sexta-feira, 25 de julho de 2014

O melhor presente que uma criança pode ganhar



                No dia 26 de julho comemora-se o Dia da Avó. Não é uma data muito lembrada. Uma pena, pois as avós merecem todo o nosso carinho e respeito sempre. Costumo dizer que meus dois filhos são muito sortudos por terem nascido e crescido com o carinho e presença de duas mulheres extraordinárias.
            Dizem que amor de avó estraga porque é demais. Amor em exagero não faz mal nenhum. Pelo contrário, ajuda a criar crianças felizes. Esse sentimento inicia antes mesmo do nascimento dos netos: a preparação de cada detalhe, a expectativa, as preocupações. Depois, essas senhoras não medem esforços para ajudar em tudo. Minha mãe, já com seus setenta e poucos anos, saía de casa todas as tardes, subia vários andares para chegar ao meu apartamento, durante semanas, para banhar o bebê que eu, mãe insegura e inexperiente, temia afogar na banheira. Ou então a sogra, que segurava corajosamente uma mamadeira e tentava alimentar o neto ( que só queria saber de peito), enquanto eu assistia às aulas na faculdade.
           Santo de casa não faz milagre? Pois as avós fazem! É aquele truque infalível, a receitinha caseira, o segredo aprendido com outras mulheres tão ou mais sábias que elas: o paninho quente na barriga para aliviar cólica, o cafuné no pescoço que faz aquela criaturinha que chorou a noite toda pegar no sono e dormir por três ou quatro horas seguidas... Que alívio!
          Há quem diga que não existe lugar melhor que nosso lar. Existe: a casa da avó. Ou, mais especificamente, a cozinha dela, de onde saem aromas que o olfato jamais esquecerá. E o gostinho caseiro do amor verdadeiro, que também nos acompanhará vida afora, com aquela nostalgia, uma saudade eterna, das tardes mais felizes de nossa infância... Ou da infância dos nossos filhos, caso sejam presenteados pela vida com esses seres fantásticos que são as avós. Vida longa para todas elas!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Partiu Finlândia!




      Igualdade social, estabilidade econômica, pouca violência e criminalidade, serviços públicos de qualidade e o melhor ensino do mundo. A Finlândia, país localizado no norte da Europa, parece ter descoberto a fórmula mágica para que os alunos  tenham sucesso na escola. No topo do ranking das mais importantes avaliações mundiais da educação, o país serve de modelo para outros que, como o Brasil, demonstram uma dificuldade histórica para obter êxito nas salas de aula.
       Obviamente, trata-se de uma cultura distinta da nossa, na qual a educação é muito valorizada. Esse é o primeiro ponto: para ser professor na Finlândia é necessário ser muito bom: as vagas nos cursos de formação desses profissionais são mais disputadas do que os cursos de Medicina. A formação é sólida, existindo inclusive uma espécie de “residência docente” que proporciona contato com a realidade da sala de aula durante o curso de graduação. No vídeo "Destino: Educação - Finlândia" o diretor de uma escola finlandesa afirma que há confiança nos profissionais formados e em suas capacidades, por isso os  mesmos têm liberdade ao elaborar seus planos de ensino ( dentro das diretrizes nacionais); não há sistema de controle nesse sentido. Há cronogramas, objetivos e conteúdos, mas cabe a cada professor escolher o que é melhor para seus alunos.
           Um ponto extremamente importante é que os alunos com desempenho mais “fraco” não são deixados de lado: para esses, existem as aulas de apoio, em turmas paralelas. Nada diferente do que é previsto no Brasil: o diferencial é que lá as aulas realmente acontecem e são ministradas por profissionais destinados exclusivamente para isso.
         Os alunos não se sentem pressionados e não há competição para ser o melhor (apesar de haver notas e provas, que são realizadas para esclarecer o aprendizado e reorganizar o trabalho docente, se necessário, e não para julgar ou classificar os alunos).
     O Diário do Centro do Mundo (http://www.diariodocentrodomundo.com.br), num artigo de Paulo Nogueira, destaca alguns pontos básicos do sistema finlandês:

