sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Schopenhauer, Whitman, Vedder... Para terminar o ano!




             Mais um ano que chega ao final. Juntamente com os preparativos para as festas, malas feitas para viagem, ansiosos pelas merecidas férias, vem as inevitáveis promessas de ano-novo. Emagrecer, aprender uma nova língua, iniciar (e manter ) uma atividade física, cuidar da alimentação, dedicar mais tempo para a família, reformar a casa, comprar um carro novo, e muitos outros desejos e intenções que muitas vezes não são concretizados. Li em algum jornal, creio que foi o David Coimbra que afirmou, que deveríamos desejar ter menos desejos. Difícil. Somos uma raça (a raça humana) cada vez mais insatisfeita. Essa reflexão me fez recordar a teoria do filósofo Schopenhauer:

"A vida oscila como um pêndulo, para trás e para dian­te, entre o desgosto e o tédio."

           Para esse filósofo, o ser humano está fadado à contínua infelicidade e insatisfação, pois, condicionado a desejar infinitamente, assim que conquista o objeto do seu desejo, logo é acometido pela frustração (ou tédio). A vida funcionaria, nessa visão, como um pêndulo entre o desejo e o tédio. Quanto mais o ser humano deseja, mais infeliz fica. Quando analisamos as promessas de ano novo à luz da teoria de Schopenhauer, não há como negar que ele tem razão.
           Não posso deixar de acrescentar um trecho da  letra da música “Society”, de Eddie Vedder, presente no filme Into the wild (o filme, inspirado no livro homônimo, conta a história real de um rapaz americano de classe média alta que larga tudo o que tem para viver na pobreza e em contato com a natureza):

“É um mistério para mim
Nós temos uma ambição que concordamos.
E você pensa que você tem que querer mais do que precisa.
Até você ter tudo, você não estará livre.”

            E nunca estaremos livres, pois nunca teremos tudo, e, mesmo que tivéssemos, não bastaria. Aí entra o grande poeta Walt Whitman:

         “Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado,  e disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?
         E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho.”

          Nos resta prosseguir no caminho, quem sabe desejando menos, fazendo promessas que possam ser cumpridas, buscando o que realmente importa - tentando descobrir o que realmente nos faz seres humanos felizes e realizados!

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