Li um livro muito interessante do escritor gaúcho Juremir Machado - "A sociedade midíocre". Nele, o autor discorre sobre os livros, a internet, o autor, a mídia, e, o que mais me chocou, o fim da leitura e da escrita. Mas uma colocação de Juremir me fez refletir muito. Conta o autor que um vaso sanitário que pertenceu a John Lennon foi leiloado por alguns milhares de dólares. Tal objeto havia sido dado de presente pelo próprio Jonh a um senhor humilde, que o utilizava para dentro cultivar flores.
Ou seja, para esse senhor simples, era apenas um objeto. Para a pessoa que o arrematou, era o VASO NO QUAL JOHN LENNON SENTOU UM DIA. Portanto, nada mais natural do que gastar uma pequena fortuna e levá-lo para casa.
Pois bem, essa reflexão me fez lembrar da situação que vivi alguns meses atrás. Esperei ansiosamente pelo show de rock da minha banda favorita. Comprei ingressos, passagem de avião, hotel reservado, uma enorme expectativa. No grande dia, quase não acreditava que viajara até São Paulo (moro no interior do RS) para escutar as músicas dos meus ídolos. Chorei, gritei, cantei e vibrei durante o show, mesmo após esperar onze horas em pé, sem comer direito, sob um sol escaldante. Mas, bem na minha frente, havia um corredor onde ficavam os seguranças contratados para conter a impolgação do público. Uma senhora, que parecia ser bem humilde, passou o tempo todo usando os protetores de ouvidos, de cara fechada, visivelmente entediada e cansada daquilo tudo. Ou seja, a banda que eu tanto amo e idolatro, para ela, era algo insignificante. E pensar na situação dela, que estava ali visivelmente incomodada, apenas para ganhar uns trocados, fez com que parte do espetáculo perdesse a graça.
Enfim, cada um dá o valor ao vaso e a banda conforme suas necessidades e interesses. O fato é que, em nossa sociedade, cada vez mais damos importância e valor a coisas fúteis. Lamentável.
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