Em outubro de 2013 a União
Internacional das Telecomunicações (UIT, órgão da ONU) divulgou que o Brasil é
o país que possui a quarta maior população do mundo de nativos digitais -
jovens que cresceram familiarizados com as novas tecnologias, computadores, internet,
celulares, etc. Apesar dessa colocação, sabe-se que grande parte da população
brasileira não tem acesso ao mundo digital, algo que ocorre também em outros
países em desenvolvimento. O mesmo UIT
afirma que o custo da internet em nosso país é um dos mais caros do mundo. Ou
seja, a exclusão digital está ligada ao desenvolvimento econômico.
Num mundo altamente competitivo e
que exige o domínio das novas tecnologias, mais uma vez as pessoas de classes
menos favorecidas são colocadas em desvantagem. Como afirma, de forma bastante
pertinente, Leo Dantas:
"Ser um excluído digital não significa
apenas desconhecer a informática básica. Significa estar excluído de um mundo
de informações e possibilidades que desenvolvem a capacidade cognitiva do ser
humano. Não ter acesso e não dominar as novas tecnologias da era da informação
é tão prejudicial para o desenvolvimento intelectual quanto ser analfabeto
funcional. Os excluídos nos dois casos ficam à margem de todas as
possibilidades de desenvolvimento pessoal.
As oportunidades dos incluídos são bem maiores do
que os que vivem o apartheid digital. Para se obter um emprego, cada vez mais é
preciso ter destreza no uso do computador e dominar as tecnologias da Internet.
De que adianta uma secretária que sabe editar um texto no Word se não sabe
enviar o texto anexo por e-mail? Concursos públicos para todas as áreas de
nível médio e superior já exigem conhecimentos de Internet, confirmando a
necessidade do domínio das novas tecnologias da informação e das comunicações
para o trabalho." (Extraído do Blog de Leo Dantas)
Nesse
contexto surge a escola, uma escola que parece ter parado no tempo, como se
estivesse dentro de uma redoma de vidro que a impede de acompanhar a evolução
da sociedade. Em última instância, podemos dizer que temos uma escola do século
XIX em pleno século XXI. Os governos de modo geral vêm tentando democratizar o
acesso aos computadores e a internet oferecendo às escolas laboratórios de
informática, tablets e lousas digitais. Grande parte dos educadores se esforça
para integrar o uso desses recursos nas aulas. Outros relutam em aderir às
novas tecnologias. É difícil romper com velhas práticas educativas e a
consequente segurança que proporcionam. Há um grande conflito de gerações no
qual os adultos (e professores) ficam constrangidos perante o fato de que
crianças e jovens nativos digitais sabem muito mais sobre computador e internet
do que os adultos. Eles são o resultado da Revolução Digital. Porém, como foi
dito anteriormente, há uma grande parcela da população brasileira que está à
margem dessa Revolução. É justamente para os alunos que estão entre os
excluídos digitais que a escola e o professor representam uma oportunidade de
inclusão.
No
entanto, práticas educativas que utilizem de forma sistemática e efetiva as
novas tecnologias são tímidas e insuficientes. Os obstáculos para uma nova
forma de ensinar começam nos cursos de formação de professores e depois na
formação continuada dos mesmos. A Era
Digital exige profissionais capacitados para ensinar tanto àqueles que sabem
mais (os nativos digitais) quanto àqueles que estão excluídos digitalmente.
Mas, até agora, parece que as escolas em geral não têm dado conta do recado.
O
desafio é enorme. Mas não podemos desconsiderar o fato de que o modelo de escola que
temos, com práticas de ensino que remetem ao século XIX, está ultrapassada,
fadada ao fracasso e precisa ser superada. Se o que almejamos é diminuir a
desigualdade social e formar cidadãos conscientes, atuantes, capacitados para
enfrentar um mundo exigente, precisamos urgentemente transformar nossa prática
educativa, utilizando as novas tecnologias efetivamente no dia a dia da escola.
É óbvio que a escola e o professor sozinhos não farão nenhum milagre, visto que
é a própria exclusão social que provoca a exclusão digital. Mas todo esforço é
válido. Dessa forma, estaremos contribuindo para a inclusão digital e
melhorando a aprendizagem dos nossos alunos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário