height="533" data-original-width="800" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjSggpmBYcKDSHEq1pWnBpnZHSb5WuHN_Tbwkh5NTJVHFBFo2F8pBYino22jITkRjk-DoNxApRfibUxKfcrD_6NanKRSUCjsF5RmT39GtSA7TZ_snHaQ0DvP_iTpCsqE_sn4LPMPKf6RBkp1B1byf-c5DJH44u9cCyvUOaNiKF9Wj4zdJj2Cv0qHZLM=w400-h266" width="400" /></a></div><p style="text-align: justify;">Você entra numa sala de aula e todas as janelas e a porta estão fechadas. O ar condicionado ligado. Nenhum aluno utiliza máscara. Muitos espirram e tossem, espalhando partículas no ar abafado e sem circulação. Covid, gripe, resfriado e pneumonia devem estar amando esse "novo normal". Nem mesmo etiqueta respiratória foi assimilada. E não é exclusividade das escolas: no mercado, levei um jato de espirro da operadora do caixa, enquanto ela embalava as compras. </p><p style="text-align: justify;">Aí você lê as notícias do município e descobre que certo deputado destinou verba para promover as PICS - Práticas Integrativas e Complementares em Saúde no SUS. O dinheiro do contribuinte vai ser usado para pagar terapias totalmente pseudocientíficas ( ah, minha Santa Natalia Pasternak, me ajuda!). Leia-se: práticas que não têm comprovação científica alguma, como por exemplo, constelação familiar, aromaterapia, ozonioterapia e reiki. Que podem, inclusive, prejudicar ainda mais a saúde das pessoas, estimulando falsas expectativas e fazendo com que os tratamentos sérios e apropriados sejam abandonados. É óbvio que existe um lobby enorme por trás das tais PICS (follow the money!). Mas o SUS do atual governo distribuiu remédios sem eficácia e desestimulou o uso das vacinas, então, é compreensível, em parte, que tais terapias sejam propagadas. No entanto, causa estranheza que, muitos daqueles que atacam as vacinas, apelando para histórias lunáticas que envolvem conspirações internacionais, ETs e todo tipo de bobagem, não titubeiem em oferecer as nádegas para aplicação de ozônio... Criticidade seletiva? Baseada exatamente no quê? </p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgDC_GgjD2XTVxjW0zzDWkIcPqPDtf0lU95vUHlYUWFXoFzFQGxldl5V4hodNw5SvoSPfmY6UPqXYbv-qIO-wlNcGXW1TVyBMfJSaKgqdqSVYY3jEU9k3NEJuvjbNGgFs8VNNFslp61w7A5ejKUz-kwdC_PV8HurxuVvVJOMmShsoOxrIpiBPo6U4lS" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1024" data-original-width="881" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgDC_GgjD2XTVxjW0zzDWkIcPqPDtf0lU95vUHlYUWFXoFzFQGxldl5V4hodNw5SvoSPfmY6UPqXYbv-qIO-wlNcGXW1TVyBMfJSaKgqdqSVYY3jEU9k3NEJuvjbNGgFs8VNNFslp61w7A5ejKUz-kwdC_PV8HurxuVvVJOMmShsoOxrIpiBPo6U4lS=w343-h400" width="343" /></a></div><p style="text-align: justify;">Enfim, deveríamos ter aprendido o básico.</p><p style="text-align: justify;">Máscaras protegem do contágio por infecções respiratórias.</p><p style="text-align: justify;">Máscaras frouxas, mal ajustadas ao rosto, de material inapropriado, não protegem o suficiente. </p><p style="text-align: justify;">COVID se transmite pelo ar, não pela contaminação de superfícies.</p><p style="text-align: justify;">Medir temperatura corporal no pulso é inútil.</p><p style="text-align: justify;">Vacinas funcionam e são seguras.</p><p style="text-align: justify;">Vacinas são medidas de prevenção coletiva de doenças. A imunidade só vem se a maioria da população se vacinar.</p><p style="text-align: justify;">Pseudociência não deve ser estimulada pelo poder público e nem paga com o dinheiro do contribuinte.</p><p>Por fim, a ignorância mata. Matou muita gente nesses dois anos. E continua. </p><p>Quer fugir da ignorância? Aí vai uma lista de links para se informar:</p><p>https://revistaquestaodeciencia.com.br/artigo/2021/07/22/imprensa-ainda-promove-negacionismo-chique</p><p>https://revistaquestaodeciencia.com.br/artigo/2019/12/20/constelacao-familiar-machismo-e-pseudociencia-custas-do-sus</p><p>https://revistaquestaodeciencia.com.br/artigo/2019/03/11/que-mal-que-tem-amputacao-por-ozonioterapia</p><p>https://revistaquestaodeciencia.com.br/apocalipse-now/2022/05/01/antroposofia-e-o-racismo-esoterico</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=kpt_Mp1V7Co&t=65s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=Rjlg_Am3jNg&t=593s</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=wulqli2R7vA&t=978s</p><p><br /></p><p><br /></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-24971772341970933512021-11-16T05:12:00.001-08:002021-11-16T05:18:44.283-08:00Cadeiras vazias<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxQBnwMgRIa1NCKQdh5i74zzQwN0ozrZHNpbRSfAVbLT2qv40HeNspTyY5OgSB0lpgKKv7us_Xd_SJfUpOmD9zKBFQnmkdAVAKj5D2K7XPvXALxiARwFGRIqUNERDojzyb008QkQz2xa0/s2048/IMG_20211111_090251.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxQBnwMgRIa1NCKQdh5i74zzQwN0ozrZHNpbRSfAVbLT2qv40HeNspTyY5OgSB0lpgKKv7us_Xd_SJfUpOmD9zKBFQnmkdAVAKj5D2K7XPvXALxiARwFGRIqUNERDojzyb008QkQz2xa0/w300-h400/IMG_20211111_090251.jpg" width="300" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhOwfhsTBRqp2BWtM0ccli1lVagCKTfA3pSpfUtfRv1_kFcB2QmSTznsLPUn_smQOKws_DrQT3-h2KpPQhhSivFp0Fl8c2ozD5QpMxbEUr5AplhcGOPmfErIu7qKVgXyX_CTa5tU0nnl4/s2048/IMG_20211111_090236.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhOwfhsTBRqp2BWtM0ccli1lVagCKTfA3pSpfUtfRv1_kFcB2QmSTznsLPUn_smQOKws_DrQT3-h2KpPQhhSivFp0Fl8c2ozD5QpMxbEUr5AplhcGOPmfErIu7qKVgXyX_CTa5tU0nnl4/w300-h400/IMG_20211111_090236.jpg" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Depois de vinte meses, finalmente as cadeiras ficaram vazias. Por mais de seiscentos dias, meus dois filhos ocupavam esses lugares, divididos entre aulas online, jogos e vídeos do YouTube. Aliás, obrigada Steam, obrigada Discord. Centenas de dias de interações através de telas, enquanto eu passava de um lado para outro do apartamento, fazendo faxina, cozinhando, preparando minhas próprias aulas e, claro, acompanhando o desenrolar da pandemia pelas notícias e canais de divulgadores científicos. Enquanto isso, e principalmente lá por maio desse ano, a maioria dos colegas e amigos dos meus filhos voltavam ao propalado "novo normal": escola de forma presencial, futebol, passeios pelo centro da cidade, até mesmo algumas festinhas. Eles nunca pediram para sair; ao contrário, diziam que apenas voltariam para o "mundo exterior" quando vacinados com duas doses. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Semana passada, quando essas cadeiras ficaram vazias, também senti um vazio enorme: foi uma convivência muito próxima, por bastante tempo. E, subitamente, eles não estavam mais ali. Mas não foi o sentimento de solidão que mais me tocou, e sim a constatação de que eles perderam muito e que não precisava ter sido assim. Até me culpei, matutando se deveria tê-los deixado vivendo como se nada acontecesse, como se a pandemia fosse algo distante e que jamais nos atingiria de maneira mais séria- como grande parte das famílias fez, desde o início. Porém, acredito que o ponto é outro: e se todos, mas todos mesmo, tivessem levado a sério o isolamento e distanciamento social lá no início de 2020, por apenas catorze dias, que é o ciclo infeccioso da doença? Com certeza, essas cadeiras teriam ficado vagas muito tempo antes. Quantas interações e experiências meus filhos deixaram de ter porque simplesmente parece que não temos quase nenhum senso de coletividade?</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">As notícias sobre o novo epicentro pandêmico, a Europa, nos mostram que a falta deste senso não é exclusividade do Brasil. Na Áustria, a vacinação estagnou em 60% da população e os índices de contaminação explodiram. O governo determinou, então, um lockdown para os não-vacinados. Eis que, no outro dia, formaram-se filas de pessoas em busca da vacinação. O fator que levou essas pessoas a finalmente buscarem a imunização não foi o fato de que a pandemia voltou a todo vapor por lá, lotando novamente os hospitais e interferindo na vida coletiva, mas sim uma medida que as afetou em sua individualidade. Não poderiam trabalhar, passear ou ir a lugar algum sem tomar a vacina. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Os epidemiologistas cansaram de explicar que, numa pandemia, é preciso que existam medidas de abrangência coletiva. Isso se aplica às vacinas: só acontece uma imunização suficientemente efetiva se a grande maioria da população está vacinada. Da mesma forma, o uso de máscaras é mais eficiente se todos as utilizarem, de forma adequada, cobrindo a boca e o nariz completamente. São muitos os "ses" que aparecem quando você pensa que poderia ter sido diferente: se as pessoas não tivessem aderido ao discurso do "saúde X economia"; se a pressão por uma política de seguridade social e econômica durante o período do isolamento fosse maior sobre os governantes, no lugar dos protestos pela reabertura dos comércios; se existisse um esforço coletivo para erradicar as notícias falsas e as mentiras que circulam pelas redes sociais, levando muitos à exposição ao perigo ou a negação da vacina; se os responsáveis pelas crianças e adolescentes entendessem que, enquanto permitem que seus filhos saiam e interajam normalmente como se não houvesse amanhã, há muitos que abrem mão de satisfações e prazeres momentâneos, permanecendo em casa, porque entendem que isso é o certo a se fazer quando se vive em sociedade; se realmente existisse uma sociedade comprometida com a verdade, a saúde e o bem-estar de todos...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Talvez, na próxima pandemia. </div><br /><p></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-62658142742557238272021-07-04T17:08:00.090-07:002021-07-04T17:21:41.465-07:00Carta para meus descendentes<p> </p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-ed869cab-7fff-63ba-22aa-96375d005893" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: center;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Lagoa Vermelha, 04 de julho de 2021.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Queridos e queridas,</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Este é um domingo que encerrou uma semana atribulada e marcante.Muitas</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">pessoas foram às ruas, ontem, apesar da pandemia, para protestar contra um</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">governo que demonstrou toda a sua incapacidade na gestão da crise. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">As palavras genocida, vacina, propina e ciência estavam nos cartazes, em faixas, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">escritas nas ruas, nas camisetas… E, pela primeira vez, um grupo de </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">manifestantes ocupou a avenida principal da nossa cidade para demonstrar</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> indignação com a situação. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPtmGCSYbqdDz7yK-b-znK42FeHSecXb6y7OmifxEPXaAcjf3mHbu8FYRT6bGwVtoFcjy_ER4j22ofEYWB3o1-Pk8qXAm3FbeN38Q6CfIPZwkQ9hWKrwoHXgfld_K6Fg9R8Yg_jRHwc2A/s960/207836627_2916481925334908_1749742220512097935_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="960" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPtmGCSYbqdDz7yK-b-znK42FeHSecXb6y7OmifxEPXaAcjf3mHbu8FYRT6bGwVtoFcjy_ER4j22ofEYWB3o1-Pk8qXAm3FbeN38Q6CfIPZwkQ9hWKrwoHXgfld_K6Fg9R8Yg_jRHwc2A/w400-h300/207836627_2916481925334908_1749742220512097935_n.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Ao longo de uma semana, conversamos num grupo de whatsapp, criado </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">especialmente para organizar a ação. Pessoas que não se conheciam pessoalmente,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> outras já velhas companheiras de outras lutas, unidas em torno de um mesmo </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">objetivo. Havia mais, muitas mais, que não puderam participar: elas temiam</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">perder o emprego, não queriam decepcionar os amigos, ou clientes, ou até mesmo</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">evitavam conflitos familiares. Falamos sobre a bandeira, sequestrada e adotada</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> pela extrema-direita como seu símbolo maior; alguns participantes queriam</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> utilizá-la, como uma forma de resgate do símbolo que devia ser de todos, e não </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">de uma parcela tresloucada da população que agia como que hipnotizada (eu </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">diria até lobotomizada. Por favor, ao terminarem de ler essa carta, pesquisem</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> todos os termos que não lhes são conhecidos. Será um grande exercício de </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">compreensão desta época que vivi). </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Houve tentativas de impedir nossa manifestação: ameaças veladas e recusas</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> por escrito. Alguns desistiram de participar, enquanto outros incentivavam os</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> mais temerosos a não retrocederem. Os experientes, forjados em outras lutas, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">habituados aos ataques, resistências e afrontas, nos diziam: não podemos ter </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">medo, porque o medo nos enfraquece. O medo nos paralisa.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">E então, apesar de todos os entraves e dificuldades, na tarde de sábado, a cidade </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">teve o primeiro protesto contra um governo que deliberadamente agiu para que </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">pessoas morressem. Eu ouvi um senhor contando como sua vida foi afetada pela</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> construção de uma barragem, e como foi possível reverter a situação através da</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> união e resistência dos moradores atingidos. Enquanto ele falava, empunhando </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">a bandeira de suas causas, humildemente dando seu testemunho, circulavam </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">caminhonetes importadas pela via, cujos ocupantes lançavam olhares e </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">expressões de riso e desprezo. Enquanto uma moça muito corajosa, líder de </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">grupos feministas, falava sobre como a fome aumentara gritantemente desde o </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">ano anterior, as máquinas potentes aceleravam seus motores na pista, tentando </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">abafar suas palavras. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Depois dos discursos, seguimos a pé pela avenida, enquanto os trabalhadores</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> do comércio corriam até as portas para conferir os gritos e cantos que </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">extravasavam um pouco da indignação, da dor e da revolta…Não recebemos </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">aplausos esfuziantes, pois muitos dos chefes estavam ali, atrás do balcão, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">e muitos deles ainda eram admiradores do governo da morte; o máximo que</span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-5977a169-7fff-b043-0a91-f5a4336be7dd" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> recebemos foram sinais de positivo com o dedo, feitos discretamente. Uma loja, </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-5977a169-7fff-b043-0a91-f5a4336be7dd" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">ao perceber nossa aproximação, fechou rapidamente as portas (sim, </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-5977a169-7fff-b043-0a91-f5a4336be7dd" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">provavelmente imaginaram que estaríamos dispostos a saquear ou quebrar </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-5977a169-7fff-b043-0a91-f5a4336be7dd" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">seu patrimônio). </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-5977a169-7fff-b043-0a91-f5a4336be7dd" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Ao final, alguém disse: “esse foi o melhor dia que vivi nos últimos tempos”. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Queríamos nos abraçar, demonstrar a alegria do feito, mas não podíamos: havia</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> a ameaça constante e sorrateira do vírus entre nós. Nos despedimos, aos poucos,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> baixando as bandeiras, enrolando os cartazes, absorvidos ainda na tentativa de</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> compreensão daquele sentimento novo, um sentimento de “sim, nós fizemos isso”.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> Seguiram-se comentários nas redes sociais, desfazendo da ação, dizendo que</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> éramos poucos, que éramos vagabundos, que devíamos ter vergonha… ataques</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> ainda seguem, agora, no domingo à noite. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">O porta-malas do meu carro está cheio de alimentos para doação, alimentos que </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">arrecadamos na tarde de ontem. Uma pessoa muito engajada na comunidade vai </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">distribuir para os mais necessitados. E fiquei sabendo, cedo, que há bairros na </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">cidade onde as crianças ainda andam descalças e reviram os sacos de lixo para </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">encontrar algo que sacie sua fome. E percebo que o porta-malas não é suficiente. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Que os pais dessas crianças provavelmente estão sem emprego e moram em</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">lugares onde é impossível se aquecer numa noite fria como a de hoje. E que </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">eles não sabem tudo o que acontece em Brasília, não acessam o jornal matinal</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> como eu, acompanhando as notícias sobre os cortes na educação e na saúde, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">enquanto desfruto de um belo café. Talvez esses pais e mães sejam analfabetos, </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">ou não consigam terminar de ler uma frase e compreender seu significado. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Penso que amanhã vou para a escola e terei em minha sala de aula crianças </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">que estão no quarto ano e, privadas de um ensino adequado durante a pandemia,</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> sofrem com enormes lacunas de aprendizagem, que vão se estender ainda por </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">muito tempo. Todos esses pensamentos me fazem engolir em seco, porque há </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">mais de vinte anos participei do Censo do IBGE e conheci uma realidade que</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> me impactou: uma ilha de classe média, representada pela parte da cidade que</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> habita a região central, cercada por um mar de pobreza distribuída pelos bairros. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Da mesma forma, faz vinte anos que trabalho nas escolas e continuamos</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> enfrentando os mesmos problemas, agravados pela pandemia. Aliás, isso me </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">lembra outra história, mais antiga: quando eu era criança, devia estar no quarto </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">ano, certo governo estadual distribuiu um kit de material escolar, constituído de</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> cadernos, lápis e borracha, e eu ganhei um deles. O caderno era feito de papel </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">reciclado, mas parecia papel higiênico: rasgava assim que você começava a </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">traçar a palavra nele. O lápis quebrou a ponta na primeira forçada: jamais</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> consegui apontá-lo, pois a madeira era tão mole que quebrava dentro do </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">apontador. Restava apenas a borracha, mas não havia o que apagar. E por que </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">lembrei disso? Porque agora, em 2021, o governo do estado enviou máscaras</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> para os estudantes utilizarem...máscaras de tecido fino, com tamanho </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">inadequado, e elásticos frouxos. Máscaras vagabundas que denunciam o </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">descaso dos governantes com as pessoas. Cadernos que rasgam, lápis que </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">quebram, máscaras que não protegem.