1)Todas as crianças têm direito ao mesmo ensino. Não importa se é o filho do premiê ou do porteiro.
2)Todas as escolas são públicas, e oferecem, além do ensino, serviços médicos e dentários, e também comida.
3) Os professores são extraídos dos 10% mais bem colocados entre os graduados.
4) As crianças têm um professor particular disponível para casos em que necessitem de reforço.
5) Nos primeiros anos de aprendizado, as crianças não são submetidas a nenhum teste.
6) Os alunos são instados a falar mais que os professores nas salas de aula. (Nos Estados Unidos, uma pesquisa mostrou que 85% do tempo numa sala é o professor que fala.)
        Evidente que não se trata de copiar um modelo de fora, inserido numa realidade bem diferente da brasileira. Mas bons exemplos precisam ser divulgados, discutidos, analisados, apreendidos e, por que não, adaptados?

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Deixem as crianças em paz! Só que não...



 

         Segui a indicação de uma colega e assisti ao documentário “A educação proibida” acreditando que seria algo inovador e impactante. No entanto, constatei que muito daquilo mostrado no vídeo não era novidade para quem cursou Pedagogia e leu alguns livrinhos básicos. Apesar de concordar com muitas declarações dos especialistas e educadores que se manifestam a favor de uma educação diferente, libertadora, humanista, discordo em alguns pontos.  Ao final do documentário a mensagem que fica é: deixem as crianças em paz! Preocupante. Isso lembra o papel do construtivismo na educação brasileira: por ter sido concebido erroneamente durante muitos anos como um método (o que não é; trata-se de uma teoria do conhecimento que tenta explicar como a criança constrói o conhecimento) pretensamente adotado e incorporado (muitas vezes apenas no discurso) de professores e escolas em nosso país, agora é visto como o vilão e culpado do fracasso da escola pública brasileira. Educadores desavisados ou que levem ao “pé da letra” o que o documentário coloca como a educação ideal podem apenas piorar o que está péssimo. Sem dizer que a forma estereotipada e caricata como a figura do professor é evidenciada nas imagens chega a ser ridícula. Recuso-me a acreditar que ainda existam professores tão repressores.  Alguns trechos lembram nitidamente o clipe da música Another Brick in The Wall, do Pink Floyd, lançado há mais de 30 anos (a cena dos alunos sentados nas carteiras, lado a lado, em cima da esteira... seria plágio?) Aliás, a letra dessa música combina bem com as ideias expostas no filme:

Outro Tijolo No Muro (parte 2)


Nós não precisamos de nenhuma educação
Nós não precisamos de nenhum controle de pensamento
Nenhum humor negro na sala de aula
Professores, deixem as crianças em paz
Ei! Professor! Deixe as crianças em paz!
Contudo, é apenas outro tijolo no muro
Contudo, você é apenas outro tijolo no muro

"Errado, faça de novo!"
"Errado, faça de novo!"

