Raquel Pacheco, mais conhecida como Bruna Surfistinha, como todos sabem, é uma ex-prostituta que alcançou a fama ao criar um blog, posteriormente transformado em livro, relatando suas peripécias sexuais no mundo da prostituição. "O Doce Veneno do Escorpião" vendeu 250 mil cópias só no Brasil, fazendo sucesso também em Portugal e na Espanha. Além disso, virou filme, estrelado pela atriz global Débora Secco.
Sexo, prostituição e pornografia são assuntos que repercutem e dão muito dinheiro.Não é à toa que livros, filmes e principalmente programas de TV estão recheados deles. E não só no Brasil: em 2011,"50 Tons de Cinza" vendeu cerca de dez milhões de cópias nas primeiras seis semanas de divulgação, (um romance no melhor estilo água com açúcar que tenta parecer ousado abordando o sadomasoquismo), alcançando o topo das listas de mais vendidos, aqui e no exterior.
Aliás, o ranking de mais vendidos da Revista Veja dá uma dimensão da literatura consumida em nosso país. O tema religião está presente em muitas obras do gênero não-ficção. Autores como Padre Marcelo Rossi, Fábio de Mello e o Bispo Edir Macedo vendem muito. Sim, Macedo, o proprietário da Rede Record e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, emplacou o primeiro lugar da lista este ano, com seu "Nada a Perder 2". Ele, que costuma persuadir seus fiéis seguidores a pagar o dízimo com frases do tipo "ou dá ou desce". Este senhor e os padres citados diferem da "escritora" Bruna não apenas na temática escolhida para suas obras. Antes de publicarem, eram eles pessoas já bem conhecidas, até mesmo famosas (e poderosas, no caso do bispo), diferentemente da ex-prostituta. Quando alguém compra um livro deles, está automaticamente (ainda que inconscientemente) comprando um nome, um personagem, ou melhor, a imagem que tem do autor. O conteúdo, as ideias, são aspectos secundários.
Pois é. Na terra de Valeska Popozuda e Bárbara Evans, no país em que, no passado recente, o programa de maior audiência veiculado pela TV aberta aos domingos era "A Banheira do Gugu", num lugar no qual o concurso "Miss Bumbum" é um evento anual alardeado pela mídia, só mesmo sendo Bruna Surfistinha para passar do anonimato total à posição de escritora best-seller. Que inveja!
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