sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Nativos e excluídos digitais





              Em outubro de 2013 a União Internacional das Telecomunicações (UIT, órgão da ONU) divulgou que o Brasil é o país que possui a quarta maior população do mundo de nativos digitais - jovens que cresceram familiarizados com as novas tecnologias, computadores, internet, celulares, etc. Apesar dessa colocação, sabe-se que grande parte da população brasileira não tem acesso ao mundo digital, algo que ocorre também em outros países em desenvolvimento.  O mesmo UIT afirma que o custo da internet em nosso país é um dos mais caros do mundo. Ou seja, a exclusão digital está ligada ao desenvolvimento econômico.
             Num mundo altamente competitivo e que exige o domínio das novas tecnologias, mais uma vez as pessoas de classes menos favorecidas são colocadas em desvantagem. Como afirma, de forma bastante pertinente, Leo Dantas:
"Ser um excluído digital não significa apenas desconhecer a informática básica. Significa estar excluído de um mundo de informações e possibilidades que desenvolvem a capacidade cognitiva do ser humano. Não ter acesso e não dominar as novas tecnologias da era da informação é tão prejudicial para o desenvolvimento intelectual quanto ser analfabeto funcional. Os excluídos nos dois casos ficam à margem de todas as possibilidades de desenvolvimento pessoal.
As oportunidades dos incluídos são bem maiores do que os que vivem o apartheid digital. Para se obter um emprego, cada vez mais é preciso ter destreza no uso do computador e dominar as tecnologias da Internet. De que adianta uma secretária que sabe editar um texto no Word se não sabe enviar o texto anexo por e-mail? Concursos públicos para todas as áreas de nível médio e superior já exigem conhecimentos de Internet, confirmando a necessidade do domínio das novas tecnologias da informação e das comunicações para o trabalho." (Extraído do Blog de Leo Dantas)
        Nesse contexto surge a escola, uma escola que parece ter parado no tempo, como se estivesse dentro de uma redoma de vidro que a impede de acompanhar a evolução da sociedade. Em última instância, podemos dizer que temos uma escola do século XIX em pleno século XXI. Os governos de modo geral vêm tentando democratizar o acesso aos computadores e a internet oferecendo às escolas laboratórios de informática, tablets e lousas digitais. Grande parte dos educadores se esforça para integrar o uso desses recursos nas aulas. Outros relutam em aderir às novas tecnologias. É difícil romper com velhas práticas educativas e a consequente segurança que proporcionam. Há um grande conflito de gerações no qual os adultos (e professores) ficam constrangidos perante o fato de que crianças e jovens nativos digitais sabem muito mais sobre computador e internet do que os adultos. Eles são o resultado da Revolução Digital. Porém, como foi dito anteriormente, há uma grande parcela da população brasileira que está à margem dessa Revolução. É justamente para os alunos que estão entre os excluídos digitais que a escola e o professor representam uma oportunidade de inclusão.
         No entanto, práticas educativas que utilizem de forma sistemática e efetiva as novas tecnologias são tímidas e insuficientes. Os obstáculos para uma nova forma de ensinar começam nos cursos de formação de professores e depois na formação continuada dos mesmos.  A Era Digital exige profissionais capacitados para ensinar tanto àqueles que sabem mais (os nativos digitais) quanto àqueles que estão excluídos digitalmente. Mas, até agora, parece que as escolas em geral não têm dado conta do recado.
         O desafio é enorme. Mas não podemos desconsiderar o fato de que o modelo de escola que temos, com práticas de ensino que remetem ao século XIX, está ultrapassada, fadada ao fracasso e precisa ser superada. Se o que almejamos é diminuir a desigualdade social e formar cidadãos conscientes, atuantes, capacitados para enfrentar um mundo exigente, precisamos urgentemente transformar nossa prática educativa, utilizando as novas tecnologias efetivamente no dia a dia da escola. É óbvio que a escola e o professor sozinhos não farão nenhum milagre, visto que é a própria exclusão social que provoca a exclusão digital. Mas todo esforço é válido. Dessa forma, estaremos contribuindo para a inclusão digital e melhorando a aprendizagem dos nossos alunos.




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