sábado, 10 de janeiro de 2015

Somos todos Boko Haram



         Esta semana acompanhamos as consequências terríveis da ação de terroristas em Paris. Foram três dias de muita tensão. A mídia noticiou exaustivamente a ação da polícia, que culminou na morte dos radicais dispostos a matar e morrer.
       Como todos sabem, foram doze vítimas no ataque ao jornal Charlie Hebdo na quarta-feira, entre eles jornalistas e policiais. Sexta –feira  algumas pessoas foram feitas reféns num supermercado de comida judaica e  quatro acabaram mortas pelo terrorista Amedy Coulibaly.
       A reação do mundo foi de repúdio à ação dos terroristas islâmicos e também de demonstrações de solidariedade às vítimas e seus familiares. Está prevista para domingo uma manifestação em Paris com a presença de diversos líderes da Europa. É o momento em o mundo clama pela paz.
        No entanto, ao mesmo tempo em que esses acontecimentos se desenrolavam na França, centenas de pessoas eram massacradas na Nigéria pelos também terroristas que acreditam ter licença para matar devido a sua visão distorcida da fé. A cobertura da mídia foi bem mais modesta nesse caso. Quase não há fotos e não se sabe ao certo quantas pessoas morreram. O que se sabe é que provavelmente, desde o ano passado, o Boko Haram matou mais de duas mil pessoas em alguns países africanos, além de sequestrar centenas de meninas.
        O que faz com que a morte de jornalistas e policiais franceses, brancos, pareça ser mais grave que a morte dessas milhares de pessoas africanas negras e pobres? E se o Boko Haram sequestrasse cem meninas brancas americanas ou francesas, como seria a reação da mídia e da comunidade internacional?
        Enquanto o mundo para nesse domingo para prestar solidariedade às vítimas francesas da intolerância e da crueldade, outras centenas de vidas podem estar sendo tolhidas pela ação de terroristas. Nosso descaso para com essa situação nos torna cúmplices desses malucos. Afinal, nem eu nem você iremos às ruas protestar ou espalharemos no twitter mensagens sobre elas. Somos todos Boko Haram.


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