Hoje fiquei
sabendo que estou entre os cinquenta finalistas do Prêmio Victor Civita
Educador Nota 10. O que significa para um professor ser selecionado num prêmio
assim?
Reconhecimento,
talvez. Sentir-se recompensado pelo esforço. Não importa. Obviamente, fiquei
muito feliz. Quem me conhece sabe que sou bastante dedicada. Mas sei também que
há muitos professores mais competentes, comprometidos e eficientes do que eu.
Passarei nas
próximas etapas? Quem sabe... Ficando entre os dez vencedores ou não,
continuarei desenvolvendo meus projetos e dando aulas do jeito que sei:
provocando a curiosidade dos alunos.
Há poucos dias,
no Dia do Estudante, atendi duas turmas juntas. A sala de aula estava lotada.
Minha preocupação era o que dizer para as crianças numa data tão importante.
Contei a história de Malala Yousafzai.
Sou apaixonada pelo exemplo dessa menina, sua coragem, sabedoria e força.
Mostrei primeiramente a foto de Malala aos alunos e questionei se sabiam quem
era. Contei que era uma menina famosa no mundo todo. Perguntei para a turma por
que motivo seria ela tão famosa. Seria uma artista, cantora, atriz? Não,
continuei, Malala é conhecida mundialmente simplesmente porque queria ir para a
escola e foi impedida. Para minha surpresa, os olhinhos das crianças brilhavam.
Ninguém conversava. Todos queriam saber mais sobre Malala.
Enfim, é isso que ser selecionada num prêmio
de relevância nacional representa para mim. A vitória do conhecimento, mais do
que o reconhecimento. Porque para chegar até aqui precisei estudar, pesquisar e
aprender muito. E com o maior prazer. É exatamente isso que pretendo passar aos
meus alunos: a paixão pelo saber.
Os engravatados, parlamentares, que recebem
seus gordos salários em dia e auxílios-moradia generosos, jamais saberão o que
é estar numa sala de aula e ensinar em condições precárias, sem luz nem água,
sem banheiro, como ainda ocorre em nosso país. Não devemos ter ódio desses
senhores, nem inveja. Eles jamais terão o conhecimento, a força e a garra
exigidos no ofício de ensinar. Eles jamais seriam capazes de enfrentar uma
situação como a dos professores do Rio Grande do Sul no momento. O relato de
uma professora no jornal Zero Hora de hoje, que saía as 5:30 da manhã para trabalhar e voltava quase à meia- noite
para casa, todos os dias, durante um mês, para receber menos de um salário
mínimo após tanto esforço, é de chorar.
Mas vamos resistir. Nem mesmo os salários
parcelados, o total descaso com a educação, nenhum governador será capaz de nos
roubar nossa dignidade e o maior prêmio que alguém pode receber: o conhecimento,
seja ele o nosso, ou aquele que levamos o aluno a construir.
“Não vou me deixar embrutecer
Eu acredito nos meus ideais
Podem até maltratar meu coração
Que meu espírito ninguém vai conseguir
quebrar!”
Um dia perfeito
Legião Urbana
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