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Espero sinceramente que as coisas tenham mudado. Que, ao menos, o governo </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">do tempo de vocês escute e respeite o que os cientistas dizem. Que ele não</span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> ataque jornalistas apenas porque estão fazendo seu trabalho. Que ele não</span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> utilize a religião para iludir e enganar. Que ele seja justo, digno, que governe</span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> para todos, e não para o seu cercadinho (se não sabem o que é, pesquisem </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Bolsonaro cercadinho, vocês vão descobrir). Espero que a fome não esteja</span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> mais presente, nem a escola precária, nem o desemprego e a desilusão de</span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> viver em um país tão maltratado. Espero que a bandeira nacional e as cores</span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> verde e amarela não sejam mais associadas a hordas de fanáticos políticos que </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">repetem, sem parar, eterna e previsivelmente: “vocês preferem o Lula ladrão?”;</span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> “agora não existe mais corrupção”; “nós somos os cidadãos de bem”; </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">“a esquerda é vagabunda, tudo que é da esquerda não presta!”...Enfim, </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">espero que as pessoas do seu tempo sejam capazes de discernir entre fatos </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">e opiniões, que percebam que existe, sim, dignidade na política, e que não</span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> roubar não é virtude, mas sim uma obrigação. Alguns dizem que isso se </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">chama utopia. Ótima palavra para pesquisar, caso não saibam o significado. </span></p><p dir="ltr" id="docs-internal-guid-31fef5d3-7fff-e716-b79d-6e55d48b4c55" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato,sans-serif" style="background-color: transparent; color: black; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Eu digo que é sonho. </span></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-19085509350948166182021-05-24T12:08:00.002-07:002021-05-24T12:23:11.145-07:00Marcha, estudante!<p style="text-align: justify;"> <img class="detail__media__img-thumbnail js-detail-img js-detail-img-thumb" src="https://external-content.duckduckgo.com/iu/?u=https%3A%2F%2Ftse1.mm.bing.net%2Fth%3Fid%3DOIP.JifQthtTsuu7I7Ea1KgjtgHaE5%26pid%3DApi&f=1" style="display: none; height: 262px; width: 395.569px;" /><img class="detail__media__img-thumbnail js-detail-img js-detail-img-thumb" src="https://external-content.duckduckgo.com/iu/?u=https%3A%2F%2Ftse1.mm.bing.net%2Fth%3Fid%3DOIP.JifQthtTsuu7I7Ea1KgjtgHaE5%26pid%3DApi&f=1" style="display: none; height: 262px; width: 395.569px;" />Eis que o tal modelo de escola cívico-militar ronda o Bolsonaristão do Sul. Assim que a possibilidade de implantação de tal modelo em uma escola da cidade surgiu, o assunto domina os meios de comunicação locais. Você é contra ou é a favor? - perguntam, para uma população que, desinformada, é seduzida a crer que escola cívico-militar equivale à escola militar.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj31zX7UH2_rGH4Amz3zc8zTKQAzYWnqWElGXNdmBp-8GIbQ-wruOqkfwIKhy7kT4mD0x95D9g6QX1fqX_oODMoeXKF9NaPsLZC9ecWd0yuQ4tX6BP5Q0nZRpa_NKz6HxJCJgpJiNslfSE/s2048/external-content.duckduckgo.com.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1356" data-original-width="2048" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj31zX7UH2_rGH4Amz3zc8zTKQAzYWnqWElGXNdmBp-8GIbQ-wruOqkfwIKhy7kT4mD0x95D9g6QX1fqX_oODMoeXKF9NaPsLZC9ecWd0yuQ4tX6BP5Q0nZRpa_NKz6HxJCJgpJiNslfSE/w400-h265/external-content.duckduckgo.com.jpeg" width="400" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;">Vamos aos esclarecimentos. As escolas militares foram criadas para atender a um público muito específico- por exemplo, familiares do pessoal das Forças Armadas, do Corpo de Bombeiros e da Polícia. Para conseguir uma vaga em uma escola militar, é necessário ser aprovado numa espécie de vestibular. Temos então: um grupo de estudantes específico, que provavelmente tem uma condição econômica confortável, e que também passa por uma seleção baseada no conhecimento. Talvez essa variável explique, em grande medida, o bom desempenho das escolas militares em avaliações de aprendizagem: elas atendem a um público seleto, e com melhores condições socioeconômicas, em comparação ao grupo de alunos que compõe as escolas públicas brasileiras "normais", nas quais as notas em avaliações, em geral, são bem menores. Além disso, as escolas militares possuem um currículo diferenciado, com proposta pedagógica específica, elaborada pelos próprios militares.</p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC7zeLhez0qdK2aNpErcC8N27GYLd7fYMZTGXTfGb6CP6sfE201-jsIyu2_QYCateiSTLtRlYMg2_MToUzHN_0l5B2pIWPFff1VlM0_SHGgR2RIGW17OVwxX5JRLlhfkVs-4unYy_4SjQ/s474/milico.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="294" data-original-width="474" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC7zeLhez0qdK2aNpErcC8N27GYLd7fYMZTGXTfGb6CP6sfE201-jsIyu2_QYCateiSTLtRlYMg2_MToUzHN_0l5B2pIWPFff1VlM0_SHGgR2RIGW17OVwxX5JRLlhfkVs-4unYy_4SjQ/w400-h248/milico.jpeg" width="400" /></a></div><br /> <p></p><p style="text-align: justify;">E a escola cívico-militar, o que é? Ela é muitas coisas, dentre elas, uma forma de fazer propaganda de um ensino baseado na disciplina e na obediência. Nela, pretende-se colocar militares nos cargos de gestão e coordenação escolar, para, de certa forma, estruturar e administrar o colégio. Professores continuarão dando aulas, planejando e avaliando os alunos. O público desse modelo de escola continuará sendo o mesmo: crianças e adolescentes que, em grande parte, carregam um histórico de dificuldades de aprendizagem, distorção entre idade/ano frequentado, atraso escolar, pouco ou nenhum incentivo ao estudo, entre outros problemas. E então, da noite para o dia, esses alunos e alunas serão fardados, deverão manter cabelos bem aparados (meninos), ou amarrados (meninas), e obedecerão a uma série de normas baseadas na disciplina militar. Seu aluno não sabe ler, aos dez anos de idade? Não se preocupe, ele vai aprender a cantar o hino (e, veja bem, não há nada errado em saber cantar o hino, aliás, existe até uma legislação que prevê isso nas escolas "normais". A questão é que a exaltação aos símbolos nacionais será item de destaque em tal proposta), mesmo que não saiba escrever um verso sequer do mesmo. Os adolescentes estão em plena fase de descobertas, rebeldia e contestação? Baixa a bola, rapaziada, que com os milicos não tem espaço para qualquer manifestação mais exaltada. E é exatamente neste ponto que tal modelo de ensino tende a afastar os alunos: não é qualquer criança ou adolescente que se encaixa no perfil de estudante por ele pretendido.E, quando as pessoas não se encaixam, elas tendem a desistir- traduzindo, pode haver ainda mais abandono e evasão escolar.</p><p style="text-align: justify;">Infelizmente, a maioria dos pais e responsáveis pelos estudantes não tem clareza a respeito das diferenças entre os dois modelos. O que se faz é uma propaganda enganosa, anunciando uma escola exemplar, com um sistema de ensino eficiente, que resulta numa aprendizagem espetacular. O que se entrega é um Frankeinstein pedagógico. Os déficits educacionais e todos os outros problemas que desembocam na escola continuarão existindo- abafados pela pretensa disciplina e ordem impostas.</p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjygXorRaWfubdvuwo8tSCh8n6LlDpGLWq_9wCcITNyU1mkRTRCpS4beJmcYHrs72JybUPZeoUmu5mL-xNzQWcirNCCQ5YK_rsob5UEHy_A_wnQN3FLnuDrru3jZu6SsJc2RNeSc5-dcNc/s474/milico2.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="222" data-original-width="474" height="188" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjygXorRaWfubdvuwo8tSCh8n6LlDpGLWq_9wCcITNyU1mkRTRCpS4beJmcYHrs72JybUPZeoUmu5mL-xNzQWcirNCCQ5YK_rsob5UEHy_A_wnQN3FLnuDrru3jZu6SsJc2RNeSc5-dcNc/w400-h188/milico2.jpeg" width="400" /></a></div><br /> <p></p><p style="text-align: justify;"> Não é de surpreender que o Brasil reme na contramão. Em uma breve pesquisa, descobrimos o que as melhores escolas do mundo priorizam: estímulo à criatividade, à autonomia e ao pensamento crítico. Foco no aluno e no processo de aprendizagem. Assim como na saúde, ciência, direitos humanos, meio ambiente, nosso país segue no rumo do atraso e do equívoco. Marcha, estudante brasileiro, marcha na contramão, para encontrar um passado glorioso que nunca existiu, para fugir do que precisa ser enfrentado e modificado através de políticas públicas eficientes. Marcha, que lá vem aquela galera: da anticiência, da cloroquina e do remédio para piolho. Aí vem o pessoal da rachadinha, da máscara no queixo, da manifestação antidemocrática. O povo do trator. Os degustadores da picanha regada a Heineken, querendo moralizar o país!<br /></p><p style="text-align: left;"><br /></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-44395110384721274352021-03-05T10:47:00.004-08:002021-06-01T00:28:53.738-07:00Lei de Deus ou Lei dos Homens?<p style="text-align: justify;"> Foi no terceiro ultrassom que Jéssica descobriu que o feto aninhado em seu ventre não tinha cérebro. O médico virou para ela e disse: tenho uma notícia ruim para dar. Falou ainda que estava amparada por lei e poderia decidir abortar. Ela se calou até o final da consulta. Uma pedra parecia esmagar o seu peito ao sair do consultório. Não precisaria mais ir até a loja da esquina e comprar parte do enxoval. Roupas, sapatinhos, fraldas e brinquedos não seriam necessários. No dia seguinte, na igreja, o padre falou sobre as almas impedidas de nascer e como ficavam presas num lugar ainda pior que o inferno. Explicou que a alma se une ao corpo assim que a concepção acontece; sendo assim, uma mulher que aborta é uma assassina e uma herege. Se interromper a gravidez já era uma possibilidade remota, a simples visão de uma alma inocente queimando em algum lugar do além por sua culpa a fez desistir de vez de colocar um fim na gestação. </p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyjke_y6RkJAZF4GQCD4eDtsRxJR7zQtbk10x2UTu0dtd5EBOkjGXAfqQdCwCXtEO1fkgaaJVqspKeckP7AuWCf1lTj9ty55WdCUqEIrgofer1mtcasdV4Po1ULzeVfGh4fjoF_CQlgrg/s474/external-content.duckduckgo.com.jpeg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="316" data-original-width="474" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyjke_y6RkJAZF4GQCD4eDtsRxJR7zQtbk10x2UTu0dtd5EBOkjGXAfqQdCwCXtEO1fkgaaJVqspKeckP7AuWCf1lTj9ty55WdCUqEIrgofer1mtcasdV4Po1ULzeVfGh4fjoF_CQlgrg/w400-h266/external-content.duckduckgo.com.jpeg" width="400" /></a></div><p></p><p style="text-align: justify;">Uma onda escura se estendeu sobre os meses seguintes. Ela se obrigava a comer e desistiu de trabalhar. Passava os dias e noites restrita à cama, levantando apenas para tomar um banho quando o marido a arrastava até o banheiro. A barriga crescia, mas ela não queria acariciá-la. Em breve, seu habitante deixaria o local quente e protegido, para apenas respirar por segundos, talvez minutos, antes de voltar à escuridão. Ela gestava a morte.</p><p style="text-align: justify;">O dia do nascimento ocorreu sem alardes: nenhum enfeite na porta da maternidade, sequer um nome foi escolhido. Jéssica não quis saber se o bebê era menino ou menina. Na sala fria e asséptica, ela sequer observou a movimentação da equipe médica enquanto era anestesiada. Remexeram no seu ventre, retirando dali a criança. A ausência do choro invadia aquele lugar. A pediatra se aproximou e perguntou se queria vê-la. Movida por uma curiosidade que não desejava ter, vislumbrou o rostinho arroxeado, o nariz inchado, a total ausência de movimentos. Pediu que o vestissem com a roupa amarela e jamais tornou a ver o filho que saiu do seu ventre.</p><p style="text-align: justify;">A esperança de que seu estado de humor melhorasse após o parto traumático se esvaiu em menos de uma semana. O bebê a visitava em pesadelos, cobrava o amor que não lhe deu durante a gestação, pedia que conversasse com ele. Ela passou a evitar o sono; amanhecia sentada na cama, olhando para a parede vazia em frente. E então os pesadelos invadiram a vigília, e ela já não sabia mais o que era real e o que brotava da sua imaginação. Numa tarde em que o sol esqueceu de aparecer, ela subiu ao quinto andar do prédio, fitou o horizonte cinza, escuro e triste, como sua trajetória nos últimos meses. Abriu os braços e pulou, aceitando a escuridão que agora seria eterna.</p><p style="text-align: justify;">Na mesma cidade, Luana esvaziou a garrafa de vodka, que cada vez durava menos. A reportagem da TV destruiu o resquício de ânimo dos últimos dias. Era insuportável passar por aquilo sem que o álcool percorresse sua corrente sanguínea até anestesiar a consciência. Seu filho apareceu na tela, isolado, brincando com uma bola encardida no canto de uma quadra de futebol. A jornalista falava da quantidade de crianças à espera da adoção, e como os interessados em adotar tinham a preferência por bebês ou crianças de olhos e pele clara. Tudo o que seu filho, abandonado ao nascer, no hospital, não tinha.</p><p style="text-align: justify;">Foi numa noite chuvosa que o estuprador a atacou na esquina, antes de chegar em casa. Era sexta e os colegas da universidade foram agitar em algum bar; ela preferia assistir TV e dormir antes da meia-noite. Mas o homem a agarrou, arrastando-a para o matagal ao lado do mercadinho do seu Rubens, tapando-lhe a boca com um trapo, até que se satisfizesse. Precisou catar os cadernos e livros na escuridão, enquanto tentava impedir que as lágrimas aflorassem, e somente em casa explodiu em soluços e num choro doído. O pai apareceu, e assim que se deu conta do que acontecera, queria sair, caçar o culpado, talvez o matasse. Jamais o encontraram, mas ele permaneceria com ela para sempre. Deixou um filho. Os colegas a convenceram a interromper a gravidez, afinal, era seu direito. Mas o pai não permitiu: segundo sua crença, aquilo aconteceu por algum motivo. Era um resgate de uma vida passada, ou o espírito da criança precisava reencarnar daquele jeito. O pai leu muitos textos que explicavam as consequências, no mundo espiritual, de interromper a gravidez.</p><p style="text-align: justify;">Luana aceitou, com a condição de que colocariam o bebê para adoção, assim que ele nascesse. Não queria identificar nos traços da criança a fisionomia do estuprador, que conseguiu enxergar naquela noite de dor. Seria incapaz de amar e cuidar de alguém que a lembraria para sempre da violência sofrida. A gravidez passou devagar, e ela tentou esquecer o que aconteceu, logo após o parto. Ironias da vida fizeram com que se aproximasse de uma funcionária do abrigo para onde mandaram seu filho. E então, mesmo relutando, sentiu como se um fio invisível os ligasse: pedia fotos, vídeos e detalhes. Descobriu que a criança não atraía a atenção de possíveis adotantes. Era moreno, cabelo crespo, e também fora diagnosticado com TDAH. Passaram-se mais alguns anos. E então, naquela noite, seu filho entrou na sala, pela tela da TV. Não o queria. Por mais que sentisse uma ligação, era como ser estuprada novamente, toda vez que o enxergava. Se ela pudesse voltar atrás, teria feito outras escolhas. Ela trouxe o inferno para essa vida, e transformou a vida de uma criança inocente no inferno, lançando-a num mundo onde só conheceria a rejeição e a indiferença. Olhou para a garrafa, vazia como ela, e desejou morrer.</p><p style="text-align: justify;">As religiões foram criadas pelos homens. Bíblia, santos, escrituras, os mais diversos textos e símbolos ligados a esta ou aquela religião, surgiram pelas mentes humanas. Assim, pode-se dizer que as religiões não são a Lei de Deus, mas sim, a Lei dos Homens. Que pode ser utilizada tanto para libertar quanto para tolher. Para auxiliar e ser um instrumento de aperfeiçoamento humano, ou para gerar sofrimento e dor. Muitos foram queimados e apedrejados em nome de Deus- e continuam sendo. Mulheres sempre foram historicamente perseguidas por motivações religiosas. Quando essa lei, que se pretende divina (mas é materializada pelos homens), interfere sobre as decisões da mulher, colocando-se como pró-vida, pró-nascimento, pode acarretar situações de sofrimento e dor extremos. Neste ponto, aqueles que tão ferrenhamente defendem o direito de nascer, podem condenar as mulheres à morte- morte esta que acontece de várias formas.<br /></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-19094661816349845902021-02-10T05:53:00.002-08:002021-02-10T05:53:33.733-08:00 A humanidade será melhor depois da pandemia, eles disseram...<p> A humanidade será melhor depois da pandemia, eles disseram...<br /><br />É recorrente a ideia de que, superada a pandemia de Covid-19, nos tornaremos pessoas melhores.<br />Imagina-se que o isolamento social e as dificuldades provocadas pela doença, de alguma forma,<br />constituíram experiências coletivas e individuais que, em tese, resultarão em pessoas mais<br />empáticas, solidárias e compreensivas.<br />Bem, basta ler as notícias diárias e acessar os comentários nas redes sociais para constatar que<br />uma pandemia não será suficiente para nos tornar melhores. Trago três exemplos aqui. O<br />primeiro deles: notícia sobre a inclusão de apenados nos grupos prioritários para receber a<br />vacina. Reação: inúmeros comentários indignados, raivosos, nos quais as pessoas afirmam ser<br />inaceitável que presidiários, esses demônios em forma de gente, a escória, os lixos morais,<br />mereçam tal tratamento. No entanto, para qualquer indivíduo com um resquício que seja de<br />humanidade, imunizar a população carcerária é totalmente aceitável e desejável, pois, apesar de<br />criminosos, eles são seres humanos. Mas este argumento não é aceito por aqueles movidos pela<br />sanha raivosa e vingativa. Numa discussão sobre o assunto, para não ser tachada de defensora de<br />bandido, utilizei outra explicação: caso aconteçam surtos nas prisões, é quase impossível<br />controlá-los, de seguir protocolos e evitar a contaminação em massa. Logo, os presos precisariam<br />de atendimento nos hospitais, e poderiam disputar um leito de UTI com nossos entes queridos.<br />Sim, evocar apenas direitos humanos não é suficiente neste caso. Aqueles que não enxergam<br />nenhuma humanidade nos presidiários talvez preferissem que todos se contaminassem e<br />morressem, que as cadeias se convertessem em versões modernas das câmaras de gás nazistas. E<br />pensar com a lógica nazista não me parece uma evolução, em qualquer aspecto.<br />Outra notícia: doentes do Amazonas são transferidos para hospitais do Rio Grande do Sul.<br />Reação: como assim? Então os governadores e prefeitos não fizeram a sua parte, e vão exportar<br />doentes para cá? Entre outros comentários racistas e xenofóbicos que me recuso a reproduzir<br />aqui. Novamente, nenhum exercício de alteridade, apenas o caldo do ódio e do preconceito sendo<br />engrossado.<br />E vamos ao último exemplo: homens pintam extintores de incêndio para vender como se fossem<br />cilindros de oxigênio. Aqui não temos os comentários, apenas a criatividade brasileira utilizada<br />da pior forma possível. Para ganhar um dinheiro fácil, exploram a dor das famílias e talvez<br />provoquem ainda mais mortes.