          Enfim, parece que basta deixar as crianças abandonadas à própria sorte (sementinhas?), evitando regras, disciplina, objetivos, programas, currículo... Nada contra a felicidade dos alunos e a alegria da descoberta. Na Escola da Ponte, em Portugal, deu certo. Mas sabemos que, sem um mínimo de esforço e planejamento, a coisa não funciona. Estimular a criatividade, a iniciativa e a ação do educando, tudo bem, mas o papel do professor como mediador é essencial.
         Compreender a forma como a criança aprende, entender que ela vê o mundo de uma forma diferente (e respeitar isso) é uma coisa. Mas deduzir que expor o aluno ao objeto do conhecimento e imaginar que ele irá apropriar-se do mesmo de uma forma natural, quase “mágica”, é outra coisa bem diferente. Vejamos o exemplo de crianças que chegam à escola já sabendo ler. Dependendo do ambiente e estímulos aos quais estão expostas isso é possível. No entanto, há aquelas que só aprendem mediante a intervenção de um adulto. E mesmo as que chegam lendo, necessitam avançar em questões referentes à grafia convencional das palavras, do sentido do texto, etc. Obviamente que as atividades podem ser organizadas de forma lúdica, mas atentando para objetivos e finalidades que são definidos anteriormente. 
        Um dos méritos de "A educação proibida" é o de fornecer algumas respostas para o  fracasso do Ensino Médio "Inovador" Politécnico adotado nas escolas estaduais do RS. Alunos passam oito ou nove anos dentro da escola aprendendo a reproduzir conceitos, memorizar fórmulas, estudar para passar de ano (algo que fica explícito no documentário, e, temos de concordar, acontece em grande parte do sistema educacional). Quando ingressa no Ensino Médio, esse mesmo aluno recebe de "presente"  (de grego) a liberdade para investigar, descobrir e aprender sobre aquilo que lhe interessa (através de projetos). Agora pedem que o aluno seja um pesquisador e aja com autonomia. Mas esquecem que até ali ninguém o ensinou a fazer isso. E aí nascem as falhas que tornam essa concepção de ensino destinada ao fracasso (nesse contexto), desinteresse... Na fala de muitos alunos e professores: uma "matação" de tempo!
       Na próxima postagem falarei sobre outro documentário que considero muito mais interessante e pertinente ao contexto da educação brasileira atual.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Aprendendo com os alemães




        A derrota brasileira para a Alemanha suscita inúmeros debates na imprensa mundial. Apesar da fama de melhores do mundo, perdemos de forma humilhante, em nossa própria casa. A derrota era um tanto perceptível,tendo em vista o desempenho dos atletas brasileiros nos jogos anteriores.
            Talvez tenhamos aprendido que uma Copa do Mundo  não se ganha apenas com emoção, hino entoado aos prantos, sorte ou “futebol arte” (se  é que isso ainda existe). Uma disputa de tal importância se ganha com objetividade,organização, disciplina e planejamento.
          Não deixa de ser tentador fazer uma analogia entre futebol e educação, para comparar Brasil e Alemanha. Sabemos o quanto a nossa educação é fraca,deficiente, insatisfatória. Apesar disso, seguimos otimistas, apostando na boa vontade ou sorte, buscando motivações externas para mudar tal realidade (assim como fez Felipão, motivando os jogadores,mas não agindo como um técnico com objetivos e táticas eficientes). E os resultados pífios do Brasil repetem-se, ano após ano, como podemos comprovar no teste de PISA – avaliação internacional que mede a qualidade da educação em vários países. Nosso ex- ministro da Educação, Fernando Haddad, chegou a afirmar, na época, diante dos índices alarmantes demonstrados pelos estudantes brasileiros, que “A foto é ruim, mas o filme é muito bom”. Isso para explicar que havia evolução, mesmo que medíocre (isso não lembra as declarações de Felipão sobre nossa seleção nos jogos da Copa 2014?) Ou seja, tá ruim, mas tá bom,né?
            Pois bem. E os alemães? Em 2000, os estudantes da Alemanha ficaram em 21º lugar entre 31 países no referido teste, resultado não tão preocupante, porém encarado por eles como inaceitável. E as medidas necessárias para avançar em educação devem ter sido tomadas, já que no último teste o país ficou acima da média dos países da OCDE (12º em Ciências, 16º em Matemática e 19º em Leitura). Devem ter feito algo parecido com o que demonstraram em campo, não só contra o Brasil, mas combatendo as demais seleções durante os jogos da Copa: determinação, objetividade, disciplina, tática. Talvez o exemplo da Alemanha nesse mundial nos sirva de lição, não apenas dentro de campo, mas também fora dele: nas escolas desse nosso Brasil imenso que tanto necessita avançar.

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