quarta-feira, 26 de julho de 2017

A pesquisa que é realidade



               
Recentemente foi divulgado um estudo que detectou a deficiência na educação gaúcha. O projeto Gestão Pública Eficaz, do Sescon/RS, mostrou que o Rio Grande do Sul vem investindo pouco na área. Segundo informações do Jornal Correio do Povo do dia 23/07/2017, em 2005 o Estado era o quinto colocado no ranking nacional, ao final do quinto ano do Ensino Fundamental. Em 2015, passou para a nona colocação. 

  Como sempre, por trás dos números e estatísticas das pesquisas há gente bem real e histórias concretas. Pergunte a um professor da rede pública estadual  como estão as escolas e o nível do ensino em geral e terá como resposta muitos exemplos do cotidiano. Tenho um: a última vez que consegui utilizar computadores e internet na escola, para dar aulas, foi em  2014. Existe a falta de conexão com a internet em muitas realidades. Quando há conexão, temos pouca velocidade e uma rede que não comporta vários PCs acessando vídeos, jogos, pesquisando, ao mesmo tempo. Ou então, como é o caso da escola onde estou agora, há uma boa conexão, mas os computadores da sala de informática não podem ser ligados, pois há um problema na rede elétrica e estamos sujeitos a curtos circuitos e incêndios a qualquer momento. Detalhe: a  escola passou por uma reforma recentemente, na qual toda a rede elétrica foi substituída. Ou seja: recursos mal aplicados.  
         
Apenas o fato de eu, em pleno 2017, estar falando sobre "salas de informática", já denota a defasagem do nosso ensino e o atraso da educação brasileira, pois essa ideia de precisar deslocar a turma para outro ambiente, para que então se possa fazer uso dos recursos da tecnologia, é ultrapassada. Deveríamos ter acesso a internet, celulares, tablets, notebooks, em todos os espaços escolares. Não precisamos entrar na discussão de se isso é bom ou ruim: há pesquisas recentes que afirmam que o excesso de tecnologia no ensino é prejudicial e não benéfico. Portanto, cabe ao professor ser coerente e utilizar sabiamente os recursos disponíveis.  


A questão é outra: temos problemas de estrutura, de acesso, de organização do espaço escolar. E de prioridades de quem governa. Uma colega que trabalha na rede municipal de uma cidade vizinha a nossa relatou recentemente que na sua escola há um notebook com lousa digital instalada em cada sala de aula. É só chegar e usar. Bem diferente das escolas estaduais gaúchas, a minha por exemplo, onde só temos uma lousa digital, que precisa ser previamente preparada,  reservada, para ser utilizada. 

Tenho alunos com dificuldades enormes para ler, escrever, calcular. Gostaria muito de utilizar os recursos pedagógicos que só a tecnologia pode oferecer. jogos, leituras interativas, pesquisas, criação de vídeos, gravação de áudios... Sem falar que muitas crianças, a grande maioria, na verdade, não tem acesso à internet e ao computador em suas residências. Infelizmente, parece que isso está longe de acontecer, ao menos aqui no nosso RS.

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