Você já agrediu alguém? Utilizou sua força física para dar socos, pontapés, estapear uma pessoa? Se a resposta é afirmativa, que tipo de sentimento ou emoção desencadeou a violência? Medo? Raiva? Ódio? Que tipo de sentimento toma posse de uma pessoa para que ela agrida outra, até a morte, até que a vítima fique imóvel e sua respiração cesse? Que espécie de pensamento passava pela cabeça dos dois algozes que assassinaram João Alberto Silveira Freitas no Carrefour, às vésperas do Dia da Consciência Negra?
Mais que raiva e ódio, provavelmente. Ao socar o rosto de um homem negro, os dois homens brancos legitimam a superioridade que acreditam ter em relação a ele. Não é reação a uma ameaça, nem mesmo o dever de proteger o patrimônio de uma empresa ou zelar pela segurança dos que ali trabalham. Afinal, se um cliente branco precisasse ser retirado do interior da loja, teria o mesmo destino cruel? É o racismo ao vivo, representado pelo joelho que pressiona as costas do homem subjugado, assim como aconteceu nos EUA, com George Floyd. O assassinato no Carrefour revela outro detalhe escabroso: uma mulher filmava tudo. O desenrolar da agressão, o desespero da vítima, os berros de dor. Você conseguiria sacar seu telefone celular da bolsa, calmamente, e filmar a barbárie, placidamente?
Você já imaginou seu pai ir ao mercado, à noite, e em seguida receber a notícia de que ele foi morto, por espancamento, por um segurança e um policial militar?
Você já imaginou seu filho ser morto a caminho da escola, por tiros disparados de um helicóptero da polícia?
Você já imaginou sua filha ser alvejada dentro do transporte escolar, e morrer, no meio de um confronto entre policiais e bandidos?
Você já imaginou o carro da sua família sendo metralhado, durante um passeio no fim de semana, com seus filhos e esposa dentro, sem nenhum motivo?
Se você é branco, talvez não tenha imaginado nada disso, porque simplesmente não precisa. O privilégio branco é isso: poder sair na rua sem medo de ser abordado com violência; não temer que seus filhos sejam mortos de formas estúpidas; fazer compras no mercado, à noite, sem ser espancado pelos seguranças, mesmo que faça algo errado.
Entre as inúmeras manifestações do Black Lives Matter que ocorreram ao longo de 2020, nos EUA, um fato inusitado ocorreu: para proteger as pessoas negras que se manifestavam de reações policiais violentas, os brancos participantes criaram cordões de isolamento, se interpondo entre a polícia e os negros. Um cordão do privilégio branco, evitando ainda mais desgraça. Aqui, não houve cordão nenhum: desde o Massacre dos Porongos, em que os Lanceiros Negros foram dizimados, com a colaboração de grandes heróis brancos, até hoje cultuados (que inclusive dão nomes a praças, ruas e cidades), seguimos confortáveis, muitas vezes negando e relativizando o racismo com frases vazias e vídeos do Morgan Freeman.
Está na hora do nosso privilégio branco acordar e dar as mãos, formando um grande cordão humano contra o racismo, para proteger nossos irmãos negros.
Quando começamos?
Enquanto a supremacia parda brasileira continuar achando bonito a filosofia nordica dos nazi/fascistas o Brasil com seus negros e mamelucos continuara sogrendo .A educaçao de qualidade ja seria um bom começo pra aniquilar esses ideias.
ResponderExcluirExato!
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ResponderExcluirJu amada, tu se dá ao trabalho de comentar no próprio blog, obrigada!
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ResponderExcluirExcelente!
ResponderExcluirVamos formar o cordão! Não dá mais pra aceitar essa violência e discriminação com nossos irmãos negros.
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