Por meio de
uma medida provisória o governo Temer decide retirar as disciplinas de Educação
Física e Arte do currículo do Ensino Médio
a partir de 2017. Muitos criticam
o fato de se fazer uma mudança tão repentina sem discussão e através de uma MP.
Entidades e organizações estão tomando providências para reverter o quadro. Mas
o que está por trás desse ato, no ponto de vista ideológico?
O governo
apenas reafirma seu pensamento, que ficou explícito ao extinguir o Ministério
da Cultura (e depois voltar atrás) de que Arte é algo desnecessário e
dispensável. Supérfluo.
Pois bem. Essa
semana uma pesquisa do Instituto Inspirare revelou que apenas um em cada dez
jovens está satisfeito com o ensino e com a escola. Muitos alegam que as
relações entre eles e os professores "não é legal".
Discorrer sobre
a importância do ensino da Arte para quem está convencido que isso é inócuo ou
dispensável é perda de tempo. Cada um com suas convicções. No entanto, no meu
trabalho em sala de aula percebo em muitas ocasiões que a Arte nos aproxima das
crianças, é uma linguagem especial e beneficia principalmente aqueles alunos
mais agitados, desatentos e que não têm muito interesse em aprender.
Já a Educação Física é outra história. Nosso
país foi sede de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada recentemente. Tivemos a
oportunidade de conhecer histórias diversas mas que têm em comum a superação
das dificuldades econômicas, sociais e pessoais através do esporte. Ficamos
esperançosos (ao menos eu fiquei) de que isso servisse de recado para que
nossos governantes investissem mais nos esportes, começando pelas escolas. Mas
não. Isso me faz recordar a bela
trajetória de Carl Hart, neurocientista, negro, americano, autor do
livro "Um preço muito alto". Carl nasceu num bairro pobre de Miami e
desde cedo envolveu-se com tráfico de drogas e pequenos crimes. Mas ele era
muito bom nos esportes e viu nisso uma oportunidade para um futuro diferente.
Por se destacar no basquete, conseguiu bolsas de estudos e chegou ao título de
PhD. Quantos Carls brasileiros existem? Quantas vidas poderiam ter sido
diferentes se oportunidades fossem oferecidas em nosso País? Quantos neurocientistas e PhDs vamos perder
por causa de uma MP?
A ideologia desse governo é retrógrada e cheira a mofo, mas sobretudo está apoiada na ideia do "vocês vão ter que nos engolir". Sem discussão, sem colaboração da sociedade, sem debate.
A ideologia desse governo é retrógrada e cheira a mofo, mas sobretudo está apoiada na ideia do "vocês vão ter que nos engolir". Sem discussão, sem colaboração da sociedade, sem debate.
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