<br />Esses três exemplos são apenas amostras do pensamento que move uma parcela significativa da<br />população brasileira. A pandemia só terá fim quando o senso de coletivo imperar –e ele não é<br />nosso forte. Vejam a quantidade de festas, comemorações, aglomerações em praias e outros<br />lugares, especialmente de dezembro para cá: sob o pretexto do cansaço e da manutenção da<br />saúde mental, um festival de desprezo, de negação, de estupidez. Isolamento e distanciamento só<br />funcionam se não pensarmos apenas em nós, se não priorizarmos unicamente nossas<br /><br />necessidades e desejos. Vacinas só serão efetivas se a maioria do povo se vacinar. Talvez essa<br />postura individualista explique, em parte, o fato de o Brasil ser o pior país no enfrentamento da<br />doença. Além do desastre que ocupa a presidência da República, do mau exemplo que o<br />governante máximo do país nos dá diariamente, temos a tragédia no interior da consciência de<br />cada um. E, pelas amostras diárias nos jornais e redes sociais, essa tragédia continuará após a<br />pandemia, materializada em uma sociedade que não evoluiu moralmente.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhilFgeCFQa774HrQSZP616IX5Jwk1L8ukqMU-A3siEba3dxupucUd7LLaA2qFZk-0UesftzehPO1bh6-8Kd4WuA0uht74qlSyLa52kQp64HlMy0RBYqtrdCcVslq5g_cdAHaHQoYAY5go/s2048/P_20210210_104708_vHDR_Auto_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhilFgeCFQa774HrQSZP616IX5Jwk1L8ukqMU-A3siEba3dxupucUd7LLaA2qFZk-0UesftzehPO1bh6-8Kd4WuA0uht74qlSyLa52kQp64HlMy0RBYqtrdCcVslq5g_cdAHaHQoYAY5go/s320/P_20210210_104708_vHDR_Auto_1.jpg" /></a></div><br /> <p></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-70461884037730934912021-02-05T12:56:00.001-08:002021-02-05T12:56:14.165-08:00Existências que afrontam<p style="text-align: justify;"> Os moradores de rua sempre foram um problema para a administração pública. <span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Num passado recente, medidas como retirar os cobertores de pessoas que dormem nas calçadas ou acordá-las com jatos de água fria foram adotadas pelo governo de São Paulo. Esta semana, o chão debaixo de viadutos, que constitui a cama e o abrigo dos desassistidos, foi remodelado com pedras pontiagudas para evitar a presença dos sem-teto. Como se, retirando-os dali, o problema simplesmente desaparecesse. Está implícita a ideia, nesta ação, já manifestada por Bia Doria em entrevistas:</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">"Mas olha, falando dos projetos sociais, algo muito importante é assim:as pessoas que estão na rua...Não é correto você chegar lá na rua e dar marmita, porque a pessoa tem que se conscientizar que ela tem que sair da rua.Porque a rua hoje é um atrativo, a pessoa gosta de ficar na rua." (Declaração dada em Julho de 2020).</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Como se dormir ao relento, exposto ao frio, chuva e calor, fosse o sonho do brasileiro. Bem, há pessoas que não só alimentam quem está na rua, mas também lutam contra as pedras dispostas sob os viadutos, para afugentar os desabrigados: o padre Júlio Lancelotti. Armado sempre com a compaixão e o altruísmo característicos de verdadeiros cristãos, o padre arrancou com marretadas as pedras, demonstrando sua indignação diante de tanta crueldade. Há quem questione a atitude dele, dizendo que ele serve a uma instituição rica e elitista, que poderia muito bem abrir as portas das igrejas para abrigar os aflitos. Polêmicas à parte, é inquestionável que o religioso vivencia sua fé, colocando em prática uma conduta genuinamente cristã. </span></span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOMl3CfbsiGWhIY5XFJne_hyphenhyphenDVFCVjLG8AexEdy3pbUTP9509hh6Hu8bXM1y5fDmEBWmbg3hf4JydMqM2kh4N6QT8LOHPSWygKEypvTxV_4YTVr7NRC0IsU1lFiLtk0EdZl0qCd7yDYZo/s943/external-content.duckduckgo.com.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="630" data-original-width="943" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOMl3CfbsiGWhIY5XFJne_hyphenhyphenDVFCVjLG8AexEdy3pbUTP9509hh6Hu8bXM1y5fDmEBWmbg3hf4JydMqM2kh4N6QT8LOHPSWygKEypvTxV_4YTVr7NRC0IsU1lFiLtk0EdZl0qCd7yDYZo/w400-h268/external-content.duckduckgo.com.jpeg" width="400" /></a><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"></span></span></div><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Mas acreditar que os sem-teto moram na rua porque querem, ou porque é atrativo, não é um pensamento exclusivo de prefeitos, governadores e primeiras-damas. Costumo abordar a temática moradias com os alunos do segundo ano do Ensino Fundamental, e além dos materiais utilizados para construí-las, dos diferentes tipos de moradias em culturas diversas, falar sobre aqueles que não têm um lugar para se abrigar faz parte da minha abordagem. Gosto de utilizar o poema a seguir, de Roseana Murray:</span></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"> </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgASFbMSKzrg_Bh_jPNdDIsewatBP35dd-a4V1lNhcBFryaYkarhk5rEnsQSQ0X36dqWQMyxbxxy3w9__olqApnq4Adofeb_0CjfiNxeWWbDr0QMvg0_EqMLjC8j98TVpiw4I7-cA_FlnI/s970/external-content.duckduckgo.com.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="970" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgASFbMSKzrg_Bh_jPNdDIsewatBP35dd-a4V1lNhcBFryaYkarhk5rEnsQSQ0X36dqWQMyxbxxy3w9__olqApnq4Adofeb_0CjfiNxeWWbDr0QMvg0_EqMLjC8j98TVpiw4I7-cA_FlnI/s320/external-content.duckduckgo.com.jpeg" width="320" /></a></span></div><span style="font-size: small;"><b>Sem casa </b><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Tem gente que não tem casa, </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">mora ao léu, debaixo da ponte.</span></span></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">
</span></span></div><div style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">No céu a lua espia</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">
</span></span></div><div style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Esse monte de gente na rua,</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">
</span></span></div><div style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Como se fosse papel</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">
</span></span></div><div style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Gente tem que ter onde morar,</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">
</span></span></div><div style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Um canto, um quarto, uma cama</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">
</span></span></div><div style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Para no fim do dia guardar o corpo</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">
</span></span></div><div style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Cansado, com carinho, com cuidado,</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">
</span></span></div><div style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Porque o corpo é a casa dos pensamentos.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">
</span></span></div><div style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></span></div><p style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"><span style="background-color: white; line-height: 22.4px; text-align: center;">(MURRAY, Roseana. Casas. São Paulo: Formato Editorial)</span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: 16px; line-height: 22.399999618530273px; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Numa atividade encaminhada de forma remota aos alunos, coloquei o poema acompanhado de uma imagem que mostrava um homem dormindo na calçada, sobre jornais. Em seguida, a criança deveria elaborar uma frase que expressasse o que ela pensava a respeito das pessoas que não tinham uma moradia e, em decorrência disso, viviam nas ruas. Uma das respostas chamou a atenção: "as pessoas moram nas ruas porque não querem obedecer às autoridades." Obviamente, tanto o vocabulário quanto a ideia implícita na explicação não são características de uma criança de oito anos de idade. Logo, algum adulto ajudou na elaboração da mesma. Essa frase sintetiza o pensamento de grande parte da população brasileira: a existência de algumas pessoas é uma afronta à ordem e a "normalidade". Os sem-teto são preguiçosos, aproveitadores e avessos à autoridade. E, caso insistam em existir, que não seja sob os viadutos, ou dormindo nas calçadas e atrapalhando a circulação das pessoas... Que existam, mas longe de nossos olhos- e de nossa cegueira moral.</span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: 16px; line-height: 22.399999618530273px; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;">Link para matéria com entrevista de Bia Doria: </span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: 16px; line-height: 22.399999618530273px; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"> https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/07/03/bia-doria-diz-que-e-errado-dar-comida-a-moradores-de-rua-e-um-atrativo.htm</span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: 16px; line-height: 22.399999618530273px; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"> </span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: 16px; line-height: 22.399999618530273px; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"> </span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', Times, FreeSerif, serif; font-size: 16px; line-height: 22.399999618530273px; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: arial;"> </span></span><br /></span></p><div style="left: -99999px; position: absolute;">Mas olha, falando dos
projetos sociais, algo muito importante é assim: as pessoas que estão na
rua... Não é correto você chegar lá na rua e dar marmita, porque a
pessoa tem que se conscientizar que ela tem que sair da rua. Por que a
rua hoje é um atrativo, a pessoa gosta de ficar na rua".... - Veja mais
em
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/07/03/bia-doria-diz-que-e-errado-dar-comida-a-moradores-de-rua-e-um-atrativo.htm?cmpid=copiaecola</div>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-47677615913078167202020-12-18T08:42:00.003-08:002021-01-03T16:46:33.178-08:00Você foi um dos escolhidos?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3c_LQ4YEtgmRGQOHIv-GkaFrPePG8_NDG_gIHz8z-TC-1te2vRFni3A3oBs3MKs5AQEa0Ue3BXRos0Q8TNtUWRIopX2FTgdv6WTVIiaA45UFafJuZjnUUO531gTx_RI4G79moVFyWYlU/s823/5027f2b5-74b8-47b3-a54b-7ccb69c126a1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="823" data-original-width="823" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3c_LQ4YEtgmRGQOHIv-GkaFrPePG8_NDG_gIHz8z-TC-1te2vRFni3A3oBs3MKs5AQEa0Ue3BXRos0Q8TNtUWRIopX2FTgdv6WTVIiaA45UFafJuZjnUUO531gTx_RI4G79moVFyWYlU/w400-h400/5027f2b5-74b8-47b3-a54b-7ccb69c126a1.jpg" width="400" /></a></div><br /><p><br /></p><span id="docs-internal-guid-aae5e78e-7fff-d8f8-39cf-cb60c739e5aa"><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Chegamos a mais um final de ano, um ano incomum, atravessado por uma pandemia que nos obrigou a adotar novos hábitos e, por consequência, levou a algumas possíveis aprendizagens coletivas. Considero a mais importante o papel da escola e do ensino presencial na vida de milhões de crianças e adolescentes do mundo todo. Talvez, finalmente, a educação e os professores recebam o reconhecimento que merecem, quando retornarmos, num futuro próximo, às salas de aula. Também o tão propalado home office parece ter vindo para ficar: é perfeitamente possível realizar alguns trabalhos à distância, gerenciando com mais autonomia o tempo e evitando trânsito, jornadas excessivas e reuniões pós-expediente. Além disso, a valorização do serviço público de saúde, em nosso país representado pelo SUS, figurou como consequência direta da pandemia (teve até Ministro da Saúde que não conhecia o SUS e acabou conhecendo).</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O problema começa quando se fala em aprendizagens ou conquistas durante a pandemia e focamos na esfera individual. É comum olharmos para o ano que passou e buscarmos aspectos positivos do mesmo em nossas vidas (e até podemos encontrá-los). Há os que conseguem fazer isso sempre, em qualquer situação, enxergando o mundo com as lentes da positividade tóxica - aquela tendência a ver tudo com otimismo exagerado, evitando todo e qualquer aspecto negativo. Temos, então, textos e reflexões que chegam a afirmar que foi “um ótimo ano”, ignorando milhares de mortes, filas de desempregados, profissionais da saúde esgotados e famílias devastadas pela perda e a dor. Afinal, para quem utiliza as lentes da “good vibes”, há um lado bom em tudo, não é mesmo? Junte-se a esta postura a questão religiosa. Se você está vivo, é porque orou o suficiente. Teve fé. Seu Deus é forte, fiel, capaz de livrá-lo do vírus e do leito do hospital. Você foi um escolhido, deve ter algo de especial para continuar vivendo. Mas então… e aqueles que sucumbiram à doença? Não foram suficientemente devotos? Rezaram para o Deus errado? Estariam vivos se acreditassem um pouco mais?</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Acredito que não. Talvez, seja um pouco desestabilizador das suas crenças pensar que se você está vivo, é porque é um grande privilegiado (não por intervenção divina): seguiu recebendo o salário; pode trabalhar de casa; ganhou o necessário para não passar fome; conseguiu cumprir os protocolos sem grandes prejuízos. Ao mesmo tempo, há pessoas que foram obrigadas a continuarem se deslocando em ônibus superlotados; que seguiram trabalhando nos mercados, farmácias e comércios essenciais, mais expostos ao vírus; que perderam seus empregos; que passaram fome… Seriam estas pessoas menos dignas da piedade divina? Ou apenas elas não tiveram a mesma sorte que você?</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Lato, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Comemorar nossos próprios privilégios e a nossa simples sorte diante de uma tragédia mundial é desconsiderar o sofrimento alheio. Não se exalte por se considerar um "escolhido". E, para aqueles que dizem que finalmente compreenderam o valor da família, da saúde e das coisas simples da vida depois das privações e do isolamento sofridos ao longo do ano, tenho só uma coisa a dizer: é muito triste precisar de um evento traumático para chegar a uma conclusão tão óbvia. </span></p><br /><br /></span>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-90734027544299608642020-11-20T02:37:00.004-08:002020-11-20T05:42:10.599-08:00O cordão<p style="text-align: justify;"> <span style="font-size: 12pt; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Você já agrediu alguém? Utilizou sua força física para dar socos, pontapés, estapear uma pessoa? Se a resposta é afirmativa, que tipo de sentimento ou emoção desencadeou a violência? Medo? Raiva? Ódio? Que tipo de sentimento toma posse de uma pessoa para que ela agrida outra, até a morte, até que a vítima fique imóvel e sua respiração cesse? Que espécie de pensamento passava pela cabeça dos dois algozes que assassinaram João Alberto Silveira Freitas no Carrefour, às vésperas do Dia da Consciência Negra?</span></span></p><span id="docs-internal-guid-c1ea0ebd-7fff-c756-f834-624541c81441"><div style="text-align: center;"><img alt="" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXZzdZQjJZpTnGkrhjm89-_Jz2Hx_LtzbGwtz9u-3SWF8V_H91eax6U9lVI3KmOr7AXHzWgd93Mn5GT9KnQp6N_494qWdFuHl1yydff1D09ocwID4_VYsQb1SH9EqU-VlevUdHNnZT_PA/w400-h225/image.png" width="400" /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXZzdZQjJZpTnGkrhjm89-_Jz2Hx_LtzbGwtz9u-3SWF8V_H91eax6U9lVI3KmOr7AXHzWgd93Mn5GT9KnQp6N_494qWdFuHl1yydff1D09ocwID4_VYsQb1SH9EqU-VlevUdHNnZT_PA/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: verdana;"></span></a></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Mais que raiva e ódio, provavelmente. Ao socar o rosto de um homem negro, os dois homens brancos legitimam a superioridade que acreditam ter em relação a ele. Não é reação a uma ameaça, nem mesmo o dever de proteger o patrimônio de uma empresa ou zelar pela segurança dos que ali trabalham. Afinal, se um cliente branco precisasse ser retirado do interior da loja, teria o mesmo destino cruel? É o racismo ao vivo, representado pelo joelho que pressiona as costas do homem subjugado, assim como aconteceu nos EUA, com George Floyd. O assassinato no Carrefour revela outro detalhe escabroso: uma mulher filmava tudo. O desenrolar da agressão, o desespero da vítima, os berros de dor. Você conseguiria sacar seu telefone celular da bolsa, calmamente, e filmar a barbárie, placidamente?</span></span></p><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Você já imaginou seu pai ir ao mercado, à noite, e em seguida receber a notícia de que ele foi morto, por espancamento, por um segurança e um policial militar?</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Você já imaginou seu filho ser morto a caminho da escola, por tiros disparados de um helicóptero da polícia?</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Você já imaginou sua filha ser alvejada dentro do transporte escolar, e morrer, no meio de um confronto entre policiais e bandidos?</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Você já imaginou o carro da sua família sendo metralhado, durante um passeio no fim de semana, com seus filhos e esposa dentro, sem nenhum motivo?</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgER8tzQnpL2-FNuSFZ6hjhPLbd58ylxj73HjPZJOc_kDogECih4veIM8APsn4cevytMCblY65m2-p5e64DXWlKqjQ-bLFgbAo2HeyecBkposrCFwYXsyfbL6CtfgFNB6wSqQKib0pG404/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: verdana;"><img alt="" data-original-height="465" data-original-width="620" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgER8tzQnpL2-FNuSFZ6hjhPLbd58ylxj73HjPZJOc_kDogECih4veIM8APsn4cevytMCblY65m2-p5e64DXWlKqjQ-bLFgbAo2HeyecBkposrCFwYXsyfbL6CtfgFNB6wSqQKib0pG404/w400-h300/image.png" width="400" /></span></a></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Se você é branco, talvez não tenha imaginado nada disso, porque simplesmente não precisa. O privilégio branco é isso: poder sair na rua sem medo de ser abordado com violência; não temer que seus filhos sejam mortos de formas estúpidas; fazer compras no mercado, à noite, sem ser espancado pelos seguranças, mesmo que faça algo errado. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Entre as inúmeras manifestações do Black Lives Matter que ocorreram ao longo de 2020, nos EUA, um fato inusitado ocorreu: para proteger as pessoas negras que se manifestavam de reações policiais violentas, os brancos participantes criaram cordões de isolamento, se interpondo entre a polícia e os negros. Um cordão do privilégio branco, evitando ainda mais desgraça. Aqui, não houve cordão nenhum: desde o Massacre dos Porongos, em que os Lanceiros Negros foram dizimados, com a colaboração de grandes heróis brancos, até hoje cultuados (que inclusive dão nomes a praças, ruas e cidades), seguimos confortáveis, muitas vezes negando e relativizando o racismo com frases vazias e vídeos do Morgan Freeman.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Está na hora do nosso privilégio branco acordar e dar as mãos, formando um grande cordão humano contra o racismo, para proteger nossos irmãos negros. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: verdana;">Quando começamos?</span></span></p><div style="text-align: justify;"><span face="Lato, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div></span>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-11052298873515008252020-10-10T07:20:00.002-07:002020-10-10T07:20:55.067-07:00Nas entranhas<p> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE764KD7wv8wvik24Fsz8faAjTNJ5AISte6BaytZJVFAOSyMeICcZ0Eo6Kiqoni9nNXxk_8ei0YOvNm1wywp7sseI0sxjhl1YgCSFgUc_9Z6aFLJR70XC7cbPZuAGanP5fqlMKW1qizWs/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="341" data-original-width="512" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE764KD7wv8wvik24Fsz8faAjTNJ5AISte6BaytZJVFAOSyMeICcZ0Eo6Kiqoni9nNXxk_8ei0YOvNm1wywp7sseI0sxjhl1YgCSFgUc_9Z6aFLJR70XC7cbPZuAGanP5fqlMKW1qizWs/w400-h266/image.png" width="400" /></a></div><br /><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Olhando
para a superfície dos dias atuais, especialmente no Brasil, talvez seja difícil
compreender como chegamos a este buraco civilizatório (peço licença para o
pessoal do canal Meteoro ao utilizar tal expressão, brilhantemente criada por
eles).No entanto, guardo na memória fragmentos de conversas, comentários ouvidos aqui e
ali, que volta e meia ressurgem, como se fossem reminiscências explicativas da
barbárie.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O
ano era 2009. Vivíamos a epidemia de H1N1. Na escola, duas professoras evangélicas
conversavam sobre uma delas ter contraído a doença e se curado rapidamente,
mesmo estando grávida. A outra comentou: “você é de Deus, por isso foi curada.”
Desta fala, conclui-se que, aqueles que morreram em decorrência da doença, “não
eram de Deus”- por serem adeptos de outra religião (ou de nenhuma).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Em
2013, durante um encontro do Pacto Nacional para a Alfabetização na Idade
Certa, vivíamos a onda de protestos contra a corrupção, iniciada pela
indignação causada pelo aumento de vinte centavos nas passagens de ônibus.
