"Antolhos é um acessório que se coloca na cabeça de animal de montaria
ou carga para limitar sua visão e forçá-lo a olhar apenas para a frente, e não
para os lados, evitando que se distraiam ou se espantem e saiam do rumo."
Referência: Dicionário Caldas Aulete.
A internet é uma grande festa. É a democratização da
informação e da liberdade de expressão. Podemos dizer o que pensamos, opinar,
pesquisar, viajar pelo mundo sem tirar o traseiro da cadeira. No entanto, as notícias falsas e boatos
propagam-se a uma velocidade impressionante.
Em algumas redes sociais, principalmente o Facebook, pessoas
compartilham informações duvidosas o dia todo, mas sem o cuidado de verificar a
fonte e a veracidade dos textos. É comum ouvir a frase: "É verdade, eu vi
no Face".
Grande parte das pessoas que acessam a internet tem a
impressão de que, se está lá, postado e compartilhado por milhares, só pode ser
verdade. Sabemos que não é bem assim.
Além disso, não visualizamos tudo o que está disponível na rede social a
qual estamos logados. Há um algoritmo que faz com que visualizemos conteúdo que
nos interessa, de acordo com nossos cliques e curtidas. O conteúdo que vemos é
selecionado, seja pelo Facebook, YouTube ou outra rede. Ou seja, nesses
ambientes virtuais, além de estarmos diante de informações duvidosas e notícias
falsas, não temos uma visão do todo.
Quando fico alguns minutos logada nas redes, sinto-me como
aqueles cavalos nos quais se colocam tapa-olhos, ou antolhos, como se eu só
pudesse olhar em uma direção. As redes sociais fazem tanto sucesso justamente
porque nos mostram um recorte do mundo real que nos agrada, que está de acordo
com nossas ideias, pensamentos e preferências.
As consequências desse tapa-olhos virtual são muitas. Você
pode ser prejudicado ou prejudicar alguém ao propagar uma notícia ou conteúdo
falso. Ou habituar-se a apenas um lado a
história, sem debate, sem discussão, sem conflito de ideias ( até porque, se um
amigo tem uma opinião política, religiosa ou qualquer outra diferente da minha,
posso facilmente bloqueá-lo). Curtindo e
compartilhando as mesmas coisas de sempre. Assistindo aos vídeos do mesmo
canal, ouvindo as mesmas músicas. É um mundo pobre, igual àquele do cavalo que
só enxerga o que está a sua frente. Você pode se transformar num "tapado",
chato, mala, ou pior, num radical.
A internet não se resume a Facebook, Instagram ou YouTube. Não
seja um cavalo com antolhos. Tente acessar diretamente as páginas pelas quais
tem interesse. Navegue de forma independente, sem precisar estar logado a
alguma rede. Jamais compartilhe algo sem ler atentamente antes, e também checar
as fontes das informações. Fique atento ao conteúdo da sua timeline. Você irá
se surpreender como esse conteúdo é um reflexo daquilo que você pensa, curte e compartilha.