sábado, 15 de fevereiro de 2014

Perdendo amigos no Facebook: quem se importa?





            Notícia que aparece em destaque nos últimos dias: "Mulher que teve câncer posta fotos nua mostrando cicatrizes das cirurgias e perde mais de cem amigos no Facebook". A intenção dela era louvável: alertar às pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce.
           Não entendo o porquê de um fato como esse ter tanta repercussão.  Facebook é uma rede social inicialmente utilizada pelos jovens principalmente para conhecer pessoas, paquerar, marcar encontros. Ainda é utilizado para esses fins, no entanto, a galera jovem está migrando para outras redes como o whatsapp. Os usuários do Facebook , agora, são pessoas mais velhas, estando a maioria na faixa dos 30 aos 40 anos. E o perfil da maioria dos usuários não é compatível com pessoas interessadas em tragédias pessoais, muito menos com a realidade sem filtros, sem fotoshop, ou seja, a vida como realmente é.
            Quem "entra" no Facebook e lá permanece, geralmente, diverte-se com piadinhas bobas, frases bonitas e mensagens superficiais (atribuídas a autores famosos), mas, principalmente, sente-se à vontade para viver uma realidade que pode ser cuidadosamente melhorada, maquiada, recortada. Eu posso ter o pior trabalho do mundo, ser infeliz, ter inúmeros problemas familiares, e, ainda assim, meu perfil no Facebook pode demonstrar algo totalmente diferente. Na rede todo mundo é bonito, bem sucedido, feliz, faz as melhores viagens, tem os amigos mais excepcionais... Não é um meio muito adequado para quem deseja expor com sinceridade e franqueza  as adversidades ou doenças da vida.
            Tentei por duas vezes manter um perfil no Facebook. Postei alguns textos de minha autoria, sobre assuntos do momento ou contendo reflexões minhas, na esperança de que os "amigos" comentassem, discutissem, tentando promover alguma reflexão. Nada disso ocorreu. Compartilhava posts sobre livros e músicas que também não repercutiam. Coloquei minhas melhores fotos (poucas) e fotos dos meus meninos, mas aí percebi que estava perdendo tempo com algo totalmente fútil. Expor minha intimidade, publicar textos que considero razoáveis para um monte de gente que só quer saber de parecer  rico, bonito e inteligente  não era (e não é) minha praia. Caí fora.
           Pena que a mulher da notícia não percebeu o que constatei antes de expor sua tragédia pessoal. Como disse  Bruce Dickinson, do Iron Maiden: "Ter um milhão de amigos é o mesmo que não ter nenhum". E perder 100 "amigos" no facebook não faz a menor diferença.

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