Entre um cafezinho e uma bolachinha na hora do intervalo, os professores se
reuniam, conversavam, contavam piadas. Uma professora, ao falar sobre a
corrupção: “Tem que voltar a ditadura mesmo. Era tudo melhor. Tinha segurança
nas ruas. Só se dava mal quem estava fazendo algo errado.” (Mais tarde, esta
professora estaria usando a foto do olho choroso com bandeira do Brasil ao
fundo, em suas redes sociais, e defendendo a “revolução de 1964”.)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Alguns
meses depois, na reunião pedagógica de início de ano letivo, uma professora,
também evangélica, diante da questão “como abordar o uso de drogas em sala de
aula<strong><span style="background: white; border: none windowtext 1.0pt; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-border-alt: none windowtext 0cm; mso-hansi-theme-font: minor-latin; padding: 0cm;">?</span></strong>”,
respondeu: “Eu digo que na Bíblia está escrito que o homem reinará sobre todos
os animais e todas as plantas, então, uma planta (maconha) não pode dominar as
pessoas.” Uma abordagem religiosa da questão resolveria o problema das drogas,
na visão da professora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Já
em 2015, diante de uma rebelião numa unidade prisional superlotada, outra
professora, em outra escola, cravou: “Tem que entrar e matar tudo mesmo. São
bandidos, se fossem bons, não estariam na cadeia.” Horrorizada, tentei
argumentar, citando o excelente documentário “Sem pena”, que fala sobre a
realidade dos presídios brasileiros, nos quais grande parte dos detentos passam
anos sem julgamento, muitos deles sendo inocentes.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não creio que a professora tenha assistido ao
documentário, muito menos reavaliado seu posicionamento diante dos fatos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVe8IxFsw-aNLYr8PVQSS8MdkrvgILKltSq_r1TF2_AXzitmOASBMYeyv_16WOlOncq48yd4p5aPB2mXC4SrliHxo02G1x0IFYDke_6uJ4xn-CG2VOKrk8ZTobWjYUHn2rb04II-Ud4ck/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVe8IxFsw-aNLYr8PVQSS8MdkrvgILKltSq_r1TF2_AXzitmOASBMYeyv_16WOlOncq48yd4p5aPB2mXC4SrliHxo02G1x0IFYDke_6uJ4xn-CG2VOKrk8ZTobWjYUHn2rb04II-Ud4ck/" width="320" /></a></div><br /><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Mais
recentemente, em 2018, enquanto aguardava um corte de cabelo, escutei a
conversa entre um cliente e o dono do salão. Falavam sobre a intervenção
militar no Rio de Janeiro. O cliente, branco, de classe média alta, discorria
sobre o fato de os cidadãos, em sua maioria negros, pobres, moradores das
comunidades, estarem sendo revistados ao sair de casa. Segundo ele, tudo certo,
afinal, quem não deve, não teme, qual o problema de ser revistado e mostrar
seus documentos, se não é bandido ou ladrão<strong><span style="background: white; border: none windowtext 1.0pt; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-weight: normal; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-border-alt: none windowtext 0cm; mso-hansi-theme-font: minor-latin; padding: 0cm;">?</span></strong><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Ao
rememorar essas falas, tudo fica mais claro. A fé tomando o espaço da Ciência e
revelando alguns mais merecedores da vida do que outros. O fetiche pelo
autoritarismo, a nostalgia em reviver uma época na qual a liberdade não
existia, mas alguns tinham a sensação de que era tudo melhor, porque a imprensa
era censurada e publicava receita de bolo no lugar da verdade. A sanha
punitivista, o desejo de vingança e de “limpar” a sociedade, o combate à
violência com a morte, o “bandido bom é bandido morto” clamado entre paredes de
um espaço educativo, saindo dos lábios de uma educadora. O culto à repressão, a
tentativa de minimizar a humilhação do favelado, afinal, o cliente do salão
jamais será submetido ao constrangimento de uma revista diária, no seu
condomínio de luxo- talvez nem mesmo “merecendo”, caso cometa um delito grave.
A justiça não é cega - e enxerga especialmente a cor da pele.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Estava
tudo lá, nas entranhas do pensamento do brasileiro (ou de grande parte dele). Examinemos
as vísceras, para desvelar essa identidade tosca e retrógrada, que prefere
armas a livros, que desdenha da Ciência, que elege a ignorância e cultua a
violência, que apenas reproduz as desigualdades e preconceitos de séculos.<o:p></o:p></span></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-31686182471871115682020-09-23T11:33:00.003-07:002020-09-23T11:38:15.344-07:00 Maconha para quem?<p><br /></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: verdana;">Em
recente entrevista a uma rádio local, o deputado Osmar Terra (MDB-RS) deu um
show de desinformação a respeito do uso medicinal da Cannabis, mais conhecida
como maconha. Em sua fala, o político colocou-se veementemente contra a
aprovação do substitutivo do Projeto de Lei 399/2015, do deputado Paulo
Teixeira (PT-SP), que prevê o aumento da oferta das medicações produzidas a
partir de princípios ativos da planta. Enaltecendo a política (fracassada) de
guerra às drogas, Osmar Terra conclama seus seguidores e a população em geral a
se manifestarem contra tal legislação.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5nilW8nahxVSWHhKb9D1S4FMbKmlQUCGbReUB_16gjXrfHdNJVW53BjCyQxsi2jSn2BpqAFYVYS1KkOib7bzAcyo_j2Ab-tsz46X2JXq2VLdlBnUzQKoYjM9HILC_x4zKz7VWPRK1fEY/s275/download.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5nilW8nahxVSWHhKb9D1S4FMbKmlQUCGbReUB_16gjXrfHdNJVW53BjCyQxsi2jSn2BpqAFYVYS1KkOib7bzAcyo_j2Ab-tsz46X2JXq2VLdlBnUzQKoYjM9HILC_x4zKz7VWPRK1fEY/s0/download.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: verdana;">Trago
aqui algumas reflexões baseadas nos estudos de dois grandes pesquisadores da
área. O primeiro deles, o neurocientista Sidarta Ribeiro, PhD pela Universidade
de Duke (EUA) e diretor do Instituto do Cérebro da UFRN, afirma que a maconha,
ao contrário do que Terra propaga, contém substâncias anti-inflamatórias,
que estimulam o crescimento dos ossos, antiepiléticas e antibacterianas. Por isso,
várias doenças são tratáveis com maconha: autismo, carcinoma, distonia, dor
crônica, depressão, encefalopatia, epilepsia, esclerose, esquizofrenia,
fibromialgia, paralisia cerebral, Parkinson, retardo mental... Muitas pessoas,
portadoras destas doenças, seriam beneficiadas, caso o projeto fosse aprovado. Os
medicamentos à base de cannabis são importados, caríssimos, chegando a custar
R$ 2.500,00 a dose.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIA3lRosv5O_7Ppa3jelZZDJjFGiaU23HgMRDfkOqydm20hAE1A6D1JcCgkOnUGwG1Fdhu-UR-2k1MZBSnRL60wAN0ag5oAw7lAmQkcWHcJAP2VwH8Jp6YVLRtzeyz3UdxwM0l4Pc8tjc/s301/images+%25281%2529.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="167" data-original-width="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIA3lRosv5O_7Ppa3jelZZDJjFGiaU23HgMRDfkOqydm20hAE1A6D1JcCgkOnUGwG1Fdhu-UR-2k1MZBSnRL60wAN0ag5oAw7lAmQkcWHcJAP2VwH8Jp6YVLRtzeyz3UdxwM0l4Pc8tjc/s0/images+%25281%2529.jpg" /></a></div><br /><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: verdana;">Mas
Osmar imagina que tal aprovação fará com que em cada família se instale o vício
das drogas, e que os jovens se tornem zumbis puxadores de fumo, que têm seus
cérebros destruídos pelo cigarro do capeta (outra ideia errônea, a de que a
maconha destrói neurônios. O professor
Sidarta afirma que <span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">“a ciência por muito tempo serviu à proibição.
E era uma má ciência, financiada para provar mentiras. Isso nos anos sessenta, maconha
mata neurônios. Que mentira! Maconha promove novos neurônios e promove novas
sinapses”). Ou seja, muitos anos se passaram, estudos e pesquisas foram feitos,
mas a população em geral continua à mercê de políticos que propagam falsas
ideias a respeito do tema.<o:p></o:p></span></span></span></p>
<p class="paragraph-k859h4-0" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-family: verdana;"><span style="border: 1pt none windowtext; padding: 0cm;">Isto nos leva a outro estudioso do tema: Carl Hart, neurocientista
norte-americano, professor da Universidade de Columbia e autor do livro “Um
preço muito alto”. Para ele, é necessário acabar com a desinformação a respeito
das drogas, combatendo falsas premissas.
Em suas palavras: “</span>Não deveríamos prender pessoas. É preciso manter os usuários e
dependentes fora da prisão, onde há outros problemas e doenças. Deveríamos
multá-las ou dar um alerta. Não deveríamos fazer uma guerra contra drogas
porque não há uma guerra contra dirigir carros. Precisamos mudar nossa
abordagem se queremos aumentar a segurança de nossa sociedade.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="paragraph-k859h4-0" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-family: verdana;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8DOhcbFIXQF2NMXHaELk2utj-AUCNogNGMhd5VmhGndWyZwZcZclhwIVDT7sMfzLnFUzqkBTewvfxPhyDmOlOtMDbekJhyJwQPtI10FG6qQmt2-y13BUMK-SDPkZ_RSmifPLq1H5scV0/s225/images.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8DOhcbFIXQF2NMXHaELk2utj-AUCNogNGMhd5VmhGndWyZwZcZclhwIVDT7sMfzLnFUzqkBTewvfxPhyDmOlOtMDbekJhyJwQPtI10FG6qQmt2-y13BUMK-SDPkZ_RSmifPLq1H5scV0/s0/images.jpg" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: verdana;">O
autor é um crítico ferrenho da política de guerra às drogas, exaltada pelo
deputado Osmar. Para entender o posicionamento dele, pense nas últimas notícias
que você viu sobre combate às drogas no seu município: quase sempre, prisão de
pequenos traficantes, com quantidades insignificantes de entorpecentes...Dificilmente
a polícia consegue prender os grandes traficantes, que operam os esquemas- e,
quando consegue, eles continuam fazendo o seu “trabalho” de dentro das prisões.
Ficam as forças policiais enxugando gelo, quando o foco principal do combate às
drogas deveria ser outro- uma questão de saúde pública. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size: 12pt;">Se
olharmos para as estatísticas, veremos que a droga que mais impacta na saúde e aumenta
os índices de violência é legalizada e socialmente aceita, tendo seu consumo
estimulado amplamente pela mídia: o álcool. E ninguém está pensando em reavivar
uma lei seca, até porque a indústria das bebidas </span>alcoólicas<span style="font-size: 12pt;"> é extremamente
lucrativa. Ah, e se você costuma tomar aquele tranquilizante antes de dormir,
saiba que está usando uma droga. É
preciso conhecer a história das drogas e por que algumas se tornaram legais,
enquanto outras são vistas pelos deputados conservadores como se fossem a
encarnação do diabo na Terra. É tudo uma questão de estudo, informação, esclarecimento.
Finalizo com as palavras de Carl:<o:p></o:p></span></span></span></p>
<span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: 12pt;">"As
pessoas não entendem o que as drogas fazem, por isso são contra que outras
usem. Tudo que ouvimos sobre drogas e sobre os usuários são informações
erradas. Antes de mudar a política de drogas, temos que aprender tudo sobre
elas. Não temos como pensar em melhorar o trato às drogas sem conhecimentos
