Recentemente foi
divulgado um estudo que detectou a deficiência na educação gaúcha. O projeto
Gestão Pública Eficaz, do Sescon/RS, mostrou que o Rio Grande do Sul vem
investindo pouco na área. Segundo informações do Jornal Correio do Povo do dia 23/07/2017,
em 2005 o Estado era o quinto colocado no ranking nacional, ao final do quinto
ano do Ensino Fundamental. Em 2015, passou para a nona colocação.
Como sempre, por trás dos números
e estatísticas das pesquisas há gente bem real e histórias concretas. Pergunte
a um professor da rede pública estadual
como estão as escolas e o nível do ensino em geral e terá como resposta
muitos exemplos do cotidiano. Tenho um: a última vez que consegui utilizar
computadores e internet na escola, para dar aulas, foi em 2014. Existe a falta de conexão com a internet
em muitas realidades. Quando há conexão, temos pouca velocidade e uma rede que
não comporta vários PCs acessando vídeos, jogos, pesquisando, ao mesmo tempo.
Ou então, como é o caso da escola onde estou agora, há uma boa conexão, mas os
computadores da sala de informática não podem ser ligados, pois há um problema
na rede elétrica e estamos sujeitos a curtos circuitos e incêndios a qualquer
momento. Detalhe: a escola passou por
uma reforma recentemente, na qual toda a rede elétrica foi substituída. Ou
seja: recursos mal aplicados.
Apenas o fato de eu, em pleno
2017, estar falando sobre "salas de informática", já denota a
defasagem do nosso ensino e o atraso da educação brasileira, pois essa ideia de
precisar deslocar a turma para outro ambiente, para que então se possa fazer
uso dos recursos da tecnologia, é ultrapassada. Deveríamos ter acesso a
internet, celulares, tablets, notebooks, em todos os espaços escolares. Não
precisamos entrar na discussão de se isso é bom ou ruim: há pesquisas recentes
que afirmam que o excesso de tecnologia no ensino é prejudicial e não benéfico.
Portanto, cabe ao professor ser coerente e utilizar sabiamente os recursos
disponíveis.
A questão é outra: temos
problemas de estrutura, de acesso, de organização do espaço escolar. E de prioridades de quem governa. Uma colega
que trabalha na rede municipal de uma cidade vizinha a nossa relatou
recentemente que na sua escola há um notebook com lousa digital instalada em
cada sala de aula. É só chegar e usar. Bem diferente das escolas estaduais
gaúchas, a minha por exemplo, onde só temos uma lousa digital, que precisa ser
previamente preparada, reservada, para
ser utilizada.
Tenho alunos com dificuldades
enormes para ler, escrever, calcular. Gostaria muito de utilizar os recursos
pedagógicos que só a tecnologia pode oferecer. jogos, leituras interativas,
pesquisas, criação de vídeos, gravação de áudios... Sem falar que muitas
crianças, a grande maioria, na verdade, não tem acesso à internet e ao
computador em suas residências. Infelizmente, parece que isso está longe de
acontecer, ao menos aqui no nosso RS.
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