A vida de quem escreve é complicada. A escrita é uma atividade intelectual que exige esforço, persistência e muito trabalho (talvez a exceção seja a poesia, cuja criação está mais ligada à intuição e à inspiração). A escrita não nasce exclusivamente de uma iluminação criativa repentina.
Aliás, escritores estão sempre tendo essas "iluminações". Geralmente são ideias que surgem no meio da noite, precisam ser urgentemente "agarradas pelo rabo", para que não desapareçam, sendo registradas imediatamente.
Mas a ideia é apenas o estímulo inicial para que surjam os textos: o escritor escreve, reescreve, corta alguns trechos, substitui palavras, aperfeiçoa sua obra. Nesse exercício demonstra o domínio que tem (ou não) da língua padrão e da gramática, revela seu vocabulário, cria um estilo. Acima de tudo, através das linhas que redige desvela sua personalidade; o fruto de seu trabalho é o que o torna vulnerável ao julgamento alheio.
Quando o leitor abre um livro seu, o escritor está nu. Em seu texto estarão suas ideias, concepções, preconceitos, erros, deficiências, possibilidades... Anos de aprendizado, trabalho e esforço expostos e escancarados.
O escritor não é aquilo que veste ou come, não se define pelo lugar onde mora ou pelas pessoas com quem se relaciona.
O escritor é aquilo que escreve. Ele entrega ao leitor sua alma, pronta para ser desnudada a cada página lida.
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