básicos".</span></div></span><div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><div><span style="font-family: verdana;">Links para saber mais:</span></div><div><span style="font-family: verdana;">https://www.brasildefato.com.br/2018/08/01/neurocientista-fala-dos-usos-medicinais-da-maconha-e-das-barreiras-ao-autocultivo</span></div><div><span style="font-family: verdana;">https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/05/140506_entrevista_carl_hart_rb</span></div><div><span style="font-family: verdana;">https://veja.abril.com.br/blog/cannabiz/projeto-de-lei-da-cannabis-medicinal-ignora-direito-ao-cultivo-individual/</span></div><div><span style="font-family: verdana;">https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/08/31/senadores-divergem-sobre-projeto-que-libera-medicamentos-a-base-de-maconha</span></div></div>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-9546260292726328332020-08-21T05:02:00.000-07:002020-08-21T05:02:41.511-07:00Enfim, a meritocracia<div class="separator"><p class="MsoNormal" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img alt="Quem Tira Nota Baixa é Mau Aluno?" height="400" src="https://cedemmogi.com.br/web/wp-content/uploads/2015/07/mau-aluno-800-500px.jpg" width="640" /></p></div><p> </p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Há uns dez anos, na escola
em que trabalhava, havia um aluno que tocava o terror em determinada turma
(sempre tem, ao menos um). Era aquele combo: rebelde, agressivo, recusava-se a
fazer as atividades, só bagunçava. A professora, que já esgotara seus recursos
para lidar com a situação, decidiu adotar uma estratégia inusitada: chamou o
menino para uma conversa e combinaram que, se ele se comportasse durante as
aulas (o desespero era tanto que nem a aprendizagem estava em jogo, o negócio
era conseguir dar aula para os demais alunos), ganharia certa quantia, em
dinheiro, por semana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Acordo aceito, eis que a
criatura passa as duas primeiras semanas diferente, sem aprontar, até
participando das aulas. Uma tranquilidade. Mas ao final da terceira semana, o
aluno pede que a professora aumente o valor pago. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Corta para alguns anos mais
tarde, mesma escola. Reunião pedagógica de início de ano. Professores
preocupados com o desinteresse de uma parcela considerável dos alunos. Qual
estratégia adotar? Eis que surge a sugestão de uma das professoras: na escola
em que trabalhou, anteriormente, os bons alunos, aqueles que aprendiam, que se
esforçavam, entravam em férias vinte dias antes. Os demais, que não tinham
demonstrado o “rendimento” esperado, permaneciam na escola, para “recuperar” o
que não aprenderam. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em ambos os casos, existe a
ideia de premiar, seja pela mudança na conduta, seja pelo esforço e aprendizagem
demonstrados. O prêmio pode vir em forma de dinheiro ou de férias antecipadas.
Duas questões complicadas estão envolvidas nessa ideia de premiar alunos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Primeiramente, o que é um
bom aluno? Aquele que aprende? Que não demonstra dificuldades? Que obtém as
melhores notas? Que se comporta de forma adequada? Se o bom aluno é aquele que
aprende e se esforça, devemos concluir, então, que existe o mau aluno, aquele que
vai aos trancos e barrancos, mesmo que seja em virtude de distúrbios ou
deficiências? Vamos dizer que autistas e disléxicos são maus alunos agora, e
responsabilizá-los pela não aprendizagem, eximindo o professor e a escola do
seu papel?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O outro ponto é aquele que
coloca a aprendizagem ou o estudo como algo chato, enfadonho, difícil, uma obrigação-
nesse contexto, entendemos que é necessário premiar o aluno de alguma forma,
dar um incentivo para que estude. O conhecimento deixa de ser um prazer para se
tornar algo obrigatório- o qual só faz sentido se existe uma recompensa. Tenho
lutado contra essa ideia no que diz respeito à atitude de alguns pais- se fizer
o tema, pode usar o celular. Se passar de ano, ganha a bicicleta.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="clear: left; float: left; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Como lidar com o mau comportamento em sala de aula - EducaBras" src="data:image/jpeg;base64,/9j/4AAQSkZJRgABAQAAAQABAAD/2wCEAAkGBxAQEhIQEBIVFhUXFRUWFhgVFRUXFhUWFRUWFxUVFRUYHighGBolHRUVITIhJSkrLi4uFx8zODMsNygtLisBCgoKDg0OGhAQGy0lICUtLS0tKysrLi0uLSstLSstKy0rLS0tKy0vLS0tLS0tLS0tLS0tLS0tLS0tLS0tLSstLf/AABEIAJsBRAMBIgACEQEDEQH/xAAcAAACAgMBAQAAAAAAAAAAAAAAAQIFAwQGBwj/xAA/EAABAwIEAgcFBgUDBQEAAAABAAIDESEEBRIxQVEGEyJhcYGRMqGxwdEHFEJSYpIjU3Lw8UOCohVjc+HiM//EABoBAQEAAwEBAAAAAAAAAAAAAAABAgMEBQb/xAAwEQACAQMDAgMHAwUAAAAAAAAAAQIDBBESITFBURMyYQUicYGRofAUUtEjQrHB4f/aAAwDAQACEQMRAD8A9vTSTQAE0gmgBCEIAQhCAEIQgBCEICEhoCe5RhkDmhw4iqm/ZaOXvoXRngajwXPOrpqxi+H/AJL0N5CELeQFFSSKhkIpJoQCQU0kAqITKSFIoTISQyEUqJlJCkShSookIBIQhAFEUQhAFEgmhCAhCEIMKagFMIRjqhCaEMqaSayMQCaQTQAhCEAIQhACEIQAhCEBjmdpBceAJ9AqTEzktZNGaVAI+ND60VjnUumCQ/pp62+a53KMTrjfEd2nU3w4heN7Sq4nGK7Z/gyidNgcW2VocPMcjyWwuSwuLMEmoXafaHMc/FdXE8OAINQbgrqsbtXEN+VyTBJBQULtBFCdEUQokJlJAJJSUShUCSaSFIkJKRUUKCSaEKRQhCAEkyhCCQhNCCTQhAMKYUAphCMkhCEIZEIQqQaaSFSDQhCAEIQgBCEIAQhJAVfSBjnRhjRUlw911w82KOCrK8HVq0tb3aalx5jguu6SYxzAeqqXtaTQcTwB9FwmeZmMVDpdCGy0JPEtPcvKr0ITra5dPoeja0M4k1sW2FzBmIa17PxNaT3EtBp5VV7kGYaT1TjYnsnkeXgV5x0Fme5thUCg3uC3cLt34etwvLlm1qRnHr0NNekoYa6o7SiarMmxusaH+0PePqrNfRUasasFOJy4BCELaURSUlBzgNygGkVUY3pLhYjpMlXcmipVPiOn0LHUcw6eZe0HyaR81g6ke5mqcn0OuSVZlHSDDYq0MgLqVLDZ4/28fEKzWWUyYwIpKRUSqUSEykhRURRNIoBIKEIQEICEICAhMIBgKQUVIIRkgmkhCGRCiFJCAmkmsiDQkhANCEIAQhCARUJn6Wl3IE+iyKLhWyj4B5xjc6bNITHLSQW0k9hw5EcPEKvxp1RmRzS15sBQEGhIoTx2rVWWbdHo4cSXUue0093EBZ8VhtTAORB+S4JJp7nuwlHSnHgrckwrIw57QAXXI5Ei66WKJ2kdk7DgVRsds0bkgAcSTZeiQijWjuHwWqrZxuEk3jBw3cuDn4IZQQQx2/Ki6FqkhdFrZxt08NvJxN5BCELrIauPxfVNrQk2AA4lef8ASbpBii7qYrHjpu6nE1FgF1+ewF7mEV7IJoCLk+K4/N5paEMi0VP4g2/6iK3PquOvNt4OyhBYycriIS5p6yQg7khxr5OOwXH5rNGxxb1jndznucr04dxldrLnG93G/jtQeirH5W0mtBz87n5BSHqbZ54RSYXMpoXNkicWlrgW0cbHmDwXvP2e9MH45kbHlpk0vMhJAdYjSWsHC/uK8dfkL+qa4CpJJ8+7wU+iEr8JiBiRWjGtLhza40cPSq3qaOeVNn0skViwkwkY14NQQCDzB2KylbTUCSaSpQQUIQEUIQhAQhCEBCE6IBqQUUwhGSQlVCEMiYUU0BJCQTQAmkhZGI00kIBoSQgBCEIDTzTAMnYWuFxdp4g9y4huJcCWOFwaFehric/w4bMTzXNcR2ydtpUazExZTGDiIqj8fwBK7oLhspNMRCf1fFpC7lZUOGYXXmXwBCELacwIKFjndQI+At2ctmWJxH3sNAHVOG4sQRehaTcWPatvS6q8x1yuLRI0gbho7Xhc0CvM1xbWbUrTe23Feb5tlmIZP10LxQ3c0kiteTm3aVwTeqR6tKOI5ZsYnACMPfpAoCampPquCfmJL+7/AOSF6FHijPEWuBDqEXFDsfXxXmssGh1DwdpPrT5qQ5wbKqylgu8PmZaYORI99Qsw0Bsg4FrAfDWSPmqaB1TBX8DWk+IrUeq28FC+dwa0HtPAtyAA+IPqsjSz3LoLKXYOKvAUHhuPir4rRyLBdRBHFyaK+NLreXZHg4ZcsEFCCsgJCEIBFJOiEIJCEIQEwkmEA00k0IwQhCEJBSUUwhWSTCSaEGhKqaEBNJCyINCSEA0JIQDXIdKrSArrlyPTKzmnwWi48p0WvnKyKTSWv/K5p9CCvQGOqARxv6rzqI1C7To9iOsgaTu3sn/bt7qLXbvdo3XcdkyyQgrlcT0zY2V7Gx6mtqNWsAucDQ6W09mvEm/Klz0TkorLOWnTnUeIrJ1RWtj3UYXcr+XFcHm/2gzxglkEdOZeXU8QAqbD/aNipJGNmEYjcdLg1prQ2sa8yD5LnncwW3c7oezbjloucXiYp5XPZIRbS4bA0JuQdjwWQ6BZ11zePEQke9jmjvrQ2+K0X52G+08eq5XyeiqLOpxWKjaLAVXmmaYas76EDUbi+24Ntlu5t0lDWOLLmhp4qqw3SjFzRBkUMbCLGU3c6nFrXWr6rKEZNZMMJy0JZfZGPFYbq3BpPadQAC5Ne70Xsn2f9D/urGzTgGQio/TWh9V5BkZkw8nXlsb31rqkq48eNQvQMu+1HEBw62GNzP0VY4eFag+5b4aE92SrYXU4+7H7nqyRWplOZxYqJs0LqtPkQeII4EcltrpPGacW0+UCSaSoBBQhAASKKoQgkIQhATCSYQDQhCEYIQhCEgpLl836VxNwz5Yj2iwloIO1PatwFV5vk32jTxmpxL5RQudqYHNHcDQEKxWpZRZPS8M9wBUl550e+02KVrRioXxvNTrYA6NzeDt6g32ounPS3AAVM4Hi11fSirizHKLyqYXk/TD7VKVjwBA4da5tST+lp+a4V/THMn114uY14ayB6BZKm2YuaPpNBK+esD0vxrW0EzyORe76rBiM2ZL/APo6Wv6Z5Rv+kktPor4fqTWfQ0uLiZd0jG+Lmj4laLukeCBI+8xEjfS8Op46ar59wWXxSvGnU++zh2vMiy68RMgYC4Bg4AUFSslSXcxdQ9Lf0swQNOsJ8GP+i1ZunOCbW8h8Iz815ViMy1VAIF+VvU7rVlaD+KvmfosvDiTWz1LE/aNhWW0SHx0j5lc9nPTyDEUBheKcnD5hcK7CitfeKrawWEq7tC393KxdOL5LGpKLymdRl2bNkOlrXAnapr8FbnpP/wBPjfXS4k6gypJrQC9LBctLmfUjRHRtuG/iufxMpe4lx381FRgnlIydapJYbO0h+1Kd9Q6BrRzFSfIFc7icfHI8HURQCxttt5qglqDy+C1htWt6/wB2SdKMkdNn7Qq2stUMP4ou48aC1pIoddHjvI94pdBf1T9Ia0flPMcq8CqnTYkE1DbjmBceYuriYCaNrhvQEeNF59Wm4y3PuLC7p3dNTxv1RizbNHNAayBxqe2TcBvENpud7qrnlu2kTiB7JeBsb7K3wkpIoVsPiqLrBvJ0ytlLOXn6FJmccUgbqaQKV0njwsG7ha0kTXNDKUaDYDwpwVrMHua0FxdpFBeoaOQWsISbD++9YGNK0hTXlX56lfhsGGGxN+FbeashvTuQ1ob9Ugb+SNm2nTjBYSOx+zHOXQ4luHJ/hz9kjlI1pLXDxpp8xyXsC+d8pxBimhk4tkY79rgV9EFdNGWVg+U9vUVCtGaXmW/xTBBQgreeKJCEIAUVJRQgIQhCApKKkgBCEIRghCEIeBTYwuwksRJoB2aNLjpJuABy+a4lkcQa/S9xtype1qDgujMz2seWG4aSOR5tPcVUY2SPq2Oj1BsguODC09pu1h9VjQa8puuY598yZZi3M0gGxpb6BdDnGatEbWjegbTjWl3Gi41sho0i1PLwUo36jU1J+K7NRw6STjqO9lkO1isAuaLM0cVAZWzEWqs+HkYDVy1wPBR0+PkqC+bnrmt0xHR4WWucTI86nlzvErSicBwPur71kE4/UDzJHohDdbQGpIHyH1UZcextmtLuVXcVoFwN6ev/ALUGaf7FkLgsW5i+laAHy9N1M5m8bKta/wAvd6KbG8z5IXBm64k1Lib33+iDJxqeKiwJPJ2qfS6EYF5NiSpjnyHosIbS2/HyUpHClbU2A28/TmgGJiKnjw+qtcvxjdAGxqbc/BUDQajhvw+ayYaS5a7Y8jeo28KLXUgp8nbZX1S0qa4cdV3/ADudCSCarY1WIVPA4urV5FL1pWo+qznEv2YD4m5+gXnTg4PDPv7O+p3dPXD5rsZ5GBopQNH97DmtV8w2bYe8+KX3aR1zXxNveUyyNvtPHgPqtR1NmIlSApcpl7T7Gn1Ws6Uuc0G29R3pgwckjOHdoU3+a+g+j+YDE4aGZv4mNqOTgKOHqCvBsJlc0jqhtBzdYeQ3K7no9mGIwcH3djwRqLtVLtrTstrsLV81129Go29tj5v29VoThFKSck+F2Z6ZPOyManuDRzcQPiqafpXhmmjdbu9ot76LisRM+Q6pHOcebjX/AAoUXfG3XU+Z1Hcs6VYU7l48WfRZ2dIcIf8AVA8WuHyXABqmGq+BEmpnobM2w7tpmfuHzWdmJjd7L2Hwc0/NebaUpC1oq4gDv/u6n6ddxqPTgmQuFynJ8TPRzQYo/wA76hxHNke/maLscFg2wt0Bzncy9xcSfPbwC0Tio7ZKnk2QE0IWBQQhCEYIQhCHzZEeHMEe5aTMtc7DSsBBc12pp2qPxU8vgtmI/P4K0wAAbpFOVrC+9lzuWk7Ix1rf1OJnfYAA32ryHEAqcJoK7FZs3y17HkGrqcQODjuG7kcNls5FlbZnBkmoRtu/VVh0jj7wu9bnms0GyAXJpXYKOIxWjvPgtzMYcK91Ih2RapNSaHvWpPg9R7HaJ51G3IhUhmin7IdYDlf4oizAONAfJa7YJWjtinjb5IbAeZ930QbG3JjWg6QbnwU+tsXOIoL/AOFodQ4XHxCn1jwKaCb1oNP0Qpv9ZUGrgBSvh3LC2cB2kkDjWi1XTT3/AITz5DhtcBKN+IPsxO76uPvsmRgsGOb2bntGwpsBW/cpPd2S4B29BalQNytEYybiNRH5ZHW7rWWP75KDaFnmXH5qZGC4AIj1EGvAE8T4bhZmM7dyygbxqb+irYcxmDafdm04kuIHlxCjNmkzAXFkTQP6jXu3V1A2pxqeaE78G2t71PMpGtoQDTSaEAU1OsTQ70CrW528kdloH6Wkn3krdxkksugNY+jW8G0BJrwWLqRXUyUJPoQwht+bcucOA72nZQdKaB45+dPBSjwk1v4L/T3rLNlOJcLRk+OkHyNd/FYePD9y+pl4M/2v6GaLEVo4f57luxY2QdhvEAt3qBy8lpxZLiaaRFyPac0X76FWmH6PYkhhOkEbduw57LXUq0ZRacl9Tssp17espxT9V3RpvD3e04lAg/T6iqvRkeJrZzPNx+iyt6NyupqkZS22peX4sM41H3X6mj+4x5X0YdKwSfhP5G1PmeCtocqihOrqiCbFzmuJt30srfJJMRFH/BaHtFQWPcNQLSQS14pUGnFWLekem02Flb3to8e669OlmG6imfJ3tevVm4uTxnhHOjFR1prbXkXCvoVsR32v4XV0M7y2bsyFo7pY/kQUDI8rmuxsJPNjg0/8SKLq/VNcxweW6XqU4CYVjL0EgNTFNiY/6JnOA8pNQWjN0Lxra9TmLj3TQxuHq3T8FVd03yYunIQRJIGDU8ho5k0WPC9HM36xrXSYV7CaawHNIHPSd/VdXg8hweCAmxT+sk/PLSgP/bj2r71n48MZW5ralnGCky7LMViaGJnVRn/VlFKjmyPd3nQLoIMrwWBpJK4yS8HSdp57ooxZvkFUZ105oKRfw2/zH+07/wAbFyceOxWMeW4WN73Hd7ru8ybN9VjidTnZfnU3qgo+9Uf8/JHpOHxkuMJDZBDHyDgcQ4d/CPyqfBWmBwMcLdEYoK1JJLnOPNzjdx71xGUdAQwddjpu9wa61vzSH5Lt8t6oRM6ihjp2aEkEc6laZpLyvJg8Z2NpCELWAQhAQjGhCEIfM0Lq37irHLDV7R4ei0Ihv4H4Ky6O3dfv+C5Kh30eCmyvOZGSOwrqda2RwbKQCWsrt3m/or5sOJhm6t8heXMNHUbpbS5FXWHBcRn5pjnEfmHzVriJ3zTQtkcXNqLVIG/IWXfTeYpnn1I4kzD0jYxrw/W0vcL3FyDvtTiduS1IcS2tA6oJNgHElpFgabUN1nz5v8Z4/K4NHcKbDuWOJgtZZmpmeXFMIppkJ2/AALDvPj5qLH8of3Pp8GpSCmyNRo2iowZHtHJo/wBz/onEXD2NIHEgEn1dt6LSDyt+FtWuPIgD/CZGAdOTxJPi4n3rBiGNpWRwAPBxJP7QjETOadINB3AKvlHtHisXPbJVE2DjYB+I27qVWVmPgqNIc49zSfjZaGCga4jUK3XRYfDMFAGrlq3mnodtKy1cs1Y45piGNbQuIAFavcSbAUXqPR/7PcNFGPvMbZZTdxdcNr+FvIDbvK0Ps3wcfXPeWjUyKrTyJNCR30XpFFKU5VFqkzKtThTloiilg6K4Fu2Fh/Y36LcGSYX+RF+xv0VgAskYus2l2NabK5uSYX+RF+xv0WdmVwDaGP8AY36LeaLAqYCaY9hqecZNMYGEf6bP2N+ik3Cxfy2/sH0W5RTcE0R7DXLuahwMR3jZ+0Lls2y9j8b92OlkZwzZWhjWtJeJCx9XbuFC2y7Fy08dlME41Sxhzmto11w5uognS4XGysYRzwRzl3ONm6JSxkuhkoe4ub8CtSQZjDxc4fqaHD3XWTJs4xHXSRda4sa8taHUdQDhU3XbkVAJW6VacV72H8jOEm+G0eff9ccbTQRu8LH0NVET5e/24XMP9II/4rs8wwkbvaYD4iq5bOMDEz2GgeqtOrSn/a18GbXOrHlp/YUEMBNYMWWnkJC0+jlZNZj206vEOd/UGvHvuuUkjbWlBsseosBLHObT8riPcCut2mVlPb1NSuqbemUfz7M6KfpbjIARI7DmhIJGqre/kT3XVLA7G5g+sDHyHjLJZo/pBsB/dFvdBcrhxmIe7FM60toRrLiL79mtF6vh4WtAa1oDRUAAAAU7guRtUnjGX9izqxT/AKax69f+HC5P9ncTP4uOlMrtyKlsY51dufcFuY7pfhcO0wYONry23Z7MTfE/i8vVcv0qzKaXFOgkkcYxWjB2W27m0qr/AKBZdC/W50bSWns1FQPAbV71qq1Xq0vd/Y6aVonSdxUeV2XP1NWDKsdmRD8S+ke4B7LKfoZ+LxPvXb5RlbcMzQ1znbXc4n0GwHgsuLeWxPc2xDSR5dy1Ojl4WyEkuf2nEkmp89h3Cyw3zuaatVzjskkui/2y0QhCyOVAgIQEIxoQhCH/2Q==" /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">E eis que o governo federal,
através do MEC, lança a ideia de premiar, em dinheiro, os melhores alunos e
atletas de escolas públicas. Enfim, a meritocracia. E o aluno que não é bom em
matemática e ciências, reprovando em tais disciplinas, mas tem um talento
excepcional para desenhar, como fica? E os alunos com dificuldades de
