Segui a indicação de uma colega e assisti ao documentário “A educação proibida” acreditando que seria algo inovador e impactante. No entanto, constatei que muito daquilo mostrado no vídeo não era novidade para quem cursou Pedagogia e leu alguns livrinhos básicos. Apesar de concordar com muitas declarações dos especialistas e educadores que se manifestam a favor de uma educação diferente, libertadora, humanista, discordo em alguns pontos. Ao final do documentário a mensagem que fica é: deixem as crianças em paz! Preocupante. Isso lembra o papel do construtivismo na educação brasileira: por ter sido concebido erroneamente durante muitos anos como um método (o que não é; trata-se de uma teoria do conhecimento que tenta explicar como a criança constrói o conhecimento) pretensamente adotado e incorporado (muitas vezes apenas no discurso) de professores e escolas em nosso país, agora é visto como o vilão e culpado do fracasso da escola pública brasileira. Educadores desavisados ou que levem ao “pé da letra” o que o documentário coloca como a educação ideal podem apenas piorar o que está péssimo. Sem dizer que a forma estereotipada e caricata como a figura do professor é evidenciada nas imagens chega a ser ridícula. Recuso-me a acreditar que ainda existam professores tão repressores. Alguns trechos lembram nitidamente o clipe da música Another Brick in The Wall, do Pink Floyd, lançado há mais de 30 anos (a cena dos alunos sentados nas carteiras, lado a lado, em cima da esteira... seria plágio?) Aliás, a letra dessa música combina bem com as ideias expostas no filme:
Outro Tijolo No Muro (parte 2)
Nós não precisamos de nenhuma educação
Nós não precisamos de nenhum controle de pensamento
Nenhum humor negro na sala de aula
Professores, deixem as crianças em paz
Ei! Professor! Deixe as crianças em paz!
Contudo, é apenas outro tijolo no muro
Contudo, você é apenas outro tijolo no muro
"Errado, faça de novo!"
"Errado, faça de novo!"
Nós não precisamos de nenhum controle de pensamento
Nenhum humor negro na sala de aula
Professores, deixem as crianças em paz
Ei! Professor! Deixe as crianças em paz!
Contudo, é apenas outro tijolo no muro
Contudo, você é apenas outro tijolo no muro
"Errado, faça de novo!"
"Errado, faça de novo!"
Enfim, parece que basta deixar as crianças abandonadas à
própria sorte (sementinhas?), evitando regras, disciplina, objetivos,
programas, currículo... Nada contra a felicidade dos alunos e a alegria da
descoberta. Na Escola da Ponte, em Portugal, deu certo. Mas sabemos que, sem um mínimo de esforço e planejamento, a coisa
não funciona. Estimular a criatividade, a iniciativa e a ação do educando, tudo
bem, mas o papel do professor como mediador é essencial.
Compreender a forma como a criança aprende, entender que ela vê o mundo de uma forma diferente (e respeitar isso) é uma coisa. Mas deduzir que expor o aluno ao objeto do conhecimento e imaginar que ele irá apropriar-se do mesmo de uma forma natural, quase “mágica”, é outra coisa bem diferente. Vejamos o exemplo de crianças que chegam à escola já sabendo ler. Dependendo do ambiente e estímulos aos quais estão expostas isso é possível. No entanto, há aquelas que só aprendem mediante a intervenção de um adulto. E mesmo as que chegam lendo, necessitam avançar em questões referentes à grafia convencional das palavras, do sentido do texto, etc. Obviamente que as atividades podem ser organizadas de forma lúdica, mas atentando para objetivos e finalidades que são definidos anteriormente.
Um dos méritos de "A educação proibida" é o de fornecer algumas respostas para o fracasso do Ensino Médio "Inovador" Politécnico adotado nas escolas estaduais do RS. Alunos passam oito ou nove anos dentro da escola aprendendo a reproduzir conceitos, memorizar fórmulas, estudar para passar de ano (algo que fica explícito no documentário, e, temos de concordar, acontece em grande parte do sistema educacional). Quando ingressa no Ensino Médio, esse mesmo aluno recebe de "presente" (de grego) a liberdade para investigar, descobrir e aprender sobre aquilo que lhe interessa (através de projetos). Agora pedem que o aluno seja um pesquisador e aja com autonomia. Mas esquecem que até ali ninguém o ensinou a fazer isso. E aí nascem as falhas que tornam essa concepção de ensino destinada ao fracasso (nesse contexto), desinteresse... Na fala de muitos alunos e professores: uma "matação" de tempo!
Compreender a forma como a criança aprende, entender que ela vê o mundo de uma forma diferente (e respeitar isso) é uma coisa. Mas deduzir que expor o aluno ao objeto do conhecimento e imaginar que ele irá apropriar-se do mesmo de uma forma natural, quase “mágica”, é outra coisa bem diferente. Vejamos o exemplo de crianças que chegam à escola já sabendo ler. Dependendo do ambiente e estímulos aos quais estão expostas isso é possível. No entanto, há aquelas que só aprendem mediante a intervenção de um adulto. E mesmo as que chegam lendo, necessitam avançar em questões referentes à grafia convencional das palavras, do sentido do texto, etc. Obviamente que as atividades podem ser organizadas de forma lúdica, mas atentando para objetivos e finalidades que são definidos anteriormente.
Um dos méritos de "A educação proibida" é o de fornecer algumas respostas para o fracasso do Ensino Médio "Inovador" Politécnico adotado nas escolas estaduais do RS. Alunos passam oito ou nove anos dentro da escola aprendendo a reproduzir conceitos, memorizar fórmulas, estudar para passar de ano (algo que fica explícito no documentário, e, temos de concordar, acontece em grande parte do sistema educacional). Quando ingressa no Ensino Médio, esse mesmo aluno recebe de "presente" (de grego) a liberdade para investigar, descobrir e aprender sobre aquilo que lhe interessa (através de projetos). Agora pedem que o aluno seja um pesquisador e aja com autonomia. Mas esquecem que até ali ninguém o ensinou a fazer isso. E aí nascem as falhas que tornam essa concepção de ensino destinada ao fracasso (nesse contexto), desinteresse... Na fala de muitos alunos e professores: uma "matação" de tempo!
Na próxima postagem falarei sobre outro documentário que
considero muito mais interessante e pertinente ao contexto da educação brasileira atual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário