Provavelmente você já tenha
escutado, falado ou lido a seguinte afirmativa: “A única certeza que temos
nessa vida é a morte.”
Sim, ela, a morte, para alguns com
letra maiúscula, onisciente, onipresente, aquela imagem de um vulto magro,
esquelético e sombrio, com dedos compridos que alcançam qualquer um, empunhando
a impiedosa foice.
A morte inevitavelmente representa o
fim. Mas poderia ela ser um recomeço, não no sentido espiritual e religioso,
mas no aspecto existencial daqueles que dizem adeus aos entes queridos, aos
amigos ou conhecidos? Pensem nas situações que vivemos ao participar de um
velório. Ontem aconteceu comigo. Você vê, conversa, abraça e interage com
pessoas conhecidas, algumas muito próximas, com as quais há muito tempo não
tinha contato. Não por desinteresse ou indiferença, mas pelas circunstâncias
dessas vidas loucas que vivemos. Aí pensa: puxa vida, precisa alguém morrer
para esse abraço, essa reaproximação acontecer? Parece que temos vocação de
esperar pelas situações extremas (ou muito marcantes), felizes ou tristes, para
esses reencontros. Mortes e nascimentos, casamentos, divórcios, acidentes,
formaturas...
Dessa forma, a morte pode servir para
reaproximar, mas também para refletir.
Ela pode ser o fim de uma vida, mas o
recomeço de outras histórias.
Ela sempre traz dor, principalmente
quando inesperada, precoce, quando interrompe destinos promissores. Ma não
somente: mesmo anunciada, após longos períodos de enfermidade e sofrimento...
Mesmo quando constitui um alívio para quem vai, quem está preparado para a
Grande Certeza?
Na verdade, se todo o dia, ao
acordar, você pensasse: “Posso morrer hoje...” Talvez se preocupasse com o que
realmente importa – ou quem realmente importa - na sua vida. Porque a morte
virá, é a única certeza, dela ninguém escapa. No entanto, a vida, bem vivida ou
não, depende de cada um de nós.