aprendizagem ou deficiências, como serão premiados? Serão considerados maus
alunos, por mais que se esforcem e superem diariamente suas limitações?
Discutir os modelos de ensino das escolas, metodologias, recursos, capacitação
de professores, projetos inovadores- não se fala nisso.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> O discurso meritocrático está, enfim, tornando-se política pública.</span></p>Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-59255727006773413372020-07-31T18:06:00.004-07:002020-07-31T18:25:12.709-07:00Somos todos palhaços?<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #404040; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><font face="verdana">A reportagem do jornal local conta a história do professor que se “reinventou”
durante a pandemia, dando aulas de Educação Física de uma forma inusitada e
inovadora, utilizando um aplicativo de edição de vídeo e encarnando diversos
personagens do universo infantil, como o palhaço que ensina a virar
cambalhotas.<o:p></o:p></font></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; clear: right; color: #404040; float: right; font-size: 14pt; line-height: 107%; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><font face="verdana" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="background-color: white;"><img alt="Circo Mágico da Leitura: "Escola não é Circo Professor não é ..." height="383" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYXfqkYr3nYKW-E6Vo2YMO8qqnjLXIEum76K0QPeeOrsjdgh9t2WujYosNWUfWvafo18gGB0XJKxcw0wtY-pMXFjXUSmsYYWkHsNCL0lYxH594WWqxHz_PLcoH2x5Ut-_H0zLPVnbXeUM/w640-h383/418415_236990616396556_100002568593702_459307_1136877458_n.jpg" width="640" /></span></font></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #404040; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><font face="verdana">Tornou-se constante esse tipo de notícia desde que, professores e
alunos, confinados e afastados devido à pandemia, precisaram alterar suas rotinas,
mas manter as aulas de forma remota. É uma tal de reinvenção e inovação sem
limites, apesar do grande contingente de crianças e adolescentes sem acesso à
internet e a dispositivos adequados para acompanhar as atividades propostas.<o:p></o:p></font></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #404040; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><font face="verdana">Surge a história da professora que disponibiliza aulas impressas em um
varal em frente a sua casa, com direito a lápis de cor e outros materiais,
bancados pelo salário modesto. Ou a educadora que, arriscando a própria saúde,
vai de casa em casa levando as atividades para os alunos que não conseguiram
acessar as aulas on line. Heróis, propala a mídia e compartilham os crentes na "educação por amor".<o:p></o:p></font></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #404040; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><font face="verdana">Mas inovar não basta: é preciso estar disposto a encarnar um papel que pode ser invasivo e desconfortável. Somos apresentados ao conceito de aulas síncronas, que são aquelas que acontecem em tempo real, para possibilitar a interação dos alunos. Nesse caso, o professor pode, muitas vezes, ser o palhaço sem figurino:enquanto se esforça para explicar o conteúdo de forma acessível, os alunos estão ligados em outra "janela", assistindo a algum vídeo, curtindo uma música ou jogando. Tenho ouvido relatos de colegas que, sem o hábito de gravar vídeos e ver a própria imagem, sentem-se profundamente invadidos e desconfortáveis diante da nova exigência.</font></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #404040; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><font face="verdana">No entanto... A educação não é sacerdócio. Para ser um bom professor,
não basta amar o que faz. Isso é o que o discurso de coach quer fazer com a
profissão: trabalhe enquanto eles dormem, estude enquanto eles descansam, atualize-se
enquanto eles se divertem. Se você realmente tem o dom de ensinar, vai superar
todas as dificuldades e fazer com que todos aprendam-mesmo remotamente!<o:p></o:p></font></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><font face="verdana"><span style="background-color: white;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #404040; font-size: 14pt; line-height: 107%;">E dá-lhe aplausos para o educador. Porém, vocês batem palmas para
o professor na sexta à noite, e no sábado pela manhã ele precisa preparar uma
nova aula. E editar um vídeo. E responder aos questionamentos dos pais no
grupo. E preencher a planilha com porcentagens de alunos que participam ou não
das aulas, de quais delas, e com que frequência. Quase sempre, esse mesmo
professor necessita fazer uma mágica contábil no mês, </span><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;">para
pagar as contas, visto que seu salário está atrasado ou parcelado. Inclusive,
para bancar a internet que utiliza ao dar aulas na plataforma on line.<o:p></o:p></span></span></font></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><font face="verdana">Palmas são comoventes e
bem-vindas, mas isso não é valorização do professor. Valorização é pagar um
salário decente em dia. É dar condições mínimas para um trabalho eficiente. É
proporcionar formação continuada que realmente capacite os profissionais para os
desafios constantes. <o:p></o:p></font></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><font face="verdana"><br /></font></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="clear: left; float: left; font-size: 14pt; line-height: 107%; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><font face="verdana"><span style="background-color: white;"><img alt="O ensino remoto, a pandemia e a educação do faz de conta – SindoIF" height="640" src="data:image/jpeg;base64,/9j/4AAQSkZJRgABAQAAAQABAAD/2wCEAAkGBxITEhUTExMVFRUXFxgYGRcXGRYaGhcYGBcaGBgYGBcbHSggGBolHRgYITEiJSkrLi4uGB8zODMtNygtLisBCgoKDg0OGxAQGislHSUrLS4tLS0tLS0tLS0tLS0tKy0tLSstLS0tLS0tLS0rLS0tLS0tLS0tLS0tLS0tLS0rLf/AABEIAKgBLAMBIgACEQEDEQH/xAAcAAACAgMBAQAAAAAAAAAAAAAEBQMGAAIHAQj/xABQEAACAQIEAgYFBwcJBgUFAAABAhEAAwQSITEFQQYTIlFhcTKBkaGxI0JSYnLB0QcUM4KywvAVJHOSk6Kz4fE0U1V0o9JDg7TD0xZEY2Sk/8QAGgEAAwEBAQEAAAAAAAAAAAAAAQIDAAQFBv/EACYRAAIDAAICAQQDAQEAAAAAAAABAgMREiExQQQFEzJRYXGBQiL/2gAMAwEAAhEDEQA/AOl2eKWWbLnytJAW4GtsxH0A4GceKyKMit7dsvZUFEdSDKvsdfIg+RFCfyfbXRTdw/gCDbAHIK2ZFGvzcp1rYDQivZoa9YORmuuOrVS/WWWuIwy9r0QTIiZ7RB+jS+zjNQqYm27Ha3ilNi63kQq6eItNWCOq8NCHFuv6SxcX6yDrlPkbcvHiyLUmFxlu5JtujxvlYGI5GNj4GsYmNamvTWtYxGaXcVOifb/damJpdxbZT3OPgw++sYOw21EhT3GqtjLatiCHDMBYzBVZlk9Yq7qRr2zUD2cLv1LEEwCL97eFInXTRvHamUdRKd0YvGXDKe41mQ9x9lVzB9HcJdXMbTAyQQL18wQSN84n1aee9I+l/CcLhkBtYK5ibhDNkF++oVEKhmJDkn01hQJOvdRcMWsEblJ4kXwqe4+ytSh7j7KpXBejGAxNhbpwty0x0a297EZkYbg9sTyIOmhFF/8A0Hw7/cH+2xH/AMlMq21qA74p40Wd0PcfYaEvr36VWsZ0V4dZibDmZiLt6dPO541N0Xsoi4hbYItjEtlBJMA2rRiSSdydzSzqlFa/Bqvkwslxj5QbiJpNxLDhhrTzFjSlOJGhrln0zuh2VTH8NRjoSPKlacHQySzbkaRyNWbFqJpYI1+00e2kjJ4V4xNMDwVO8+6macJWPSgRvpAjWT4VJgIoi+gdrNtvQuXcj/WUW3fJ5MUVT3gkc626xZRWHNuG9HL5eyzFQgazmJMFQ6hkJnUFgANfnMBzqw4zo+Ne1VzxOBJvXGNhit3MrsTaylQttbZIzzBi5pE9oaUiwgZrSk67gMTOYKxVXnnmUBp8aeUiaiij8R4IyzBnw50DheFAgM7bqCANgDtrzq2cSGrHwHx/j2UhwsQo5DMnqBI/dHtpot4K0gK5gERrZgQWZD+sOwfeK0xN0B0A31nyIj8aJ4qDk8eyZ+sJBPvpYk5jJnMZ05CJA8vwpkKb4syymNdZ9n+lQlSWAPME6eB76NdQKgde0p8x9/3UUNhLZSAIAionjMsmNT8KnstJyLGxMnaBA07969XCgNrqfd7Kw39ELH0iATHqHvj2aVq1nYnunyo66kgg93uihSNF+yPhQBjJbO1NMFIX10nt3QB/A95oy3iXjQR6vxdfhWG5I+pOFn5JPsj4VM47a+TfdQfADOHtH6tGP6S/rfdVDmFXSeyow90gQTbuAkaT8m+8b+uomUOmRlVlIEqwBB8wdKJ6TicNcH1H/wANqhTYeQ+FVrSbJ2PoCt8LVP0L3LH9ExygeFps1of1ajxNm8SC9vDYiNmcNZuqPq3FDgnyCUzrwVR1Jk1ZJCo4tbfpHE4fwvJ+cW/XeQsVH2ri+VG2sUSisALwcEo2Hl1cDnOirvtmPnvBJqHoupa0RmIAuX9BA3xN6dd+XfUZw4loT5GIb7TlwxX+luW1H9w3D7qWcXvXFZLbrbGZc8ozNGW5bSMxVZHb7htVoTCqSZExA7UtyHfVa6VCL6AcrJ9+Is/hSDinFY1reMUrEnDnQz/vEPf4U9HFrWgJOu5iI05neqN0hf8An4/5ZTP65o0Y8a93Lxr0/j/GVlSZ878/5Ftd74/wW9OIWFEC4I8yTv7edIeP8WGdHRSwCsubtiM7J2mCqxCDKJIB9Iaa0hxOPyZ7kwArGDtopOvsrnnRvpjiPzp7j3GZns3bSwYCF4KkAaDVR7ql82mFceL9nX9MlffapLEkzsfBuMKEk2nXMS/a9LUADMragwB+FFfy3prbM+BEfCuMHpViRjnvAnqMRiWIBgrlZ4ET6JyxqIroTcQ8Kt8OuuyHS8HL9RfyabfPTHHFMWtwqVkQCDPjFR9Fh2MR/wAw3+FapO3EfCm3RK5Nu+e/EN/hWq3zq+FSX8h+lOUr5Sl5wa3VmkWNEEjup5dOlKsWoNeHYfUVeSvYuyp1IFBX7C8gJppjhEUtu71Bbp0YmZh7gUjSNabhLbqVZZUxOpBBBBBBGqkEAgjUEUgvXIy+f3GiLGPUbg0+MDih1fwxYENicQy/QLW1BHcXS2HP9bWlnEsTlWBAAgADYDYAeFZd4mANvear2Px+bbTWmSbJNYQ8Qvdk60iwuIAz5jHbPviPOTNGYs6N5Uts8zpILQe7UffVUiUmS4vE5gVUNt3ARJgel368qXquVgGOsxPtplbszcuDnCt7G0+NQtZGfXXtEexUP30RSNrpOi89if4/jurdbQ3PaPjt7Knv2vlE8nHuB+6orl1RpMnuFYfDye2v2W/drdnAMnT+PfUGR2II7MTvqdf9K8v4bssSSTlPwrB1kl6+WkLPdPdp3fjFQvabQE6AR7Pd8aNReyv2R8KjuisZguHtfKeS+/anFoADallo9v1feKaKwoM0T6X6On+bWvs0a/pL6/upd0baMLZ8VHeaYM2q78+R7qqQA+kCzYfyP7Joax6K/ZHwovjDA2mFLsPfUIva+aveeQ7hT1ySfZOabROayagbGIPpH9VvvFRnHiQBbuEkwI6vX2vVvuw/ZPhL9BlR9Ev0Tf0l7/1V+t0YESP47we41p0T/Rt/SXv/AFV+p2NPMHrWaOLfpN5j9kVU+lZ+XHhaT34i3+FWy16TeY/ZWql0p/Tv4WbR/wCs3/bUipSuk7xj57sID7HNOR0Nx5AK/m+vfccf+2a84x0WuYm8L9u8tv5IWyGXNIkk/Eeyjl4ZxYaDiQ/sk/7a6o/JlCtRg8OR/FjKxynFMV43oJxB7bp/NhmVlnrLhiREx1WtVaz+RLGKQwvWZH1m/wDjq+/ybxb/AIkP7JP+2sPD+Lf8SX+yH4VC2crHspHVRxp/CCRQrf5E8YrBxes5gQR2m3Bn6FWpuhnEP/1v7W5/8VMmwHFf+Ir/AGQ/CtfzDiv/ABFf7Jfwo12Tr/GQLVG384JijGdFsZaRrj9RkQFmy3LhaB3A2wCfWKM6F/ob39O3+FaqTFcK4m6lH4grKwgqbQ1HqFE9H+EvhrTo7i4z3C8qCo1VViCfq09l8p18ZPXpCuiMLeUYpLAq8NKW4tdKaXhpSzGNXDZ4PQrK5xS0CPZ8aXXEX6IpvxAfdSy8u4rmTenSkhbfUToKhYACpsQpBNDXTpV4gkjS48igC2tFDagn/wAvZTkfJj29G/jl/lQWHt5i36w+H4UYxoXB25zT9NvuNESRNkIvGNZsE+sPFbZYJO5LkAfqWx6tagv3W61erUk5GXcQO0CCx5KfbU3VZGVmbUuJUbRmBLRufRoionfhbXCCzZQJ7K6HXeT90nzqG1gVV3UACAnvB/CicR0gsJoC1wzHZEfH8KU4jjVwuzW0C5goMiYifpAbz3cqyTHlxXgPWxrUfEWRUafosPdpSS7jrxGp38fwrFVidWGw5Dx5maKiB2DR+IW4ABJgdx+6ormJDCV1+H92aXHDCDMk9r3TrTdbUoI5AVswCk2BAGZlp27IG361Thfqt67h+4xWLodaLtLpQNxPpfoos4OxP+7WmN3RkiYJb4Uv6Jf7HY+wKY3vSTzP7JqhEH4rpbMEjUDc8zFVvhd8XLSOswVE94I0IPcRVl4uJtnzX9oVQuMYVVy5MMLhNm3c1Fw5pJDgNmidoHjUra+ZSufEeXsQq7kT3cye4LuT4Uy4VgSAbjgByNByUd34nmfACKndw91DFuzlOuXLZmT1bETKNADACTHnyJC4bFGPkmJlZOSwvay29DKiVnNJ5gtABEUsPjqL1jTtclhZOIdg9YhUnTOkiW8V19Ie8adxEfRJ81ksp3e8fUcTeI3++kmDwWML2iyuoDLnAuIAQGMQFddh6W05lENBFPOh5+RP27v/AKm/VyI4t6lu8HXbXsjw8qqPST/aL/hhbB/6uIP7tW+zu/2v3VqndIz/ADnF+GDsftYv8KwRhg9hRgoLCHSjBQCe1qa9NamsY8NaMa2rQ1jGj1DdqZqiasYEvKIpTjRFN7goHEpUbFqL15pXb1sEeNL3sKTznzNPMUoA/j1Unad6422mdSwWX7HaIE7DmfGh2wc7UzI7f6v31Jl0roTJ9Fe6neJoPFWo1mrDetAk6gecUl4hb3gg7bGnTEzAJ7Zka/jSm5ZLMy5yFNzUcpb47d9OcUv8DnqKV3iA7GdmB95j3mqInMnGDVLRCltSNiQNSBtRlnDJkJKg9n50nlvrUbXBlIkbjmO8TW4vqEPaHonQEEjTw8awFhWbaliok8vcPwFNbPD5Pzicqn25qXcNXM9te889PmnwPwq84PgNsr6AzBVJOYncSNAonyqkVpKTKnfwZFsGNIB237NOLfBTOpg5QduUn7xRXHsKBaSLYAI0IjWUMb6+2omtZSctqCFBOtuIJIGkx8002CaB4jBhQxMmC3wofBXJtrP0RRmKXMhPUjmJGTf1UrweJXIoj5o5ryHcGmkmitbXsJipU0FBm/JMcvBvwrdblzkPcD8XHwpEPyR9P9Ff9ksj6tMbvpL5n9k0t6K/7Nb8J+Jpo+6+f7pqpAH4p6H6y/tCl+BUmxZ+wn7IphxT9H+sn7YoHh9wdRZPfbT3oKMRWSYkfOHIfx4UQ79sDwnn/pQ2NuQCO9TzHId29FOgzTzGlMY8sv8AKEd0Uq6EH5D9a778RfpwnpTSfoUf5uP1z7b100shh9bGrfa/dWqZ0i/TY3/lbI92LP31c7e7fa/dWqlxq3mv4sd9mynuvf8AdSmQTgj2aNBoDh/ojyo4UBj2vCKWdJOMLhbDXSRm2RebudlUSMxiTEjRTqN64r0h6b4q8/WI4trAyPEXLZBmOsRViT83tjXUnesY70xABJ0A3J2HrqM183Y7pdxC+y3XvSwAUEBRkgQWURlRid2XtE86O4L+UDiFjTrbl2Tp156wT5sucDwDCsY+gDUTUPwjHC/YtXgABctq8AyBmEkTpMHT1UQaxiF6ExIkRWnFOLWLOl29atnTR3VTrMaEzBg61mHxNu6ge26up2ZSGBjuIpJFYld4vhYU+rz1YD76gxeGRAzvlRV1JMQBTzieHLrAGpK+zMJrn/GOMnFOoKqlpPlGXNmLZde3IAGU6ZROo3015lVpZ2YMP5WwZIGYdw+TuifIlda0vYvBzAu2ie7NMecbeuqjdxR1Luyo2YFdDlIeDpETqW8CN+ZGv3gCAWOYCA2Y5gRuM0zBHaBJ0nuMVdVom7C527KZmgKR2SDodCOR56io8XYG+UewVS7XF7lvLlbstDFSGhipnUZiRJGsRNXDCcZtXQsaMdGENlDd2YgA8vaJoOLQYy0XYmyNNBr/AK0mt2QbrSO7mR85+7yqx4wrPZM+340ga8q3Gnu7j9Jjy86aIs0TYWyMz+DCJJMCO6a9xtlZWFWCl3kNwoIPnvWYa6ud9QJyxOnI99E30BAP1bpHjCa/H3UTYuJW+F+naMc/3TXSMFdIUkcwvPuQCuc8Pbt2/tD3giug4ZOy691