sábado, 5 de outubro de 2013

O poder da mídia a favor do professor




           A cultura brasileira é rica e diversificada. Há pessoas que afirmam ser o Brasil um país formado de muitos países, pois, além da nossa terra ser grande em tamanho, comporta ainda inúmeras manifestações artísticas, formas de viver e de falar. Infelizmente, nas últimas décadas, podemos notar que têm crescido a cultura vulgarizada, de baixa qualidade, artificial e altamente comercial.
       Tomemos o exemplo da música popular brasileira. Tivemos a MPB e a Bossa Nova, no passado. Agora nossos ouvidos são torturados com “criações” do tipo “Florentina de Jesus”, “Festa no Apê” e o mais recente sucesso “Quadradinho de oito”.  São músicas comerciais e que fazem sucesso instantâneo, principalmente entre as crianças e jovens. Ao analisarmos as letras dessas músicas, notaremos que são de mau gosto, vulgarizam a figura feminina, utilizam uma linguagem chula, sem ter nenhum propósito ou significado útil.
      Há também o exemplo das novelas. As telenovelas produzidas no Brasil são produções caras, cuidadosamente elaboradas e mundialmente conhecidas. Fazem parte da nossa cultura, das conversas do cotidiano e influenciam a vida dos brasileiros. Não é à toa que muitas marcas famosas usam as novelas para fazer merchandising, pois elas constituem uma enorme vitrine para os produtos e estimulam o consumismo. Porém, se analisarmos o conteúdo das mesmas, veremos o quanto as histórias podem ser vazias e inconsistentes. Muitas reforçam estereótipos, como no caso dos homossexuais, dos negros e dos pobres. Apenas recentemente podemos notar a presença de atores negros em papéis importantes; no passado, eles participavam apenas dos núcleos dos personagens pobres, ou ainda, figuravam como escravos nas novelas de época. Os índios também aparecem em personagens caricatos e artificiais. Além do mais, as novelas em geral estimulam o culto à vaidade e à beleza, com atrizes lindas, magras e perfeitas.
          Nossos alunos estão expostos a essa mídia diariamente e consequentemente aos valores nela implícitos. Nos últimos anos, tenho presenciado crianças e jovens que, questionados sobre seu futuro, afirmam que desejam ser modelo, atriz, cantor, jogador de futebol...
             O papel da escola é ajudar as crianças e jovens para que se conscientizem a respeito daquilo que escutam no rádio e do que assistem na TV.  Será que eles imaginam que tudo ali é cuidadosamente pensado e  tem como maior objetivo o lucro?
            Como professores, precisamos respeitar os gostos e preferências das crianças. Mas, ao ouvir um aluno cantarolar um refrão do tipo “Eu quero tchu” podemos questionar: quem fez essa música e por quê? O que está contido na letra dessa canção? Qual a mensagem que ela passa? Podemos partir dessa cultura vulgar, utilizá-la para mostrar aos alunos que estamos atentos aos seus interesses, mas que é necessário refletir sobre as palavras que estão cantando.
           Da mesma forma, as novelas proporcionam temas para muitas e variadas aulas. Podemos,  nessa perspectiva, questionar o que elas mostram, o que valorizam, os conceitos e preconceitos embutidos em cada capítulo.
           Não precisamos parar no questionamento e na reflexão. Devemos oferecer aos nossos alunos o contato com outros tipos de músicas e de expressões culturais. Será que algum dia eles tiveram a oportunidade de ouvir música clássica? Imaginam eles que um dia existiu Mozart, ou Bethoveen? Ou ainda, conhecem a boa e diversificada música brasileira? Como exemplo, as músicas “Que país é esse”, “Perfeição” e “A canção do Senhor da Guerra” do grupo Legião Urbana, poderiam originar aulas interessantes e pertinentes ao contexto atual, não só do Brasil, mas do mundo.
           É tarefa da escola e do professor abordar essa realidade, questionar os alunos nesse sentido e utilizar boas referências culturais para tentar, aos poucos, conscientizá-los de que existe um mundo bem melhor, mais significativo e interessante, que não está nas novelas e nem nos “sucessos  musicais instantâneos” alardeados pelos meios de comunicação de massa.



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