sábado, 29 de agosto de 2015

Conhecimento é o maior prêmio





Hoje fiquei sabendo que estou entre os cinquenta finalistas do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. O que significa para um professor ser selecionado num prêmio assim?

Reconhecimento, talvez. Sentir-se recompensado pelo esforço. Não importa. Obviamente, fiquei muito feliz. Quem me conhece sabe que sou bastante dedicada. Mas sei também que há muitos professores mais competentes, comprometidos e eficientes do que eu. 

Passarei nas próximas etapas? Quem sabe... Ficando entre os dez vencedores ou não, continuarei desenvolvendo meus projetos e dando aulas do jeito que sei: provocando a curiosidade dos alunos.
Há poucos dias, no Dia do Estudante, atendi duas turmas juntas. A sala de aula estava lotada. Minha preocupação era o que dizer para as crianças numa data tão importante. Contei a história de Malala Yousafzai. Sou apaixonada pelo exemplo dessa menina, sua coragem, sabedoria e força. Mostrei primeiramente a foto de Malala aos alunos e questionei se sabiam quem era. Contei que era uma menina famosa no mundo todo. Perguntei para a turma por que motivo seria ela tão famosa. Seria uma artista, cantora, atriz? Não, continuei, Malala é conhecida mundialmente simplesmente porque queria ir para a escola e foi impedida. Para minha surpresa, os olhinhos das crianças brilhavam. Ninguém conversava. Todos queriam saber mais sobre Malala. 

Enfim, é isso que ser selecionada num prêmio de relevância nacional representa para mim. A vitória do conhecimento, mais do que o reconhecimento. Porque para chegar até aqui precisei estudar, pesquisar e aprender muito. E com o maior prazer. É exatamente isso que pretendo passar aos meus alunos: a paixão pelo saber.

Os engravatados, parlamentares, que recebem seus gordos salários em dia e auxílios-moradia generosos, jamais saberão o que é estar numa sala de aula e ensinar em condições precárias, sem luz nem água, sem banheiro, como ainda ocorre em nosso país. Não devemos ter ódio desses senhores, nem inveja. Eles jamais terão o conhecimento, a força e a garra exigidos no ofício de ensinar. Eles jamais seriam capazes de enfrentar uma situação como a dos professores do Rio Grande do Sul no momento. O relato de uma professora no jornal Zero Hora de hoje, que saía as 5:30 da manhã  para trabalhar e voltava quase à meia- noite para casa, todos os dias, durante um mês, para receber menos de um salário mínimo após tanto esforço, é de chorar. 

Mas vamos resistir. Nem mesmo os salários parcelados, o total descaso com a educação, nenhum governador será capaz de nos roubar nossa dignidade e o maior prêmio que alguém pode receber: o conhecimento, seja ele o nosso, ou aquele que levamos o aluno a construir.

“Não vou me deixar embrutecer
Eu acredito nos meus ideais
Podem até maltratar meu coração
Que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar!”
Um dia perfeito
Legião Urbana
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