tT7esH7oqsDnmLeK4u2RaTrFlIUiQI7OXXu10oo2CWc7yiD2G4fvoPiuDylCArdokBwdOtuIGgqRIzXZ1B2ozgWFKKUbLIUHszEEvHIfxNUXYrF2JUi28Dm3vUGkuEXsIPqj4VbXt5rF7zf3Aj7hVbRIVPsL+yKjYVp9gSr2m8/vNTK1awMzef8fH3VuKmWw+l+i1yMMkz6TjmdmPdTVrkxA21105H1+6lXRQfzfyuXR7LjCmOKAzWv6T/wBt6scxFjySnaMCV2HPMI1Mc/CgOEpmw2Hn/dWjy/3YpnxMdj9ZP8RaqGA4ldTC4cBgJs2RJA0+TTx8Y58qKBhZMcvZY6+i3wPKp7hPWDeNe+KTfn5crDbKZAmNhr40xt4+3mVJloHL6s7xT51omhNsdsn+NqU9ClzYVJ10PdzuXKbh+4Gl3Q20UsBDuuZTG0rduAx7KSQ6Y0s2wcwIGjQNBtlU93eTVexgH5ziJ2+RBjuyGY9Rqy4fd/t/urVX4g3y2J+3aX1mykftTSsZDfC4a26Bk0B5KQQPDblUd6FbKCSaF4Hicigcj7u41MbYzFpmgE5N+WHHM2JWwzOLVuyt0ZGC9t2dDJgkkhQBoYGbQySCug/QXDDDrjcaVyModQ9w5VUmR1jEKDsBAlWB2NDfll4W6XUxZBey6pbfTS26PKsftI1xR4z3irVwy1bvcMtjE4TO2DGULcIyO+Ht9W1wBSQU9KMw5ExMUBoifpt0PtXMMbmDSHUKQtvQFJloE6nKSdN4G5iuPtfRAVyoSDrOvPX0hmB8iK+hsL16kW71jqHKlkCsrIyLAIBHouuZZUjnoTBio/lC6LrdRsTaU9ehDMMxPWL87QyAwGogDnUufF4zonWprlAbfksxStw+2meXU3Cyn0lD3rhWR3HUyJEyJ0NWwCSBXO+i/Ez+fWrJtC3+nTRj+iKC5bQplGUIqWgNTEtMEmuiJuPVVjlZ8843HNfxt133Z7rAdxnKvsRYq+fknB6nEKdhdUgd0rBj+rXOeE30OKkh2Um5OVcxjtkkCdYBn1V078mrDLiotm3F1AEIIIXq5UtOuY5iSfGhLwPFd9DfpThM2Gu5QAyrn1MBshDlW+qwUqfBjXG7uNbMSE6sPeYkbZVzZgpHIKDttBruuMth1KMJDAqR3hhB+NcCx+HKtmLQVJtkTrNgBYPcSsETpuOVTraeoexYkaX8YSDm3LMxHgxiPXUeFwr3iuVWI0UsBMRoJ9o9lMOOcH6tw6lWDOAUWQBO0NOqtlbXSI2GlWXheDt25CLlmJMnfxmnbwWMWyq3MJatjNLlkOVwB2VJMHtZdYO49hqx8DsOroDbURnB0kECZdW3ylipH2mA30M4hbzWzbOqlbQZVDBELX0GXUATEsYmAR2iDTHh1vslmHadif1FOVAPCBmj6xoSfQYrshxVmCT5D2/5xVdxeGIe6eWRD7HP3H31aMSoHL40pscNS5fuLcUFchIB/wDLBKncESdR30kWNLsD4lg1XP2VkBoIAnYxHjWLw229jPqGyZpDHu7jNM7nD7pd1QlgirlzzLSDPb3kHvmiOH2ALRtOjo+QLqJXXQEMsiNDExtR39AxHPsBhwxQQCSwn31d+HYR1UlTcAiHIYXFgSYIftQAW9FdJNVHh4y3FkEhWIJAJiJHIcjFdIw1teqcqylXt7ggjZpOnhHsq8SExBxK65a2AUfbKPRbs3LLQ8kxovcOdH4XFMCzXLN1AQgkLnGmbWbZJA7XMVnG0zPYB1AD78wUBH7Nb4fhgjssRly5ZlgAVBJEENuTuadeROsAW4ggsXu0pM3DEiYk8t9qr9rEoyrBBhQCJ5wBTLiaZrdwFQ2jgEnMQwLAEZtttgfVS29hrcCByHMkbdxkVKZWrfRCDJePpn4Csy142EG4+Cf9tYuFY8x/f+5xSaijbPp3ol+hPhev/wCK1MsUO1a/pP8A23pX0S/RXB3YjEf4rU1xW9v7f7j1Uia8Q9Afat/4i1y7BYhgbAzQPzazzCn9Cp9ICa6jxH0P17f+ItcftYpUu4O1bHp4O2fkwS2eO0CFDGToZjSKxWlay78E1zTrtqZY6zzbWob+LCuzu6IVZlDMVUiBEKTqdO7vpThuL9SYN22JJDB3UNmnQDUkkdrT4Vrbwl6+WZcJeJLNlchba9qO0TdKyJ10BptKWxUVpbL3ECgLPdiFYx2QPRMaETv4mt+hF/PYz/Sa43tv3j99If8A6fuLe66/iLVoEBRaYi6uihZCEIC+mhOeKcYG6tm2Et27l0AuS3ZtOSzFycrZARLGNgIgUjfZxRUvZYMNu/2/3VqpY9vlcV/T2R/0MMfvp3Z4kms9ah31GblGrDMvLvpJiFJbEsNQ99WWAZIWxh7R0IHzrb7aVmURNw49kUwWl+AUhRII89KPFAJpirCXEZHVXRhDKwBUg8iDVXUnC4pcMFZ7WI1lnLQq2hbdHQmVjKrC787OVMkzVrJqu8a4AzM961duqzlS6IbSl8qZBluMudTommcDQ6rM1hotb2G4HhtwXC9zFPet5y9pWj5OVdCM4PaXK8ACPRG5kkW5dm6yc9du4aHXY+PdpSnE9ILWGsFGJsW7GW0tq31jX2ASUUu6hbMqNWM8yDs1QdBMQDhHvPaFmb2JYjWQM7MczN2mI1WTr2ajZDTrpmo+EKOjqP8Ayze7GZG6y8GBjKQz2JOhkE9YMsiTB5AVfOK4wWbN26drdt3/AKqk/dVX4Lj1s4tEuFUFywLeZiAGxJvG69pZ3M4jlzBG4NS/lSxfV8OujncZLfmCwZv7qmrackl2cg6JNlZkjV4Qnkqwc5n7JNdK/JncN1cZePz74jvAVAQPUGA9Vcu4NeCi43NlKjwDmG8jAI/WPdXYPyc4Q28BbJ3uF7vqZoX+6q0k/BaKSikMeJIywQ76mAvZiYnmPDwrl3THg165jARayddOgOhCgKdRucsFmiJYiTBrrHEkJCQJIuL99VnGoX6zFI4UibVsHZ7dtiXJPIM+aJ0IVTKzmE4eTTxoo1+/dVlt3goKgA5TmzMkBXMkgaTtG5NNrOw1pDxB+svDO3VZmbttJCmCw1HLxjbwoxUvW9NLi/StEXF9eWSvrAp2tBGfEc4nFqqdoFwxCACNS+kQSKN4cj9WARly9kTAlV0ViBougHrBPOkNpS+ZiCBahgCIJYBXzEHUaGAN9TpW/F8Nce6VLqygAhCzDLGjSigyZ+cfpCKHHegOXsZ4nH4cb3J+wHf3oCKh/lPDKA6Xzm1UWhbZrrkkdkIwBgwNfDelDABdWM/VG3rMz7BW/BcZdS7mtW0L5G7TalQSkSxB7Rg+qe6jxSE56WXgzYk4leusJat3Fj/xCylZKBmHYDamRAgak6Veej3B8NiHZruRgqr1aEwxVpK4g7EBpYJGwJMy0CtdFOE4zEl7l9h+bopzoBHWNuLfOVjVvAgczDXF3mdi0yZiQIOpiCs7tERMhRRivZm/Q0x35LbBdrli69m425b5RZ7yCQWP2iaofSTgGKwrOGt3GBgNewy3GS4GG9y3BCsIgySRpGldA6O8RvBQoKlczAAhtezJYfRRNJA07WWA3pOeF8ZDWwLluFzZes9JHMmWzRAUyDLRObSmBpwW7jbzPbeUuKmYQOydVIgzMETzimmA45blhcm0Swyh41ARRGYErMhuddP6V9CcNik620VS6Bo67MOasVM5TrryOvKDxS/ZPWXLYIcoYYHLMnkrr2X9aqe+Kyk0HjGRtxeUW409n5Ujx7TAUunYGoeM4bLbIXMkkDJsDJ+idInmulMMTZ7tRQk9GhHGQcq8ViK8afKtBd9fspB20fS3RL9Hd/5nEf4ppli7glQNSGkgcuyw17txSLhOMt2rNzOSJxOIgCSznrWOVVAzMY5DuofH8QYiHcYa1/uw4F1hHznU9jyQltjm3FdCi34OSU4x/JjPG8VluqQdbdBE21MKhEMOuuxCcjlAzHcAiquOi/DLT2zeuveu2lCogY5lUd9vDqrN9pgab8JdXX5Jkt2gcqwCkmYMAiT2iBPMzzqbA28I118Ol5Hupq9pCoKltZKiSDO/nrWxJ4wxl1sSPh5t2/8AZMHasgkyzBUJ+tCBmYz9Iqd6nbrXHyl5j3rbHVL7QS4/r1uqBZA5Mw/vHnUOKxiW4DHtHZQCzN4hRrG2uw5kUrGPbOHRJKqATuQNW8zu3rrTEYpUOUyW3Crq3s5DxMDxqILduGDNsfRXW4ftMNE8lk6aOKYYPhKoJIAG5A3Jjdm3J8d/GthheA76nsDuU6nzbl5D2mjsJeFtSoWo4r0CjgDTEcUdVZm7KqCxJiAoEkmeVLOD404q31y9fZVmIUE2+0o0DqrBgqnXTTaqpxHGXMZfOFe7ksgs1xE6vrCBcbqraW4a6zZQhYkESToMsVZU4jctDK2UKoEdcj2ABsB1qq9knwULQ1IONjMYe4Nr7n7SWT+yin314LGJ1brbOVRJmy4MDcZuvgac4rS3xEkAmzcyn5yG26+ohwx/q1BxPjOHeEY3RaHpIcPiQbrnRVYtbC5JgkTDaA6SG2xFySBuPcJGLtIwVQ+UEB5EgqSELrDKQxBDCYIOhBIpPxPHWbWD6m2UW4ym2llyA2eYuK45AEtmbbWZ1BLvG8VvBSwsZACMzXXWVWRmudXbLZgoliC6GAaR8S4M/wCd3VzKzslm51mVVCMXdVUAEsS1xbMSTCownWhGCm9/Q873UuL9gWKw6Oli4pzIQRacj9Jeb5S5iCIkKvak82Zx9EmvflV6QC/hcKAMrO913WZytZJslQeYzG5BjUCr5/I2GGJvWFsDIuHtsFLEpbOa4FC29lD9XmIG7WkJE61xDpjiQ+LugbI5RR5GW08WLUWsJQt5y034Hg/kmuHv0HeANZ8NTXdeF4Tq7Fm2NMlq2v8AVQCuO9HUDhbYMzCnmAbnYHvYV1bj/Gzh3sAdXF18pD5gTNy0mVI+dFxm1+hSSR0RZt0hxDWcO7Ke2RlSeTucqf3ivtqtdJ2XD2LaoDltqFAnUquQ+M6KR66sfSSHuYe2P941xh4WkJHsuG3VR6YXQRB5bev/ACpYLo0pdibFYRL4zI0uVOhCDMDruBIPiSR4c6QfndwAKVOZSJJhWUhu0AwOZeY0jepsE10OFtMsGdGBMAAnSNhMeUipVwWct2ir/PzkvJ27X4rp5gUwqC/5YzJcU23JuSCWZW3UJMjkAB7PGmFjF2LnZgWzrl7IAUkRMKQPVtVcaUJV4U+J0Pkdj8aZcEsoWhlLHdTldwddiAD8IilwYsFjD2VIt3VAcjcO+V43lc2nft5gaS64RYRhlw1rP/RrMT3sBlHrIoniHGrXUpYKBECiUUA3LhGpgJPVpP0cx21TYsOhOHuXsQcRalLdtVtkOrBWDZi6WwYyMMtljpHLeYDjptxCu7g+I4KcRbF6yCxZllLlk+Ny0rNkmfTAHiaJwfSnAXjOOtrhrpBHXoW6ttJ1Oo1gwGzA6A7hT1RFjc1TOmXBOHlWe5dtYdzvqsNP0rfPxYQdNTE066F08XD3LdsXMp+V1YqTKKIyhmUgljEsZAkQXyqKgtqzBksSFKywzNlzDWSIAtEiDIgHcEgZq55g8ZisDdb80uOqKdUZWNhweayBB8QAdNo0LjiH5SslmEwrWsYZVCPQhjmZiRo6z2o1MnYSTWTM0F/lA6VHAYZ8GlzPiboEgGVw6MJYnXRmkwPXtpXLujzNIAUHNpJYr2jtJynU66n8KWY7rGdmuvLsSzMxEsx1JPOm/RlpEA9ousR3KGffb5gMVmNDyjTi4xYIW49tlI9Ajsee0z9YQaW3EC623I0BykzAOonu9lPukYaUmZ31pBd0yj/8QJ9cE0F2PdBRliNUx50J5+31Vt+dL9IDz/zobB+jrqO41P1a8tKOE9O49KbjI2bDhQziWM5dy2Yk+YBjnNV61izb7d65bgDKwXtEsxJUmBoYBHjE6VY+kOHDhARIOdSBuZylY8d6Cw3RR0RnGGIUAtLHfKCZyk6mJjTme+vYplGMFLUj5/5CbslBpv8AoZdHuNr1eHVUUqzPEsFfOuIX0ZMQquGgAnalvQPiX8/vXL/yrtkW3dC25C3M0PoBlDDIDGuwO1NsL0Ws4rD4dluHIA7lrbZc3W5cyg2zMDLlIkePOisLwi3h+oYW7aIhdrrKxDIQpIaRoynLBkz2hymvHnZH7zS9s9uuHGqO+l4G+PR2cqjlAWJOVQWMmQFJkL49k+Eb1NgODKk6ZZ1YyWdj3u7EljHMkmt+j2OF6z1pXKWZ9xBjMQvqyga86Lv3p028iR8Kq1jCnq0Js4cKNAB8am6oUnNwzu39ZvxrXrnHz2/rE/GgwjnqF+iPYKC4xYudUww62xdOiswGVCxjOR87KJaOcRpM0stcVDTlvAwSphgQCNxO2YcxW9ric6LeDHwZD7hW4sxpwHha4SyLKYZgoksxZGZ2PpXHbNJY7kmtr2JluxadR4c/Hvqdmd4BLEHloB7hrUGOxGUmzbYhgAblwfMB1CqfpkbfRHaPzQ2wVga4Oxdc5LKjKCLt4Sjl/oK1shiRuxnTQbk5UfFeHrdZrdtbxFu5kfrLxYAPZKl0Fx3YMq3sykiCUI2MifE410a1btQJZlRCTl0WczayVXVj3nxM1rjML1XyoxKW3bKly5fAZbmpK6dYmRllssGIJEGARpwfHV5NCaUsfgU8R4diXLK6M6EFSyXDczyIJ6q9iLaWj4ZXjvNTYDhV23myW2ljZBe7dU3GS0GiWQNDBmERoAi86qXEuLY5/wD7rIYg5GygNsQq2gWIn5x0M+ka34L0RxmNtG4eJXRlZlKM11iYghj24UGdopF93PGf4WuVC8vf9LnxRriPfxTOMMOoVWC5buYWutaT1lsQe2QAszJnkK+esRiWdmuOSXZizExJJMnbSnNrh730NzsgggS5ltVDAghO499JxZiJkyRA7xI8++st9k0o/wDKLv0Ewvy2Ht/OLda3gFV7ik+tAKvXS0Q2EP0cQv7SOfdb91KOgdoNiCYHydk+cuyhdfIXKZ/lCfq7dl/o3i3/APPfI94FB+R14A+lzsbrsDcAs2MoNtgh6y8uIcTmIBAOHtmJnaNYpL0usOpJJzDLr3g8/fzqy8fvBFxXeTYI+y6NZ+IYeuknSW5mQECSRPnIpkhWyo8Dku/gg97Gf2RW179K2pB0OYafMJj7JO48KBt3cjaSCQRALDbUHQiRv7agfGkGQe15kz4EE67kR403EGjZuIXDHZU9x1DeOg5gcgdRMUZZNwqGL6d6mAZ8ZJ9hFJEukyYB2BABE6TpJmRpFNeHYtT2SASdthn+4XPc3ntOQyY94HxQ2JVbNtydnZtTppnGU520jMW++rLgumWJykK6rJ1yWwCpjbtlwDr3d1VfCqggqR3TEHyPMHwoxnMhhodpHMdzDmN/ESYI1qbkOo6MMYt/EQWv3jP0rlwjxm3OQjwivOHYY22yN2CZAy6I/wBmOcfNOuh3Gpkw2P0jn+GtQ3sYIIYZgdwdt5HsNJrGzCZkNqMqFk5rOq/YOxH1D6jplI/H8WhtFragkruAJ3huzGrAToRp3cq8GLKDUl05MfSXwbvH1t+/vod3UnXfTX8ay/ZitWuH4e67srM4kEMGYGWGqMO8ETsPS8K84bhbaYtMub9E7HMSd4AHvNNMZZIclWAJAlSCQYntBpBnXu8xsaUYnrLVzrWGYZGTsKTEkEEyZM7baRVd1CwfGabCelLAlPL7zVUxL5m02CKNeeUakd9E8S4h1jAjMSNIykerwqC1hLjD0NIEzETRj0h75qctQLZo0VB1WTeJ7j+P+tS2oI099NpJH0nwUhrqyNjInvyss+HpVabiDKcx0gg92oqm9cbL5jplMz4d/lSjpD0ouhoDZVMQwBZzPIBwLdoz35j3CrQhyRJ4mW3F3sNYtsucIjNPzVAJI7KCNRI2AO5qvcS6Q2x2QiqAZBugz3grYnMdt3yAd9U61ir11yUzK0dpiSbsfWuNqo20XKp2jUU94J0QvPDMOrXeWBzHyXQ+sxsKoqYRe+wOTawPwvSi4NAM8kzngMx5ABQAvl2vM8rFh8YzJma21vwYg+v/AFAqLD8LtYcAASx2O7nvgAaDyEd9Si0zelIH0QdfWRt5L3bnatLgZJktq6GmOWh86XdKL2ITC3DhUL3oAUCJEkAuoJAYqCSBPKmiqAIGgGwGwr2ojlIv9IbdmwLQw+LwothcrXcNcILgmWd7edTM5tNZJ1FU88TS5dVPz+11RPaRjdGWYk/Lw2cR4+qa7QgMwJnwofpDhsP1OS/bS6zbBgDqOcwSqidTzkDUsATGXEVrsp3RvG4hesvYZLBS/KoCzBltWSyLcEAocz9ZEkZoBmAxV9gredAVeVJPpE5s09vrBGj5vSB2PhFecNtgIAogcyABoIUaDQaAAAaAACsxmDBYsjvacxLWyvagQMysrKxA0BieU0ySfkWWti/MDii3JJtL5hVdyPMsq/8Al0i6c3+su2rKrnuJbe6oJhczMtsSBqxyC/AGvMTBp2lhbb20WYGcyTJJYlmZjzYkknzoHi5V7F0H/wAS8ApjUMl1bCFPrZlMHvfumlnbjTGrpc9S/RRn0GZ39Q0Hq1k+2n/Q/pMuGRwmS4HJbq8wQyFAlXOhMDUHu5alqrxPBro7XAzt6XbIKtPaXKCAIII7/jVdvWrZzN6W4AJJkgasfAV0X/OjYuCQ6+jWVQVk5LGMcRxFbVtwPSdEIAAgfJBMxgADaddTNLrGJHWWh1agCFBMnnvvFeWMKIOaNIEN5TsfMUPbC5oG86ZZOvcAN+6uMaP/AJTz2dc/Jnbn85fxtJ/VV3j/AKgph+Ui1mwqiJPWLHrVwfca2/J7w5rOE7YIe5ce4cwytGiJK/NlEUx40X0zYDD5voXLJ9Ruqh9zGgKUPiN0lGDA5wqLdBdySDctulxWZiSo7p063uiRL/FC1pCqycig8lkAc99+4H1Uy40tu7hLdzUXLeHtsHHMC2CUbvUid9p0qvlCEUnq/RAmFJgabG395p9FFV1IJLEEnxiO6B3UM8DWR/HxoziFwohYEGOWUDcgbiPhWmLswoOcyY8tRJ3nuo8gcQZGJgwwBJ2MAeqfDur228DXXmfbow7uR99Q2ScgPNp9s5RRRHdy+6lfYw3w2KkDWW8YAcDv7nG0+XLZ9w/EBxuQNtdwe493lVNtANpt3eB/jb2d1G2sayMDID7SRIKgHUiRJERvpMHlUpR0ZMtrEgwdQf4BBmQfEa1IcSFnOdOTmPY3cfHY+B3rg40rCXvAfVUKJ9xb30JiuKWCsQzHkSCfe23qpOI/ItV7i9hN3UHukT8aV3ONW1MpmI7gphfFTsR4ezuqsfynAAVCNI3HLSoX4g55L7zTKAGyy3+Mg/8AhueeuUeuc0j1UC3EbhGuXz5kcpEAA98e6kLX7h+cfVArXqydz8aZRF0Y3cQZzG4FPhGo8RqD66FfF7mWbXvP+nuqAWwK8YLE/wCfwplEDZ5dxR5AD+PdW3XMPXrt/pQxafXU802GPpG7iARqT6xIpYcMq+gQBzUjNbPmhiP1StZWUvJrwHBjwfFWLZXNYCkaK1sZ1XyQdpJ5wD4mnN3iZOiAqPpH0j5KfR82nyFZWU33G/IOKNLV5R3ydyZJPmdSalF9e8VlZW02G4YVsoJMCsrKZCsIv3Uw6Z3IkkKBIEsTAUE7a8/XVM4hjmusWJ3I2nxgCdgJMDxJOpNZWUrZhhgn+TX1/GosbY6xGQkgMN13Gsgj1gedZWU29GwpmLuYqzcVb126IBC3FW2y3AQICu6ylw/XLanc6mmnCnW5cw1rNme2vWXJ0OdQFJZSARL3HYaDVZFeVlTn2kUqbjywd4zo1g7rMz2gSxLND3VBY7sVVwsnmY1qnflB6J4W1hRds2uryOM+U3GlGVhqCxgBsmtZWUqM5NoW/kr4DaxNi9exCF5u5V7TrsoLHssJ1ZR+rV6wfRXBWbgu28OguDZiXYjxGZiAfEa1lZRYBtFV/pof5pdnYAN/VZW+6vKysjFF67+Yskz/ADaNu60RE0muXl6tddZb3Ma9rK2mwCxeIVkI74/aFC4i+GS2uxyyT+rlj3msrKKMwXBXAAJ5EwPKfvJ9lTnEaHkfGsrKYUiDkGaMS6GEN6if8+fjzrKylCwOynKamKAb++vaythiJlH8A1hb+NK8rKZIGkVxyO4Vr1vj91eVlEx42tRmSI9Xvr2so4Y0trtUrtFe1lAx/9k=" width="640" /></span></font></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-size: 14pt; line-height: 107%;"><font face="verdana">Estamos aprendendo com a
pandemia, sim. Novas tecnologias, aulas remotas, aplicativos, edição de vídeo.
No entanto, por mais que o professor se esforce e supere limitações, ele não dá
conta das desigualdades sociais que se refletem na estrutura da escola pública.
Cinco alunos meus acessam aulas on line. Destes, apenas um dispõe de computador
para realizar as atividades. Tentei realizar algumas atividades que elaborei, no
celular. É muito ruim. Não é o ideal. E não há aplicativo de edição de vídeo ou
peruca de palhaço que modifique isso.<o:p></o:p></font></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><o:p style="background-color: white;"><font face="verdana"> </font></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><o:p style="background-color: white;"><font face="verdana"> </font></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><o:p style="background-color: white;"><font face="verdana"> </font></o:p></span></p><br />Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-64799350580049643332020-07-23T10:05:00.002-07:002020-07-23T10:05:45.912-07:00O país que chumba as bichas<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Minha avó paterna fazia
um ritual curioso para debelar as “bichas” dos netos. Bichas, na época, era o
nome que os temidos vermes que acometiam o intestino das crianças recebiam.
