Acordei, numa manhã qualquer, com um desejo incrível de salvar o mundo. A rotina, o trabalho aparentemente comum, a falta de perspectivas levaram-me a e ter essa vontade irresistível, no melhor estilo "we are the world, we are the children".
Acessei a organização Médico Sem Fronteiras. Poderia trabalhar como voluntária em algum país miserável da Africa, deleitando-me com a possibilidade de exultar minhas nobres virtudes altruísticas. Grande surpresa ao descobrir que auréola de santa e disposição para atravessar o Oceano Atlântico não bastavam, para integrar tal equipe era necessária certa formação (medicina, psicologia, enfermagem). Além disso, deveria enfrentar uma seleção, caso fosse habilitada para tal desafio. Pois bem, desisti.
Restava enfrentar meu mundinho, a escola. Eis que naquela tarde, como de costume, sou recepcionada com um beijo melado, no pátio do colégio, pela aluna Caroline. Ela mora, juntamente com sua mãe e três irmãos (e mais um a caminho) numa modesta casinha de três cômodos, sendo que nenhum tem cama, e todos se ajeitam como podem em apenas um colchão. Caroline tem deficiência mental leve e no início do ano letivo era incapaz de pular corda. Apesar do meu empenho e incentivo, a menina ficava sorrindo com olhar distante e movia minimamente os pés. Porém, depois de alguns meses, com insistência (e persistência) a menina conseguia pular coordenadamente contando até dez. Talvez por isso ela viesse todos os dias saudar-me com um beijo, como se declarasse que fiz algo de bom, de importante, por ela.
Essa aluna mostrou-me que posso mudar o mundo diariamente, nos pequenos gestos que por vezes passam despercebidos. Que médicos sem fronteiras, que nada. Dá uma corda pra cá que eu faço a minha parte!
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