domingo, 10 de novembro de 2013

Teoria que amanhece o dia e (quase) vira poesia

          Albert Einstein acordou, numa determinada manhã, em 1905, com vontade de criar. Parece que foi assim: " Relatividade? Como não pensei nisso antes?" E elaborou a revolucionária Teoria da Relatividade. Dizem que com Newton e Darwin foi igual.
         A ideia acima é totalmente surreal, absurda e inventada. Mas não podemos negar que existem pessoas que, mesmo inconscientemente, acreditam nela. Como se teoria fosse sinônimo de inspiração mágica. E algo bem enfadonho. Quando o cérebro dessas pessoas decodifica a palavrinha de seis letras - teoria - a memória que emerge é a do professor mais chato da época da Universidade. Portanto, teoria é um mal desnecessário e totalmente dispensável. Coisa de quem não tem o que fazer, ou melhor, tem tempo de sobra. Chega-se ao discurso: "Já conhecemos a teoria. Ela não serve para nada. Vamos à prática."
         E o que é a prática? As pessoas, as coisas, os objetos, os animais, acontecimentos ou fatos: o mundo, enfim. O mundo é a prática. A teoria busca explicar o mundo; logo, tenta compreender o que está nele.
        Aqui aparece a turma que gosta de explicar: os teóricos. São muitas questões para responder. Os mais ambiciosos ou profundos querem descobrir se Deus existe ou provar a origem da vida. Há os que buscam compreender a lógica por trás do consumismo. Tem os que indagam o futuro da escola, do livro e da família. E, como não poderia deixar de ser, os mistérios cotidianos também provocam. Por exemplo, por que motivo o Totozinho fica dando voltinhas no mesmo lugar antes de deitar e dormir?
          Mas há algo em comum em todas as teorias. Busca-se o entendimento do mundo. Muitas delas causaram (e causam) mudanças incontestáveis. São as teorias revolucionárias, resultantes de inspiração, sim, mas que sem trabalho e esforço, não vingariam. O próprio Einstein, em sua célebre frase, disse:
"O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário." Mas também conhecemos outros exemplos totalmente absurdos, frutos de pesquisas desnecessárias, que mais complicam do que explicam.
         Porém, ao contrário do que alguns pregam, as teorias são necessárias. Mais que isso: são fundamentais. Não caem do céu, nem surgem do nada. Demandam empenho, dedicação, seriedade, inovação e ousadia. Podem até ser contestadas, mas não negadas.
         Na época em que vivemos, reina a superficialidade. Estamos cada vez mais nos habituando ao conhecimento fragmentado, ao efêmero. Poucas pessoas se aventuram na complexidade teórica. Basta ter um perfil no Facebook, acompanhar as novelas, conversar sobre a nova moda para o verão ou lançamentos automotivos. Qualquer discussão mais aprofundada é evitada. Dá a impressão que a palavrinha de seis letras tem um link direto no cérebro de alguns, que direciona para outra palavra - chatice. 
        Epa! Melhor parar, ou corro o risco de criar algo memorável. Desconfio de que fui contaminada com o vírus da teoria que amanhece o dia. Amanheci assim, criando teoria, da noite pro dia. Seria esquizofrenia? Ainda que tardia? Agora chega, já está virando poesia.

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