Consistia em sentar o “doente”, imóvel, numa cadeira, cobrindo-o com um pano
branquíssimo (tinha que ser branco). Em seguida, a avó equilibrava na cabeça do
vivente um copo cheio de água. E então vinha a parte mais perigosa: derramar
chumbo derretido dentro do copo. Fazia um barulho enorme, pipocando e formando
bolinhas. Nós, a turma de crianças da família, espiávamos por entre as frestas
da porta, pois o “atendimento” precisava ser individual. Na primeira vez que
presenciei o ritual, perguntei aos mais velhos o que era aquilo, e recebi a
resposta, solene: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“estão chumbando as
bichas”</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">do fulano.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O chumbamento de bichas
se transformou em (um) dos meus pesadelos da infância. E se a avó derramasse aquele
chumbo derretido, que devia queimar a pele, no braço ou no rosto de alguém<strong><span style="background: white; border: none windowtext 1.0pt; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">?</span></strong>
Eu não sabia o que fazer para que as bichas não me atacassem, então rezava para
não precisar passar pela "cura" que me parecia mais perigosa que benéfica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Até que fui salva pela
professora de Ciências. Durante um bimestre, estudamos várias parasitoses, seus
causadores, formas de contágio e aquela palavra nova e deliciosa: profilaxia. Bem
no final de cada aula, a professora e o livro didático reforçavam como fazer
para evitar tais doenças: higiene pessoal e dos alimentos, evitar andar de pés
descalços, entre outras medidas simples. Ufa. O chinelo havaianas, o sabonete e
uma alface bem lavada me livraram do chumbamento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">E então, quase quarenta
anos depois, o benzimento da avó me vem à cabeça a cada vez que um novo e
milagroso medicamento contra a COVID-19 aparece e é alardeado por pessoas que,
infelizmente, parecem ter faltado às aulas básicas de Ciências. Assim como o
benzimento, ouço os defensores da cloroquina e ivermectina (inclusive médicos)
que dizem: mal não vai fazer, então, por que não usar, visto que não há outra alternativa<strong><span style="background: white; border: none windowtext 1.0pt; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">?</span></strong><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><strong><span style="background: white; border: none windowtext 1.0pt; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;"><br /></span></strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Bem, ninguém nunca
morreu por ter sido benzido com arruda e água benta. Mas pode ter deixado de
fazer um tratamento crucial, para uma doença séria, acreditando numa solução
mágica. Da mesma forma, se acreditamos que os medicamentos sem comprovação científica
nos protegem do coronavírus, a tendência é relaxar com as medidas
comprovadamente eficazes: etiqueta respiratória, higiene das mãos e
distanciamento social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Diante de uma doença
nova e que tem abreviado milhares de vidas, é normal recorrer a soluções
simples para problemas complexos. A atitude do presidente do Brasil funciona
nessa lógica. Talvez por isso ele esteja disposto a protagonizar cenas como a
do último final de semana, na qual ergueu uma caixinha do medicamento
cloroquina, (assim como minha avó erguia o copo de água antes de colocar sobre
a cabeça do neto), enquanto a plateia exaltava “a cura” (no caso de Bolsonaro,
é muito útil alardear um remédio que faça com que a população se imagine imune, para reabrir escolas e comércios). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="clear: left; float: left; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 107%; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Imagem" height="313" src="https://pbs.twimg.com/media/EdnAjpAWAAMmeYT?format=jpg&name=900x900" width="400" /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Este é o resultado de
um país que decidiu desvalorizar a Ciência: médicos prescrevendo remédios sem
eficácia comprovada, governantes distribuindo kits deles como milagres. O
desprezo pela educação causa outro efeito: uma população que acredita em
qualquer informação que confirme seus desejos, sem ter o senso crítico para
questionar. Assim, seremos o Brasil que chumba bichas eternamente. E que continuará a eleger vermes.<o:p></o:p></span></div>
<br />Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-70283635973337159672020-03-04T08:45:00.004-08:002020-03-04T08:48:12.643-08:00Pesquisa "Véio da Havan"<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Aí o teu filho precisa fazer uma pesquisa para a disciplina de empreendedorismo para a escola, sobre o véio da Havan. O que tu faz? Arregaça as mangas e produz um pequeno dossiê dessa trajetória tão "edificante". </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Luciano Hang<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Origens e
início da trajetória empresarial<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Luciano Hang
nasceu em Brusque, Santa Catarina, em 11 de outubro de 1962. É um empresário
brasileiro que fundou e hoje administra as Lojas Havan (uma das maiores lojas
de departamentos do Brasil).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em 2019,
foi eleito pela revista Forbes como o 21º homem mais rico do Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Começou a
trabalhar aos 17 anos na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, onde seus pais
trabalhavam. Depois comprou uma empresa de tecelagem, a Santa Cruz, onde
expandiu seus negócios. Em 1986, juntamente com o sócio Vanderlei de Limas,
abriu uma pequena loja de tecidos. Da sociedade surgiu o nome Havan (junção dos
nomes Vanderlei e Hang).<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR;">Fonte: </span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Luciano_Hang">https://pt.wikipedia.org/wiki/Luciano_Hang</a></span><o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Envolvimento
com a política<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em 2018, Hang
apoiou o então candidato à presidência Jair Bolsonaro e foi multado em R$ 10
mil pelo TSE por ter pago publicações no Facebook para impulsionar a campanha. Também
há a acusação de ter pago disparos de mensagens por whatsapp contra o PT para
impulsionar a campanha de Bolsonaro.<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR;">Fonte: </span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><a href="https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/dono-da-havan-cresceu-sob-governos-petistas-e-acumula-processos.shtml">https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/dono-da-havan-cresceu-sob-governos-petistas-e-acumula-processos.shtml</a></span><o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Processos e condenações<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em 1999 Hang
foi acusado de contrabando pela Justiça, com a acusação de que não teria
declarado 1500 quilos de veludo importados pelo porto de Itajaí. Essa foi a
primeira acusação de uma série de denúncias que resultariam na condenação do
empresário. Ele criou uma importadora de fachada, que não tinha sede própria
nem empregados. Assim, conseguia adulterar faturas e notas fiscais como forma
de esquentar os produtos comprados no exterior. Na mesma denúncia, o empresário
foi acusado de usar duas contas em Miami para lavagem de dinheiro de origem
criminosa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Entre abril
de 2005 e outubro de 2014, Luciano Hang realizou 50 empréstimos junto ao Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar a
expansão de suas atividades comerciais no país, resultando na abertura de quase
100 lojas em 13 estados do Brasil. Os empréstimos totalizam cerca de R$ 20,6
milhões. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR;">Fonte: </span><a href="http://www.secpf.com.br/site/havan-expansao-com-dinheiro-publico-e-sonegacao/"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">http://www.secpf.com.br/site/havan-expansao-com-dinheiro-publico-e-sonegacao/</span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Luciano Hang
acumula uma dívida de R$ 168 milhões com a Receita Federal e o Instituto
Nacional de Seguro Social (INSS), que deverá ser quitada em 115 anos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Fonte:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><a href="https://www.conversaafiada.com.br/brasil/dono-da-havan-compra-jato-de-r-250-milhoes-mas-deve-r-168-milhoes-a-receita">https://www.conversaafiada.com.br/brasil/dono-da-havan-compra-jato-de-r-250-milhoes-mas-deve-r-168-milhoes-a-receita</a><o:p></o:p></span><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Intimidação e chantagem<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: black; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O empresário também foi proibido pela justiça de
adotar condutas capazes de influenciar votos de funcionários, durante a eleição
de 2018, sob pena de multa de R$ 500 mil. Isso porque foi acusado pelo MPT de
constranger seus 15 mil funcionários durante dois "atos cívicos" em
diferentes lojas de<span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;"> Santa Catarina, nos quais dizia</span>
que a empresa poderia vir a "fechar as portas e demitir" seus
colaboradores caso algum candidato de esquerda vencesse as eleições. <o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="color: black; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Fonte:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><a href="https://www.huffpostbrasil.com/2018/10/03/justica-do-trabalho-proibe-dono-da-havan-de-coagir-funcionarios-a-votar-em-bolsonaro_a_23549906/">https://www.huffpostbrasil.com/2018/10/03/justica-do-trabalho-proibe-dono-da-havan-de-coagir-funcionarios-a-votar-em-bolsonaro_a_23549906/</a></span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">As Lojas
Havan são lojas de departamentos que vendem, prioritariamente, produtos
importados da China, muitos de qualidade duvidosa. Além disso, a instalação
desse tipo de comércio impacta grandemente o comércio local, de forma negativa.
O empresário Hang costuma utilizar seu poder econômico para chantagear
vereadores para aprovarem projetos que o beneficiem, como aconteceu em Jaraguá
do Sul, em 2015. Hang anunciou a demissão de 200 funcionários e fechamento de
duas lojas na cidade caso os vereadores não aprovassem o projeto que permitia a
abertura do comércio aos domingos.<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR;">Fonte: </span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><a href="http://www.fecesc.org.br/repudio-ao-abuso-do-poder-economico-da-havan/">http://www.fecesc.org.br/repudio-ao-abuso-do-poder-economico-da-havan/</a></span><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A polêmica
como marketing<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Na
inauguração de uma loja em Santa Maria, RS, em 2019, Hang atacou as
universidades públicas, dizendo:<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="background: white; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">“Eu, Luciano, não colocaria meu filho
em uma universidade pública por que você educa seu filho e ele volta um
comunista, não quer trabalhar e quer atrapalhar quem faz”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="background: white; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.3pt; line-height: 107%;">“As pessoas que
vão às universidades federais são doutrinadas para serem zumbis, para
trabalharem dentro do governo e atrapalharem a iniciativa privada, para ser
contra o empreendedor, para ser contra quem gera riqueza nesse país”.<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="background: white; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; letter-spacing: -0.3pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Fonte: </span><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><a href="https://www.metropoles.com/brasil/politica-br/hang-diz-que-universidades-publicas-formam-zumbis-e-reitor-rebate">https://www.metropoles.com/brasil/politica-br/hang-diz-que-universidades-publicas-formam-zumbis-e-reitor-rebate</a></span><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Em dezembro
de 2019, Hang publicou um vídeo em suas redes sociais, criticando a obrigação
de ter de colocar piso tátil e de disponibilizar cadeira de rodas automática em
loja na cidade de Chapecó (SC). No vídeo, Hang critica a exigência e aquilo que
chama de burocracia, desconsiderando a legislação vigente sobre o tema.<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><a href="https://br.financas.yahoo.com/noticias/dono-da-havan-critica-obriga%C3%A7%C3%A3o-011400871.html">https://br.financas.yahoo.com/noticias/dono-da-havan-critica-obriga%C3%A7%C3%A3o-011400871.html</a></span><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Recentemente,
cerca de 30% dos funcionários da loja Havan em Santa Cruz do Sul (RS) foram
demitidos. Empregados relatam que há uma queda na frequência de clientes e que
a empresa estabeleceu metas imbatíveis como o objetivo de justificar as
demissões.<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Fonte:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><a href="https://ricardoantunes.com.br/havan-faz-demissao-em-massa-em-loja-no-rs/"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">https://ricardoantunes.com.br/havan-faz-demissao-em-massa-em-loja-no-rs/</span></a><span lang="PT-BR" style="font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<br />Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-19460287439659711122020-02-13T02:45:00.005-08:002020-02-13T02:46:56.024-08:00O que você está pensando?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" dir="RTL" style="direction: rtl; text-align: center; unicode-bidi: embed;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo0h5RxKWyxuG0tmLaFjm4WMZesNY2Bjyn_jkH4wkR3Nfd4_XtNu7_uO1qJZCYVaQ7w2yVQI8b4X6K_adHWT-4gVmxXMSPuD9mYqO5esMiBOGS8t34S3WHbu8WvOsVMDmx3wOrp2Co42s/s1600/texto+blog+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="720" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo0h5RxKWyxuG0tmLaFjm4WMZesNY2Bjyn_jkH4wkR3Nfd4_XtNu7_uO1qJZCYVaQ7w2yVQI8b4X6K_adHWT-4gVmxXMSPuD9mYqO5esMiBOGS8t34S3WHbu8WvOsVMDmx3wOrp2Co42s/s640/texto+blog+3.jpg" width="512" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT-BR">Ei, você! Você aí! Você mesmo, aonde pensa que vai com essa pilha de
livros, todos esses títulos acadêmicos e pesquisas desenvolvidas por anos? Acha
que vai continuar recebendo bolsa, dinheiro público, pra isso? Só para descobrir
uma forma mais rápida de diagnosticar o coronavírus? Parasita! Guarda esse teu
entusiasmo ideológico e esquece essas bobagens, os recursos acabaram.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT-BR">E esse outro aí no canto? Está chorando por quê? Pensa que é
brincadeira gastar o dinheiro do contribuinte com exposição de arte esquerdista,
que ataca os valores da família brasileira? Isso lá é coisa que o cidadão de
bem queira ver? Recolhe todo esse lixo, vamos dar espaço e dinheiro para quem
representa os verdadeiros valores cristãos e não para os degenerados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT-BR">E você aí, fazendo campanha pra todo mundo virar vegano,
compartilhando discurso daquela Greta pirralha e dizendo que os mais de
quatrocentos agrotóxicos liberados vão fazer mal à saúde? Não pensa no produtor
rural? Naquele que põe comida na sua mesa? Desde o tempo das cavernas somos
carnívoros, vai você agora mudar o mundo com esse mimimi ambientalista? E nem
vem com essa balela de aquecimento global e preservação de terras indígenas, é
tudo uma invenção marxista para impedir o progresso!<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0Mgivzm3LqQyHYWopHI5k4NWTIS94gkMRXogsJDlyluNIzR9zs0fq0wSVBZvml8WDvwzJbPLdP6FjqI4COHPaTOeuwXp_5PXUqZ58KD6jyaOwQ8ETAEbIhEk18rlvGgNYpkQSBNch8vg/s1600/texto+blog+greta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0Mgivzm3LqQyHYWopHI5k4NWTIS94gkMRXogsJDlyluNIzR9zs0fq0wSVBZvml8WDvwzJbPLdP6FjqI4COHPaTOeuwXp_5PXUqZ58KD6jyaOwQ8ETAEbIhEk18rlvGgNYpkQSBNch8vg/s400/texto+blog+greta.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT-BR">E você aí, senhora? Onde pensa que vai com essas malas e esse
passaporte? Volta aqui. Empregada doméstica tem que saber qual é o seu lugar,
que certamente não é na Disney. A farra da época do PT acabou. Precisamos
salvar o Brasil. Seu sacrifício é necessário. Toma aqui esta passagem de ônibus
pro litoral. Só no final de semana, ein? Deixa a mala aqui e vai servir um
uísque doze anos para o patrão. Ele é do núcleo inteligente do governo e sabe o
que faz. E o que diz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGbrhyphenhyphenpkx1mY53V47JSE226bgMw7xun6VXDxSughDEDmaV_-GOqcuM6C4EcEcCDeL56KDkzknzlJjcBHzZpgPRoRQ-jyiFOanCOatORaBcg_cWCMT46yfc4Wgbn8QuRD0VaDY8QY89dKQ/s1600/texto+blog+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGbrhyphenhyphenpkx1mY53V47JSE226bgMw7xun6VXDxSughDEDmaV_-GOqcuM6C4EcEcCDeL56KDkzknzlJjcBHzZpgPRoRQ-jyiFOanCOatORaBcg_cWCMT46yfc4Wgbn8QuRD0VaDY8QY89dKQ/s640/texto+blog+2.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<br />Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8763908604956327586.post-70019053129613007302019-12-11T09:44:00.002-08:002019-12-11T09:44:45.590-08:00Arte e fundamentalismo religioso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div style="background: white; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #4d4d4d; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> O especial de Natal do Porta dos Fundos,
exibido na Netflix, está provocando revolta entre os evangélicos, que mobilizam
as redes sociais e organizam um abaixo-assinado para retirar a obra de humor
do catálogo de streaming. Segundo os evangélicos, o filme desrespeita a figura
de Jesus e passagens bíblicas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgffVkiHqi6M18Mx1cQpJHFa4Nw90cKw7pWwPyetMdkRaYJRz_CTvM63E09MKVdnNM5mnNIwlkGR6yulZM8AIs6_Wm7ujsJR5DR5wJ83tf4zdTQqr__8QnKM4gGvf80CJWxsvK-spaj6-s/s1600/queer+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="652" data-original-width="1086" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgffVkiHqi6M18Mx1cQpJHFa4Nw90cKw7pWwPyetMdkRaYJRz_CTvM63E09MKVdnNM5mnNIwlkGR6yulZM8AIs6_Wm7ujsJR5DR5wJ83tf4zdTQqr__8QnKM4gGvf80CJWxsvK-spaj6-s/s640/queer+2.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #4d4d4d; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> Eu sou católica e assisti ao especial.
Dei boas risadas e considerei bem ousado, como é a marca do Porta. Não senti
minha fé ameaçada e nem penso que a figura de Jesus foi atacada ou
desmoralizada. Afinal, é apenas um filme de humor. É ficção, não realidade. No
entanto, aqueles que defendem existir uma tal “cristofobia” no Brasil se utilizam
desse tipo de produção cultural para disseminar suas ideias fundamentalistas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #4d4d4d; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> Para os defensores da “cristofobia”, há
uma caçada aos cristãos em curso, no Brasil e no mundo. Como se a sua tia que
vai à missa toda a tarde fosse atacada por manifestantes que roubam seu terço
ou sua avó por militantes que invadem o culto impedindo o pastor de orar.
Apesar de nunca ter lido uma notícia sequer a respeito de tais fatos, outros
episódios são recorrentes nas páginas dos jornais: os ataques aos terreiros de
umbanda ou de religiões de matriz africana. Segundo dados oficiais, entre 2011
e 2017, as denúncias de discriminação por motivo religioso no Brasil cresceram,
sendo que 60% dos casos referem-se a religiões de matriz africana. Terreiros
são invadidos, profanados e queimados. Seus adeptos são perseguidos. Isso sim é
perseguição e intolerância. Por outro lado, episódios como o “chute na santa”,
protagonizado pelo bispo Sérgio Von Helder, da Igreja Universal do Reino de
Deus, em 1995, transmitido pela TV durante um culto, é um exemplo de agressão à
fé cristã e desrespeito aos símbolos religiosos. Qual a diferença entre chutar
uma imagem e retratar Jesus como gay ou alcoólatra? O contexto. No caso do
filme, novamente, é uma obra de ficção, é humor, não é a realidade. Bem
diferente de um pastor incitar a violência a outra religião durante um culto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp1750J82yahbzfasL2aB0aeO-0UW1LfHo8UYlu9gQ-JaQUKn1uG6axyB1w2_FJWVebzqWzeQNsFLnd23RsIkEqzV0EMLVmpLf8qKfCGbao2skSemgXrxI7AEVzRnX5ni5da728GG-N0w/s1600/queer+3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="617" data-original-width="1043" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp1750J82yahbzfasL2aB0aeO-0UW1LfHo8UYlu9gQ-JaQUKn1uG6axyB1w2_FJWVebzqWzeQNsFLnd23RsIkEqzV0EMLVmpLf8qKfCGbao2skSemgXrxI7AEVzRnX5ni5da728GG-N0w/s400/queer+3.png" width="400" /></a></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #4d4d4d; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIMk-IPRX2e6EK_2nAfD_TWowi15beXxkmz7XeE-laNelYkJFY1Ff5Mxdgfo0S73-9ZgGRnTRO05QQMJ-s80UyOdKwPQ0Bq5S2aMiFVuuWI5LPCRiaDtZyK8b7PGNlD_6oENm0svTC45w/s1600/queer+4.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="460" data-original-width="366" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIMk-IPRX2e6EK_2nAfD_TWowi15beXxkmz7XeE-laNelYkJFY1Ff5Mxdgfo0S73-9ZgGRnTRO05QQMJ-s80UyOdKwPQ0Bq5S2aMiFVuuWI5LPCRiaDtZyK8b7PGNlD_6oENm0svTC45w/s320/queer+4.jpg" width="254" /></a></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #4d4d4d; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"> A arte existe para transgredir e fazer
pensar. Inclusive sobre dogmas e tradições. Em 2017, a exposição “Queermuseu – cartografias da diferença na arte
brasileira”, do Santander Cultural, foi cancelada devido a críticas de
movimentos religiosos. Trazendo obras que se utilizavam de figuras religiosas,
inclusive Cristo, podemos até questionar o valor estético das mesmas e considerá-las
de mau gosto. E não frequentar tal exposição. O mesmo acontece no caso do filme
do Porta dos Fundos- se você considera ofensivo e ruim, não assista. Mas
proibir, censurar, abre portas para algo muito perigoso- o fundamentalismo
religioso.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #4d4d4d; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #4d4d4d; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9NN-8xeniz6j981Ld_5jWfvwJLPjgQAi-kNLJdj-aZ3Dn2l_1cf-KLLDER40aDSQ8nusFnALx9EDxBXO9a7d2e2Kue2Y7AI-ENv9zx6DvHHZUibyHQxQO0XYoWClKzLwslP2jmLv0fx4/s1600/queer+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="645" data-original-width="720" height="572" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9NN-8xeniz6j981Ld_5jWfvwJLPjgQAi-kNLJdj-aZ3Dn2l_1cf-KLLDER40aDSQ8nusFnALx9EDxBXO9a7d2e2Kue2Y7AI-ENv9zx6DvHHZUibyHQxQO0XYoWClKzLwslP2jmLv0fx4/s640/queer+1.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 7.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT-BR" style="color: #4d4d4d; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<br /><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/M5_izVJs-Jc/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/M5_izVJs-Jc?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />Ale Bremmhttp://www.blogger.com/profile/11593783392607273119noreply@blogger.com1