Mais um ano que chega ao final.
Juntamente com os preparativos para as festas, malas feitas para viagem,
ansiosos pelas merecidas férias, vem as inevitáveis promessas de ano-novo.
Emagrecer, aprender uma nova língua, iniciar (e manter ) uma atividade física,
cuidar da alimentação, dedicar mais tempo para a família, reformar a casa,
comprar um carro novo, e muitos outros desejos e intenções que muitas vezes não
são concretizados. Li em algum jornal, creio que foi o David Coimbra que
afirmou, que deveríamos desejar ter menos desejos. Difícil. Somos uma raça (a
raça humana) cada vez mais insatisfeita. Essa reflexão me fez recordar a teoria
do filósofo Schopenhauer:
"A vida oscila como um pêndulo,
para trás e para diante, entre o desgosto e o tédio."
Para esse filósofo, o ser humano
está fadado à contínua infelicidade e insatisfação, pois, condicionado a
desejar infinitamente, assim que conquista o objeto do seu desejo, logo é acometido
pela frustração (ou tédio). A vida funcionaria, nessa visão, como um pêndulo
entre o desejo e o tédio. Quanto mais o ser humano deseja, mais infeliz fica.
Quando analisamos as promessas de ano novo à luz da teoria de Schopenhauer,
não há como negar que ele tem razão.
Não posso deixar de acrescentar um trecho da
letra da música “Society”, de Eddie Vedder, presente no filme Into the wild (o
filme, inspirado no livro homônimo, conta a história real de um rapaz americano
de classe média alta que larga tudo o que tem para viver na pobreza e em
contato com a natureza):
“É um mistério para mim
Nós temos uma ambição que concordamos.
E você pensa que você tem que querer mais do que precisa.
Até você ter tudo, você não estará livre.”
E nunca
estaremos livres, pois nunca teremos tudo, e, mesmo que tivéssemos, não
bastaria. Aí entra o grande poeta Walt Whitman:
“Esta manhã, antes do
alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado, e disse à minha alma: Quando abarcarmos esses
mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e
satisfeitos?
E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho.”
E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho.”
Nos resta prosseguir no caminho, quem
sabe desejando menos, fazendo promessas que possam ser cumpridas, buscando o
que realmente importa - tentando descobrir o que realmente nos faz seres
humanos felizes e realizados!